Que a pandemia da Covid-19 fez com o que a humanidade repensasse suas ações não restam dúvidas. A área profissional, principalmente, foi uma das mais impactadas. Uma pesquisa realizada pela Microsoft – Work Trend Index 2021, realizada ao redor do mundo, com 30 mil pessoas em 31 países, mostra que 40% dos trabalhadores pensam em deixar seus trabalhos ainda neste ano.
Eles fazem parte da chamada geração YOLO – da tradução livre: “Você só vive uma vez”, que atinge jovens nascidos entre 1981 e 1995. Na América Latina, esse número sobe para 53%. “Esses trabalhadores fazem parte do fenômeno YOLO e começaram a repensar o estilo de vida durante a pandemia do coronavírus, principalmente em virtude do esgotamento digital e o isolamento social deflagrados pelo trabalho remoto”, explica Luciane Orlando, Doutora, Mestre e psicóloga pela PUC-Campinas e consultora executiva sênior da Thomas Case & Associados.
São jovens adultos que, com a pandemia, pensam mais em empreendedorismo com propósito e mais oportunidades de viver momentos de qualidade com a família, flexibilidade de horários e autocuidado. Esse efeito já é visto no Brasil. Um levantamento do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual) revela um aumento de 41,9% de registros de novas marcas, de julho de 2020 a julho de 2021.
O empreendedorismo é uma das escolhas mais comuns de quem busca a mudança de vida e autonomia.
Foi o que ocorreu com a administradora Janaina Degani Berlandi, de 39 anos. Após 16 anos de carreira executiva no setor financeiro, entendeu na pandemia que era hora de mudar. Trabalhando de casa, com três filhos e o marido, viu a necessidade de obter mais tempo com a família. “Vi o quanto perdi com meus filhos e família me dedicando a vida corporativa. Foi então que busquei a transição de carreira”, revela. A empreendedora apostou na moda, um setor que sempre gostou. Durante a vida corporativa, viveu momentos em que a roupa era questionada.
“Eu vivi fases em que a minha roupa era analisada e sempre me senti incomodada com isso. Foi então que desenvolvi minha loja online unindo a paixão por moda e o propósito de que as mulheres podem e devem usar as roupas que quiserem sem serem julgadas por isso”, explica. Janaina investiu R$ 14 mil em estoque, abriu um perfil nas redes sociais, um e-commerce e começou a estudar em paralelo a carreira executiva. Em dezembro de 2020 abriu o negócio.
“Investi em produto e conhecimento de marketing de internet, além disso, eu tinha uma reserva guardada para conseguir me manter um tempo, já pensando em sair do trabalho corporativo em seis meses. Mas deu certo: quando vi, já tinha mais de 80 mil seguidores, era buscada por famosas e a minha loja faturava R$ 50 mil por mês. Foi então que pedi as contas antes do previsto e me joguei de vez no negócio”, diz.
Hoje, com a Debella Modas Janaina fatura mais de R$ 350 mil por mês, tem dez funcionários, e abrirá duas lojas físicas até outubro.
A empreendedora comemora: “Além do sucesso da loja, é satisfatório empregar pessoas, fazer a economia girar e ainda ter tempo de qualidade com a minha família, que era o que eu mais buscava. Por mais que eu ainda trabalhe muito, hoje consigo uma folga no meio de semana para viajar com meus filhos ou jantar com meu marido, por exemplo. Como executiva, nem lembro a última vez que isso foi possível. Essa liberdade de escolher não tem preço”, conclui.
Para Luciane, os jovens que buscam mudar o estilo de vida e realizar uma transição de carreira devem se atentar aos primeiros passos. “Contar com uma reserva financeira ou com fontes alternativas de renda, tomar decisões prudentes e ter autoconhecimento acerca de suas qualificações profissionais são fatores essenciais para quem almeja um início de sucesso no empreendedorismo.
Além disso, buscar capacitações, se planejar financeiramente e desenvolver uma visão a longo prazo referente ao ramo desejado podem ser atitudes decisivas em sua trajetória”. Muitos daqueles que realizam a transição sem planejamento prévio acabam perdendo o foco profissional e negligenciando oportunidades de desenvolvimento.
Tratando-se do empreendedorismo, pequenos desvios podem acarretar em uma perda significativa de tempo e dinheiro, o que resulta em episódios de frustração pessoal e profissional que, se não tratados, são capazes de desenvolver transtornos de ansiedade e depressão. “Se planejar profissionalmente não é uma tarefa fácil. No entanto, existem consultorias como que oferecem meios para auxiliar o jovem em sua transição de carreira.
O oferecimento de Assessment (avaliação que permite o autoconhecimento), estratégias para traçar novas trajetórias profissionais, processos de orientação, planejamento, conexões, comunicação, potencialização e interação do profissional assessorado com novas oportunidades do mercado de trabalho ajuda significativamente aqueles que buscam inovar no estilo de vida profissional”, explica a consultora.
De acordo com Luciane, aqui estão algumas dicas para se preparar para mudar o estilo de vida e fazer a transição de carreira:
• Faça uma reserva financeira e tenha fontes alternativas de renda;
• Tome decisões refletidas, de maneira não impulsiva, sem pressa;
• Se conhecer e conhecer suas qualificações profissionais, bem como o valor de suas habilidades e competências no mercado;
• Verifique se essas suas qualificações são harmônicas com o estilo de vida pretendido;
• Desenvolva os gaps de suas habilidades e competências, com cursos e formações, para atender às demandas do mercado e adequá-las ao estilo de vida almejado;
• Pense a carreira no longo prazo;
• Realize um planejamento financeiro com o intuito de lidar com as finanças de forma organizada, antecipando obstáculos e utilizando seus recursos com responsabilidade;
• Cogite a velhice e realizar um planejamento de longo prazo. – Fonte e outras informações: (www.thomascase.com.br).