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Cresce a preferência do consumidor pelo papel e pela comunicação impressa após a pandemia

em Manchete Principal
domingo, 06 de agosto de 2023

Pesquisa realizada por Two Sides em 16 países aponta essa tendência, devido a fatores que vão do menor impacto ambiental das embalagens à preocupação em se evitar o uso excessivo de dispositivos eletrônicos

A pesquisa “Trend Tracker Survey 2023”, realizada pela Toluna a pedido de Two Sides junto a 10.250 pessoas em 16 países, incluindo 1.000 entrevistados no Brasil, mostra que o papel, as embalagens de papel e a comunicação impressa ganharam mais espaço na preferência dos consumidores após a pandemia. Isto se deve a diversos fatores de acordo com o segmento, e inclui desde a percepção de que embalagens em papel são as melhores para o meio-ambiente e a reciclagem, até a preocupação, no caso da comunicação, com o uso excessivo de dispositivos eletrônicos e o risco de perda e roubo de informações digitais.

“Os consumidores estão mais conscientes da importância de se utilizar materiais que sejam biodegradáveis, recicláveis e que tenham menor impacto sobre o meio ambiente. E o papel apresentou uma melhoria na preferência dos brasileiros, comparativamente a 2021, em diversos segmentos nos quais é utilizado”, conta Fábio Mortara, presidente de Two Sides Brasil e América Latina.

Os dados da pesquisa realizada junto aos consumidores brasileiros mostram que, quando se fala das matérias-primas das embalagens, a maioria dos entrevistados considera o papel um produto biodegradável (72%), mais barato (63%), melhor para o meio ambiente (58%), mais leve (57%) e mais fácil de reciclar (53%).

Quando indagados sobre o material de embalagem preferido, com base em 15 atributos ambientais, visuais e físicos, os consumidores apontaram o papel como o preferido em dez aspectos, liderando o ranking em relação aos demais: vidro (4), metal (1) e plástico (0).

Para 64% dos pesquisados a preferência é por embalagens de papel para as compras online, percentual que cresceu dois pontos percentuais em relação a 2021, assim como o número de consumidores que declararam estar tomando atitudes para aumentar o uso de embalagens de papel, que aumentou de 45% para 49% em 2023.

Apesar da percepção positiva sobre o impacto ambiental do papel e de embalagens fabricadas a partir dele, ainda falta informação aos consumidores sobre o patamar efetivo de reciclagem dos produtos e também sobre a origem da matéria-prima utilizada em sua fabricação, ou seja, não há conhecimento de que todo o papel produzido no país provém de árvores plantadas, e não nativas.

No caso das embalagens de papel, cartão e papelão, embora a reciclagem alcance, de fato, 80%, e se situe em 67% nos papeis em geral, a percepção de 20% dos consumidores é a de que esta taxa seja superior a 60% enquanto 15% dos entrevistados acreditam que o plástico seja reciclado nesse patamar, 16% têm essa percepção em relação ao metal, 9% em relação ao vidro e 6% sobre os dispositivos eletrônicos. Apesar da distância da realidade, o papel ainda é o material que se acredita ser o mais reciclado.

No que se refere ao desmatamento, 71% dos consumidores ainda acreditam que o consumo de papel, cartão e papelão causa desmatamento, embora esse índice tenha melhorado quando comparado aos 81% da pesquisa de 2021.

“Está havendo uma conscientização gradativa sobre o fato de que o Brasil não desmata para fabricar papel, mas ainda há muito por avançarmos para se esclarecer os equívocos em torno do impacto ambiental dos produtos que utilizam o papel, tornando-se necessário derrubar os mitos que ainda cercam a sua produção”, ressalta Mortara, ao lembrar que o País conta, hoje, com 9 milhões de hectares de árvores cultivadas para o fornecimento de matéria-prima para diversos produtos, dos quais, 3,6 milhões atendem o setor de celulose e papel.

Comunicação impressa X dispositivos eletrônicos

Um ponto de destaque da pesquisa é que, na área da comunicação, a preferência pelo livro impresso avançou fortemente desde 2021. Agora, 64% dos consumidores preferem ler o livro impresso, em comparação a 37% em 2021. No caso dos veículos de comunicação, embora a preferência da maioria seja pela leitura nos dispositivos eletrônicos, o percentual de consumidores que passou a preferir a publicação impressa desde a pandemia mais do que dobrou no caso de revistas – de 17% em 2021, para 35% em 2023 –, enquanto o aumento foi de cinco pontos percentuais no caso dos jornais, onde o impresso representa 14% das preferências. E mesmo lendo cada vez mais jornais em dispositivos eletrônicos, 36% dos entrevistados querem que os veículos impressos permaneçam, em comparação a 31% que não desejam e 33% que são indiferentes a essa possibilidade.

Por outro lado, destacou-se a preocupação com o uso excessivo de dispositivos eletrônicos. “Detectamos que 54% dos entrevistados estão preocupados com o impacto sobre a saúde do uso demasiado de dispositivos eletrônicos”, explica o presidente de Two Sides Brasil e América Latina. Soma-se a isso também a preocupação de 72% das pessoas com o risco de que informações pessoais mantidas eletronicamente sejam hackeadas, roubadas ou danificadas.

“A pandemia trouxe uma mudança de comportamento e, com isso, um evidente crescimento da comunicação eletrônica por conta de reuniões, eventos e negócios do dia a dia realizados online. Mas isto também está trazendo o temor sobre as consequências do excesso de conexão aos dispositivos digitais e o que isto representa para a saúde e até mesmo a segurança dos dados pessoais”, destaca Manoel Manteigas, diretor técnico de Two Sides.

”O acesso digital a documentos como declarações fiscais, impostos, contas e extratos ou catálogos de produtos tem sido preferido, mas nota-se um entendimento por parte do consumidor de que lhes deve ser dado o direito de escolher como receberão as comunicações (impressas ou eletronicamente) de organizações financeiras e prestadores de serviços (86%).”, destaca Manteigas. Ele observa que, para 57% dos entrevistados, “quando um prestador de serviços quer trocar faturas e extratos de papel por eletrônicos, alegando que é melhor para o meio ambiente, está na verdade querendo reduzir custos.”