Cláudia Danienne (*)
Lidando com Gente & Gestão há mais de 25 anos, me permito algumas inferências sobre líderes e LÍDERES. Isto mesmo, com letra maiúscula propositalmente. Final de ano e início de novo ciclo, 2024 já está aqui! E, uma análise focada no que passou pode ser um gatilho estimulante para novos rumos no próximo ano.
Parece operacional, primário? Faça um rápido exercício mental e evoque a lembrança se em seu network ou na própria empresa que trabalha, conhece alguém que representa alguns destes personas:
o líder que percebe o tema como perda de tempo e delega tal questão como incumbência única do RH;
o líder que fica paralisado, debruçado em mea culpa e não avança;
o líder que imputa responsabilidade somente nos outros e não assume corresponsabilidade para mudanças e transformações;
o líder que não percebe valor em ouvir e engajar outros neste propósito de antever best practices para 2024;
o líder que precisa de um antídoto para tomar decisão e bancar um funding exclusivo para estratégias ligadas a pessoas.
Seriam tantas personas que não caberiam em único artigo. Este exercício individual e coletivo deve ocupar sim as agendas estratégicas, do conselho ao líder situacional, equilibrando a macro temática Gente & Finanças. Não são dissociados, são temas sinérgicos quando tratados como investimento. Ainda há tempo, invista nesta pauta. Provocar gradativamente e revisitar o planejamento, já será um caminho.
Infelizmente, ainda notamos uma distorcida proporcionalidade de iniciativas no BP que valorizam e priorizam outras temáticas. E, pior, com a narrativa: se der, poderemos alocar um percentual para o “resto”. Atenção para essa palavra, pois, muitas das vezes envolve a questão do olhar medíocre do líder que pensa que o tema PESSOAS se enquadra neste conceito. É de arrepiar, mas, sabemos que acontece.
Seja protagonista de mudar este modelo mental, tanto nos conselhos quanto em diferentes hierarquias organizacionais. Desta forma, 2024 pode ser um ano diferente. Fomente diálogos lúcidos a respeito. Busque estratégias que sejam transformadoras das experiências de seus times e, acredite, seu negócio será percebido de outra maneira.
Importe-se com stakeholders. Manifeste interesse em ouvir, avalie outros players, seja humilde e tenha atitude para implantar sem procrastinar. Lembre líder, ESG não é um modismo e que “gente” faz acontecer essa agenda.
Antecipar estratégias disruptivas em gestão de pessoas para 2024 requer considerar tendências emergentes, mudanças no cenário global. Perceba o nível de maturidade organizacional que você se encontra, cada Organização está em uma fase mercadológica e, portanto, são cabíveis diferentes investimentos em sintonia com a cultura corporativa e o tipo de core business.
Aqui, endereço macro temas disruptivos para 2024, para você provocar impactos no que tange a experiências de valor:
-Inteligência artificial e análise preditiva na tomada de decisões – Gente que saiba incorporar algoritmos de IA e análise preditiva para tomar decisões mais informadas sobre recrutamento, desenvolvimento e retenção de talentos. Utilizando dados para prever tendências de desempenho e identificando oportunidades de desenvolvimento individualizado. Uso da tecnologia como uma força aliada e JAMAIS excludente do humano.
-Plataformas de Desenvolvimento Contínuo – Implementação de plataformas digitais que oferecem experiências de aprendizado personalizadas e contínuas para os colaboradores. Adoção de abordagens inovadoras, como: microlearning e gamificação, para tornar o desenvolvimento de habilidades mais eficaz e envolvente.
-Gestão de Desempenho Ágil – Transição de avaliações de desempenho anuais e engessadas para processos mais ágeis e contínuos. Foco em feedback em tempo real e abordagens mais colaborativas para melhorar o desempenho individual e da equipe.
-Modelos Flexíveis de Trabalho – Adoção de modelos como job-sharing, freelancers e equipes remotas distribuídas globalmente. Que tal estruturar políticas formais sobre Work From Anywhere? Ênfase em resultados e metas alcançadas, em vez de horas de trabalho tradicionais.
-Realidade Virtual (VR) para Treinamento e Desenvolvimento – Integração de tecnologias de Realidade Virtual para proporcionar experiências de treinamento imersivas e simuladas. Uso de VR para treinamento em habilidades práticas e para simular ambientes de trabalho específicos.
-Estratégias de Employer Branding 3.0 – Desenvolvimento de estratégias de employer branding mais personalizadas e autênticas. Uso de plataformas de mídia social e tecnologias interativas para construir e comunicar uma cultura organizacional atrativa.
-Liderança Centrada em Habilidades Humanas – Valorização de habilidades humanas, como empatia, inteligência emocional e criatividade na liderança. SOFT SKILLS circulando no DNA corporativo.
Desenvolvimento de programas de liderança que se concentram no aprimoramento dessas habilidades.
-Inclusão e Diversidade como Prioridade – Incorporação de práticas de diversidade e inclusão em todos os aspectos da gestão de pessoas. Implementação de tecnologias que eliminam vieses inconscientes em processos de recrutamento e desenvolvimento.
-Ambiente de Trabalho Positivo – Crie práticas que promovam um ambiente de trabalho saudável e positivo. Invista em iniciativas que fortaleçam o senso de comunidade e colaboração. Estimule a inovação através de programas estruturados que demonstrem a capacidade da empresa de se adaptar, surpreender e evoluir. PRIORIZE a saúde integral dos profissionais, atentando para os aspectos interligados: mental, social, financeiro, físico e espiritual, através de projetos educativos voltados para prevenção, manutenção e bem-estar.
Lembrando que a implementação bem-sucedida de estratégias disruptivas requer uma mentalidade ágil, abertura à experimentação e uma cultura organizacional que valorize a inovação. As empresas que conseguirem antecipar e se adaptar a essas mudanças, podem ter uma vantagem competitiva significativa no mercado de trabalho em 2024.
Caso ainda esteja distante dessas pautas disruptivas, não fique decepcionado. Pelo contrário, faça o básico, mas faça! Invista em pessoas, dialogue a respeito, comece com projetos de baixa complexidade, capilarize a responsabilidade entre líderes e, o mais importante de tudo até aqui, crie CULTURA de GENTE & GESTÃO.
(*) Psicóloga organizacional e empresária especialista em Gente & Gestão, que atua há mais de 25 anos na área de RH no mercado corporativo.