Rafael Bueno (*)
Com a proximidade da Copa do Mundo, o evento mais importante do futebol, estudamos como a formação de um time campeão se assemelha a uma equipe corporativa que se consagra campeã ao atingir objetivos.
O segredo está nas competências. É necessário entender quais são as competências diferenciadas daquela pessoa e utilizá-las estrategicamente. No futebol, podemos analisar os jogadores a partir de suas competências, como: defesas, desarmes, assistências, chutes, entre outros.
No ambiente corporativo, também existem algumas formas de identificar estas competências e avaliá-las. Esta avaliação tem alguns formatos, pode ser através de pesquisas ou conversas com o líder, por exemplo. A metodologia CHAR, desenvolvida para avaliação de competências, une conhecimentos (C), habilidades (H), atitudes (A) e resultados (R). É comum que tentemos unificar os primeiros três, para então obter o resultado e isso acontece tanto no mundo corporativo, quanto no futebol.
Colaborador ou jogador, precisa unir o conhecimento técnico, com habilidades práticas e a atitude de realizar as ações, para obter o resultado ou o gol. Essa questão tem a ver também com comportamento e com o DNA da Cultura Organizacional de cada empresa, assim como acontece nos times, liderados por um técnico, que tem o seu DNA e seu time expressa isso nos jogos.
O atual técnico da seleção brasileira, Tite, possui um DNA diferente do último técnico campeão mundial com o Brasil, o Felipão, impondo um estilo de jogo diferente, assim como sua relação com os jogadores. A metrifica do desenvolvimento individual possui três principais pilares: performance, desenvolvimento e engajamento, que possibilitam “escalar” cada um em sua melhor função, a partir de suas competências, como é feito em um esquema tático. Isso potencializa as performances.
Em paralelo, é trabalhado o desenvolvimento individual. Em times de futebol, técnicos e preparadores trabalham fundamentos como cruzamentos, passes, chutes, roubadas de bola, entre outros. No mundo corporativo, também há um trabalho de competências dos colaboradores. Não podemos esquecer que questões de entrosamento com a equipe e com seu líder afetam o desempenho individual. Um indivíduo com problemas com sua equipe ou seu líder ou técnico terá problemas de performance e engajamento.
Podemos usar os dados para saber se há um alinhamento correto da equipe, se a mesma está motivada e desenvolvida de uma maneira que jogue da melhor forma possível e o resultado disso seja alcançar as metas, corporativas ou o gol. Para que isso funcione, o trabalho em equipe dentro do ambiente, seja ele qual for, é essencial, pois um setor precisa do outro, o objetivo final é um só.
Por exemplo, um time com uma boa zaga, porém um ataque ruim, terá problemas em conseguir resultados, assim como uma equipe com um setor de produtos muito produtivo, porém com um departamento de vendas com menor produtividade, terá problemas em resultados.
Trabalhar em equipe vai muito além de uma visão setorizada, onde cada um tem sua função tática, é o trabalho de olhar para a equipe como um todo, em sincronia para fortalecer os pontos que precisam de atenção e manter os pontos fortes. Com este entrosamento, as áreas podem ajudar-se entre si, gerando resultados positivos.
Podemos exemplificar, num cenário futebolístico, como a defesa, que pode avançar em campo para atuar no ataque. A função daquele jogador é defender, porém por entender que o objetivo da equipe é marcar o gol, ele se mobiliza para isso, o que comprova o engajamento, dentro do ambiente corporativo e esportivo.
Sem colaboração entre áreas, encontramos os chamados “silos”, uma separação entre departamentos que cria desalinhamento e dificulta a conclusão do objetivo final. Com o alinhamento correto, a equipe trabalha em sincronia, onde há engajamento e colaboração entre as pessoas, trabalhando por um objetivo comum.
Além disso, vale ressaltar a figura do líder, que existe em ambos os ambientes e é parte muito importante da equipe. O líder deve estar presente, junto de sua equipe, batalhando pelos resultados e fornecendo clareza de propósitos e objetivos, reforçando a importância e papel de cada indivíduo.
O líder deve “ter o time nas mãos”, manter o controle emocional e a crença da equipe em seu propósito, para levá-los a acreditar que podem ganhar o jogo, independente da situação adversa, pois se o líder não acredita na equipe, ninguém vai acreditar.
Ao extrair as informações de desempenho da equipe, o líder traça um plano de como seguirá agindo. Este plano de ação é voltado a desenvolvimento de pessoas, engajamento de equipe e resultados. Isso passa por conversar com a equipe, coletando opiniões e pontos de vista, ouvindo o que pode ser feito e analisando isso para trazer um pouco do que foi sugerido para seu plano.
Outro ponto é que os dados dos colaboradores ajudam a entender a performance de cada um e a alocar cada indivíduo no “esquema tático” que o favorece. Porém, como falamos de pessoas, é preciso conhecer cada um, entender aspectos emocionais e problemas pessoais, entender cada ser como um indivíduo não uma peça de um jogo, corporativo ou esportivo.
Dados de desempenho e avaliações para encaixar o jogador ou colaborador na melhor posição possível, são instrumentos, contudo existe o lado humano das relações, e isso nunca vai se perder. Nada substitui o contato humano, a conversa e a compreensão das pessoas.
Isto está no técnico de futebol, que procura seus jogadores para saber como estão, do que precisam, se estão de adaptando ao time e a posição, abraça o jogador que sai de campo ou na comemoração de um gol, e no líder que busca seus colaboradores para saber suas opiniões, sua relação com o time, sua satisfação com seu trabalho e sua função.
Ou seja, podemos encontrar muitas semelhanças nos ambientes de um time de futebol e no ambiente corporativo, diferindo apenas nas funções executadas. De todos os lados, é preciso garantir a noção individual do que é exigido de cada um e de como isso afeta no cenário geral.
Porém, o trabalho humanizado é uma necessidade, os dados são um instrumento para saber mais sobre as pessoas de seu time e potencializá-las, mas um time campeão trabalha com pessoas.
(*) – Bacharel em Ciências da Computação, pela UniFieo, com MBA em Engenharia de Software orientada a serviços (SOA), é Founder e CEO da TeamCulture.