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Criar equipes autogerenciáveis no ambiente empresarial

em Manchete Principal
quarta-feira, 26 de julho de 2023

Mentora de líderes mostra que as atitudes dos empresários e a cultura interna das instituições são pontos fundamentais para que as equipes tomem decisões de forma mais autônoma

A gestão empresarial é um dos principais fatores que determinam a sobrevivência de um negócio. Prova disso é uma pesquisa de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) que apontou que 48% das empresas no Brasil fecham as portas três anos depois da abertura. E um dos principais motivos para o encerramento das instituições é a má gestão. Um ano antes deste levantamento, a consultoria Falconi revelou, em outro estudo, que 47,6% das lideranças de médias empresas disseram não possuir ações a médio e longo prazo definidas, o que também pode interferir nos resultados esperados.

Para que esse panorama não atinja uma empresa, é necessário aprimorar a gestão, e isso começa com a melhoria no trabalho e na atitude de quem está à frente das equipes, conforme explica a mentora de líderes Carol Castro. Por isso, ela defende a criação de uma cultura empresarial com autogestão, ou seja, a capacidade de que líderes dos times consigam conduzir processos com mais autonomia, sem depender sempre das decisões dos donos das empresas.

A especialista é criadora do Método Líder HOP (Human and Organizational Performance – Desempenho Humano Organizacional, na tradução para o português), que aplica um conjunto de ferramentas para aprimorar rotinas e processos dentro de uma empresa ou equipe com o objetivo de formar times autogerenciáveis e com alta performance. São práticas que envolvem capital humano, transformação organizacional e metas e resultados.

Esses temas estão entre as abordagens feitas pela mentora de líderes em suas palestras e encontros. Um desses eventos acontecerá na cidade de São Paulo, nos dias 4 e 5 de agosto de 2023. A Imersão Líder HOP, como é chamado o encontro, está com inscrições abertas e será voltado para líderes e empresários que buscam essa mudança na cultura empresarial, na performance das equipes e no crescimento de empresas.

Imagem: Pixel2_CANVA

Carol comenta que em uma empresa, quanto maior o número de pessoas, maior também é a necessidade de que os processos sejam comandados por líderes e as decisões sejam descentralizadas. “Enquanto o proprietário da empresa consegue comandar todos os processos e estar por dentro do que os colaboradores fazem, o trabalho é mais fácil. Mas quando a empresa cresce, ela precisa de líderes de equipes. Por isso, é necessário criar uma cultura de autogestão e que os líderes entendam os princípios fundamentais do local de trabalho para transmitir essa informação aos seus liderados”, explica.

A mentora enumera cinco dicas para a criação de equipes autogerenciáveis. Confira!

1 – Saiba ter autoliderança e dar exemplos
Antes mesmo de delegar funções e querer que uma pessoa lidere equipes ou processos, o empresário precisa saber gerir as próprias demandas, ter autoconhecimento e saber qual o melhor caminho deve seguir em sua trajetória e em seus processos. “A pessoa quer liderar os outros, quer construir times, mas não dá conta de se liderar, de tomar as próprias decisões, nem de liderar um processo de transformação em si mesma. É fundamental primeiro ser vencedor na própria liderança”, afirma Carol. Segundo a mentora, a partir do momento em que a pessoa consegue se autoliderar, ele consegue ter empatia com as outras pessoas da empresa, perceber as dificuldades que elas passam e indicar caminhos para superá-las no processo de liderança.

2 – Traduza sua visão como empresário
A próxima dica envolve traduzir ou explicar para os líderes da empresa questões fundamentais da instituição, como visão, missão e valores. Isso é diferente de somente explicar essas questões. Carol comenta que esse é um dos principais desafios para a criação de lideranças, pois o empresário muitas vezes quer que os líderes tenham a mesma visão dele. “Isso não vai acontecer, pois são pessoas diferentes. Os valores estão no empresário pois fazem parte da história dele e da empresa que fundou e não das pessoas que trabalham com ele. Por isso, é necessário traduzir e explicar isso de forma clara aos líderes para que todos olhem na mesma direção”, afirma.

Imagem: designer491_CANVA

3 – Use ferramentas para traduzir a visão da empresa
A tradução da cultura de uma empresa acontece, conforme explica a mentora, com a gestão de processos, de resultados e de pessoas. Para que os líderes consigam identificar a visão da empresa e, dessa forma, a equipe autogerenciável seja uma realidade, o empresário precisa ter dentro da instituição ferramentas que possibilitem aos colaboradores terem clareza sobre o local em que trabalham. Entre essas ferramentas estão o planejamento estratégico; análise swot (que identifica forças, oportunidades, fraquezas e ameaças para o trabalho); direcionamento de objetivos e tradução deles em metas quantitativas, periódicas e realistas; e os indicadores de produtividade, capacidade e qualidade.

4 – Ter congruência e frequência nas atitudes
Para traduzir os valores e objetivos da empresa para quem trabalha nela, é também necessário que o líder tenha congruência em suas atitudes, segundo Carol. Isso quer dizer que aquilo que a pessoa quer que seus liderados façam precisa partir como exemplo de quem está à frente da equipe ou da empresa. “Não adianta pedir que os membros da instituição sejam educados uns com os outros se o proprietário sequer dá bom dia para seus colaboradores”, exemplifica. E isso precisa ser feito de forma frequente, completa a mentora, para que não seja esquecido e se torne algo que faça parte da rotina como fundamental para todos.

5 – Dê a chance do erro e do acerto
Segundo a especialista, uma das bases de ter um time autogerenciável é possibilitar que a pessoa compartilhe com os demais colegas as suas ideias. Isso significa dar abertura para que elas tenham voz e participação nos processos. “É a criação de confiança. Quem está à frente da empresa ou da equipe é responsável por criar esse ambiente de segurança em que cada pessoa se sente à vontade e não seja podada em suas tentativas de erro e acerto no trabalho”, afirma a mentora. Sem isso, completa, é difícil que as empresas tenham engajamento dos times para alcançar os resultados.

Essas dicas, segundo Carol, se traduzem em empresas que conseguem descentralizar a tomada de decisão e que não dependem da figura ou presença constante do proprietário para gerir seus processos. “Times autogerenciáveis significa que cada equipe desenvolve trabalhos e responde ao líder imediato, sem necessidade de se reportar sempre diretamente ao dono da empresa”, afirma.