Pollyana Guimarães (*)
Ser um líder excepcional vai muito além de comandar um negócio ou ser responsável por uma equipe brilhante. Conduzir uma empresa rumo ao sucesso requer um conjunto de habilidades técnicas, comportamentais e sociais para gerenciar todos os membros que compõem o ecossistema corporativo, em prol de um relacionamento harmônico e comunicativo para a conquista de resultados excelentes.
Encontrar este perfil pode se tornar uma tarefa difícil, mas indispensável para evitar a contratação de profissionais despreparados para esta missão vital para a prosperidade das companhias – alegoricamente conhecidos como líderes commodities.
Em sua natureza, a commodity representa todos os produtos básicos não industrializados, que não se distinguem independentemente de quem os produziu ou onde foram cultivados, sendo idênticos dentre sua categoria e sem diferenciação de valor. O mercado sempre será repleto destes produtos genéricos e acessíveis para todos – mas, aqueles que forem desenvolvidos em uma maneira exclusiva e personalizada, são capazes de se destacar no mercado e atrair a preferência dos consumidores.
Nesta associação, um líder-commodity, é aquele que possui dificuldade de sair dos padrões tradicionais de liderança e dos comportamentos estabelecidos pela organização, até mesmo por iniciativa própria. Seu trabalho se mantém na zona de conforto do que já conhece, previsível em suas funções e, consequentemente, não assumindo destaque no comando de qualquer projeto implementado internamente.
Porém, em um cenário com mudanças organizacionais intensas e constantes, esse perfil de líder sente cada vez mais dificuldade de fazer a diferença – afinal, não terá a expertise necessária para criar estratégias de destaque, inovar, gerar produtividade ou trazer qualquer resultado positivo para o negócio. Hoje, não há conhecimento técnico que resista à falta de desenvolvimento humano e profissional.
Se esse líder não despertar e continuar alheio às mudanças que estão acontecendo no mundo e nos negócios, continuará repetindo um modelo que não funciona mais e permanecerá estagnado em seu cargo, sem projeções de crescimento.
Quando despreocupado em aprimorar suas habilidades, um líder commodity é passivo diante do propósito da empresa, sem iniciativa para gerar mudanças positivas para o sucesso organizacional e, muito menos, em estimular a criação de um ambiente de trabalho saudável para todos.
Mas, quando consciente de seu papel para a prosperidade do negócio, sua transformação para um líder de excelência o torna uma peça-chave para o engajamento de todos – se tornando uma fonte de inspiração para seus colegas e estimulando o mesmo comportamento de crescimento profissional para todos.
Um bom líder não pode se contentar com conhecimentos básicos provenientes apenas de sua formação, ou não exercitar sua curiosidade e proatividade em aprimorar suas habilidades constantemente. Ele precisa estar emocionalmente pronto e empoderado de si mesmo para se apropriar de tudo o que aprendeu ao longo de sua jornada, de forma que gerencie e conduza todos os times da companhia tornando-os mais produtivos e empenhados em crescer junto com a marca.
Seja por meio de cursos sobre as habilidades que deseja aperfeiçoar, a criação de uma rede de networking, ou do auxílio de uma consultoria especializada no ramo que o ajude a identificar os melhores caminhos a serem seguidos com base em suas metas, quanto mais munido estiver deste conjunto de estratégias, mais seguro se sentirá para tomar decisões assertivas e gerir as equipes criando um clima organizacional muito mais satisfatório.
Os danos que uma liderança commodity pode gerar para a sobrevivência da empresa são severos. Por isso, se torna mandatório o treinamento e capacitação destes profissionais, para que aprimorem suas hard, soft e inner skills em consonância com as urgências do mercado e, principalmente, em uma abordarem pautada no lifelong learning para garantir seu aprendizado constante.
Uma metodologia que, definitivamente, necessita ser aplicada de forma individual com base nas necessidades de cada um, e não em um ensino generalizado com a concessão dos mesmos conteúdos para perfis diferentes. A tendência para se tornar um líder commodity pode também ser detectada antes do profissional ocupar uma posição de liderança, a partir de crenças, visões, comportamentos, hábitos e outras influências remotas de sua vida pessoal.
Em uma autoavaliação deste possível líder, algumas das características mais importantes que ele deve apresentar são: se constrói uma excelência perene entre sua vida pessoal e profissional, se busca a contribuição da sua equipe na definição dos objetivos, e se estimula seus times a alcançar elevados padrões de desempenho constantemente.
Em uma pesquisa conduzida pela consultoria Carvalho e Mello, em parceria com o Instituto da Qualidade e a HGM, 78% das empresas pretendem investir em programas de treinamento de lideranças, por acreditarem que uma gestão de pessoas eficaz impacta positivamente em seus resultados. Um líder commodity é um dos maiores perigos que uma empresa pode ter, representando uma vitrine na qual poucos podem se inspirar.
Mas, um líder de qualidade se torna um imenso espelho, no qual todos o admiram refletindo a imagem profissional que desejam seguir. Ao buscar por um líder excepcional para o seu negócio, é preciso buscar um profissional que preze pelo aprendizado constante, seja proativo e não se conforme com sua zona de conforto, apresentando uma postura ideal para gerir os times e conduzi-los rumo ao sucesso da companhia.
Assim, cabe o alerta: tenha cuidado para não ser mais um commodity no mercado. Isso é, para manter um time engajado, é fundamental ir além do básico, se permitindo explorar e aprimorar estratégias que visem o benefício da equipe como um todo, rumo a um crescimento e desempenho favorável. Até porque, são as tentativas e erros, que resultam nos acertos.
(*) – É idealizadora da Evoluzi, empresa de curadoria de treinamentos corporativos (https://evoluzi.com.br/).