A brasileira Box 1824 e a britânica The Future Laboratory, duas das mais importantes empresas de consultoria estratégica do mundo, oficializaram uma parceria firmada em setembro com o anúncio de oito tendências globais que irão impactar os mercados latino-americanos nos próximos anos.
As oito tendências selecionadas foram mapeadas pela Box 1824 a partir da LS:N Global, plataforma online do The Future Laboratory e um dos maiores repositórios de conteúdo sobre o tema no mundo. Sobre elas, foi aplicada uma lente local relativa aos mercados latino-americanos pós-Covid, para entender como devem impactar diretamente a região.
Segundo Martin Raymond, cofundador do The Future Laboratory, a Europa é muito influenciada pelo mercado latino-americano da música, beleza e bem-estar e, por isso, é importante para os negócios do mundo todo estarem atentos às tendências de consumo na região. “Muitas das tendências globais não vêm de cidades como Londres ou Lisboa, por exemplo. O mundo é local, com raízes, por isso precisamos estar atentos ao que acontece na América Latina”, completou.
Para a CEO e sócia da Box 1824, Paula Englert, as tendências mapeadas criam as bases para o que vai dar lá na frente valor aos negócios. “Precisamos estar conectados a esse futuro no nosso presente. Do contrário, quando ele chegar, nós estaremos sem tempo de reagir”, afirmou. As oito tendências foram apresentadas pelo diretor da unidade de Futuros da Box, Henrique Diaz, que conduziu o mapeamento de todas elas.
- – Varejo eco-conveniente – A alta demanda de consumidores por serviços de conveniência e entregas durante a pandemia fez com que as empresas acelerassem o desenvolvimento de seus serviços de delivery. Ao mesmo tempo, porém, o isolamento fez com que as pessoas se conectassem mais às suas localidades, o que despertou o consumidor para questões éticas e sociais envolvendo o consumo.
A tendência é, então, unir essas demandas por sustentabilidade e conveniência. Empresas e marcas vão investir em descentralização e transparência, depósitos de small box e automação de micro-retailers, mas também na rastreabilidade da cadeia de consumo.
- – Curadores júniors – Jovens, que apontam para o futuro do consumo, estão cada vez mais atentos à curadoria do conteúdo presente nas redes, não somente à criação. O indivíduo recebe mais acessos nas suas redes por conta do poder que tem de selecionar e organizar o que há de mais relevante em seu mundo. As empresas devem passar a olhar, assim, não apenas para os criadores presentes nas redes, mas também para esses curadores.
- – Mercado de live-stream – O mercado de live stream tem ganhado cada vez mais força na América Latina e essa tendência deve chegar ao comércio. Cada vez mais as lojas irão utilizar plataformas novas não apenas para vender, mas também para criar comunidades.
Iremos ver um varejo muito mais fluido, que utiliza não só ferramentas tecnológicas, mas estabelece também um relacionamento humanizado com os seus clientes, já que as pessoas por traz das vendas são verdadeiros motivadores e engajadores.
- – A era da Marca-meme – O meme é a grande linguagem da internet e a tendência é que marcas se apropriem cada vez mais disso e se tornem “marcas-meme”. As empresas irão utilizar o meme como parte de sua estratégia, gerando engajamento com o público e quebrando a linguagem séria geralmente utilizada quando o assunto é mercado. A relação com o consumidor tende a ficar, assim, extremamente íntima.
- – A automação intensificando o varejo físico – A tecnologia deve ficar ainda mais presente na forma como as pessoas consomem. Iremos ver entregas e atendimentos automatizados, serviços de delivery cada vez mais rápido e crescimento dos espaços que não contam com equipes de venda, que podem se espalhar por tudo que é lugar.
Como a população latino-americana tem como característica o gosto por circular muito pelas ruas, a tendência é ver a expansão de vending machines pelas cidades, estações de metrô, terminais de ônibus, por exemplo, por 24 horas, com serviços automáticos feitos por QR codes, leitura de código de barras, íris ou biometria.
- – Cripto-cliques – A América Latina é uma região propensa a adotar novas formas de fazer o dinheiro circular e as criptomoedas devem ganhar cada vez mais espaço. A cripto deixará de ser algo de nicho, restrita a investidores, e vai permear outras esferas da nossa vida. Será utilizada, por exemplo, para remunerar criadores de conteúdo. Para dar conta dessa tendência, empresas precisarão desenvolver uma estrutura tecnológica.
- – Abordagem híbrida para eventos – A pandemia acelerou um processo de digitalização no mundo, e na América Latina não foi diferente. Não acabou, porém, com as experiências físicas. A tendência é que haja uma fusão entre o que as pessoas buscam nos mundos digital e físico e que os eventos aconteçam em formato híbrido.
- – Juventude emergente Afrolatam – A juventude tem trazido novas perspectivas e narrativas sobre africanidades. O afrofuturismo é o grande polo que emana influências e referências na música, no audiovisual, na arte e na literatura. É uma frente determinante quando se fala em América Latina, principalmente em países com a maioria da população formada por afrodescendentes. – Fontes e mais informações: (https://box1824.com/) e (https://www.thefuturelaboratory.com/).