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Em sete meses, mais de 1 milhão de brasileiros se tornaram inadimplentes

em Manchete Principal
quinta-feira, 19 de maio de 2016

No primeiro quadrimestre deste ano, 20% dos entrevistados indicaram a crise como fator e 37%, a queda na renda.

O aprofundamento da crise econômica, que abalou a renda e o emprego, provocou um salto na parcela de consumidores que se consideram inadimplentes. No primeiro quadrimestre deste ano, quase a metade dos brasileiros (48%) entre 18 e 65 anos de idade tinham alguma dívida com pagamento atrasado, ante 46% em agosto do ano passado, revela uma pesquisa nacional feita pela empresa de call center Atento.
“Em sete meses, houve um avanço de dois pontos porcentuais na parcela de inadimplentes. Isso é muito forte”, afirma o diretor executivo da companhia, Regis Noronha. Nas suas contas, esses dois pontos porcentuais correspondem a 1,128 milhão de brasileiros que se tornaram inadimplentes no período. A empresa, que tem 10% dos serviços de call center direcionados a cobrança de devedores, decidiu, pela segunda vez, fazer uma pesquisa de âmbito nacional a fim de avaliar como anda a inadimplência e traçar um perfil dos devedores para municiar os seus clientes.
Neste ano, os principais motivos apontados para o aumento do calote são praticamente os mesmos de agosto do ano passado, mas a parcela de inadimplentes que alega esses fatores só cresceu. Em agosto de 2015, 13% dos entrevistados apontavam a crise como o motivo que levou à inadimplência e 31%, a queda na renda. No primeiro quadrimestre deste ano, 20% dos entrevistados indicaram a crise como fator e 37%, a queda na renda.
Noronha observa que o agravamento da crise não só ampliou a inadimplência, mas também restringiu as alternativas para renegociar os atrasos e quitá-los. Na pesquisa de agosto, 48% dos inadimplentes disseram que já estavam negociando os pagamentos atrasados. Agora essa parcela que está negociando a quitação das pendências diminuiu para 43%.
De acordo com a pesquisa, o aumento do calote atingiu todas as classes sociais, mas um resultado que chama a atenção, segundo Noronha, é que até os mais ricos estão tendo dificuldade para colocar as contas atrasadas em dia. Em agosto do ano passado, 100% dos inadimplentes da classe A afirmaram que estavam negociando o pagamento das pendência. Nas pesquisa deste ano, essa parcela era de apenas 17%. “A crise também atingiu os mais ricos”, diz o executivo. Quanto ao tipo de dívida que levou à inadimplência, o cartão de crédito ocupa o topo do pódio, com 67% das respostas, seguido pelo crédito pessoal (29%) e o cheque especial (27%) (AE).