Maria Filomena Brandão (*)
Quase 55 milhões de brasileiros têm mais de 50 anos, número que corresponde a 25% da população atual do Brasil, segundo dados oficiais do IBGE. A estimativa, de acordo com o órgão, é de que até 2040, metade da força de trabalho tenha mais de 50 anos e, em 2050, pessoas a partir dos 60 anos passem de 30%. São homens e mulheres cada vez mais ativos, que vêm buscando qualidade de vida e movimentando a economia.
Somente no ano passado foram gerados pela Economia Prateada (referência aos cabelos grisalhos) cerca de R$ 1,8 trilhão, de acordo com levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva, empresa especializada em pesquisas. Mesmo com esse potencial de girar a economia, um estudo recente da consultoria americana Robert Half, identificou que 69% das empresas não contratam esses profissionais – e um dos aspectos está relacionado à desatualização.
Apesar disso, o mesmo levantamento aponta que as organizações que absorvem colaboradores na senioridade levam em consideração a experiência do novo funcionário e também a inteligência emocional desses trabalhadores. Em um contexto de oportunidades para marcas e profissionais, a atualização constante e a busca por conhecimentos são fundamentais para quem, independente da idade, deseja ascender na carreira ou recolocar-se no mercado de trabalho.
Neste cenário, é importante sempre se lembrar do contexto do Século 21, onde as tendências de aprendizagem e busca por qualificação foram aceleradas pela pandemia. Em uma pesquisa realizada pela Pearson em 2020, que colheu as percepções de 7 mil pessoas com idades entre 16 e 70 anos, em sete países incluindo o Brasil, a marca global de educação apresentou dados importantes para o atual contexto.
No mundo inteiro, 83% dos entrevistados acreditam no aprendizado do tipo “faça você mesmo”. Esse resultado mostra que pessoas de todo o mundo estão buscando aprender de forma mais adaptável às suas realidades, o que também acontece com pessoas com idades acima dos 50 anos que buscam fontes de conhecimento para requalificação, por exemplo. Diante deste cenário, confira cinco dicas importantes que podem ser úteis para equilibrar a saúde emocional e mental desses profissionais. Além disso, também ajudam a prepará-los para oportunidades que possam aparecer no mercado de trabalho.
- Aprender e compartilhar – Em um mundo em constante transformação e com surpresas todos os dias, aprender é preciso. Uma dica é escutar os mais jovens e aceitar que muitas vezes eles sabem mais e podem ensinar. Além disso, aproveitar e aprender com cursos e palestras disponíveis na internet é uma ótima pedida. Interagir com colegas de trabalho e demais profissionais que possam agregar conhecimento é fundamental. Não se feche no casulo; a interação é a melhor maneira de aprender, ensinar e fazer um bom networking.
Compartilhar o que se sabe com outras pessoas e com as novas gerações é uma maneira de se colocar à disposição do aprendizado. É entender que quanto mais se ensina, mais se aprende. Seja um mentor, oriente e compartilhe conhecimento e experiências, mas também esteja aberto ao novo.
- Mantenha a mente aberta – Se manter aberto a novos conhecimentos, novas possibilidades e oportunidades, ser flexível, aceitar as mudanças, as transformações e se estruturar para conseguir aprender e acompanhar o que de novo há em sua área é fundamental.
Experiência não é fazer sempre o mesmo, mas sim aprender novas maneiras de fazer diferente para ganhar eficiência e qualidade sobre o que já faz e aprimorar suas habilidades. Seja flexível e disponível para as novas iniciativas, novos projetos, novas estratégias e adapte-se aos novos desafios independentes da idade.
- Aperfeiçoamento constante – Busque todo tipo de aperfeiçoamento. Para além de novos conhecimentos, é preciso se reciclar sempre. Novas ferramentas, novos processos e novos conhecimentos devem ser encarados para que estejam sempre atualizados dentro da área que atua e na função que exerce.
Recicle suas qualificações, amplie habilidades, as plataformas digitais nos ajudam com uma gama imensa de podcast, vídeos, textos, artigos, livros, revistas e outros tipos de conteúdos, além de cursos em universidades, workshops e os programas de treinamento que a maioria das empresas oferecem para seus colaboradores.
- Aposte em aprender e usar novas tecnologias – Fique atento às novas tecnologias, aos novos recursos, aplicativos e demais programas digitais. O mundo exige que se tenha abertura para aprender a usar todas tecnologias que são oferecidas. É só não ter medo e vontade de aprender. Peça ajuda a quem tem mais conhecimento. Eles se encantam com o aprendizado e interesse de quem tem 50+.
- Use e abuse das mídias sociais – Atualmente, as empresas estão buscando nas redes sociais bons profissionais. Um exemplo disso é o LinkedIn, principal rede profissional do mundo. Então, é importante ampliar a participação nesse tipo de plataforma. Tome cuidado quando for criar um perfil.
Tenha em mente que é comum empregadores conferirem as redes sociais dos candidatos e dos próprios colaboradores na rede. As empresas estão de olho nas postagens, podendo validar um currículo e habilidades ou derrubá-lo por publicações inadequadas.
Acompanhar as redes sociais que focam no perfil profissional é uma maneira das pessoas se atualizarem. Por meio de artigos, por exemplo, é possível mostrar habilidades, conhecimentos, além da oportunidade de compartilhar ideias, experiências e opiniões.
(*) – É gerente editorial de portfólio e coordenadora da Pearson Clinical (http://br.pearson.com).