Brasília e Ribeirão Preto – O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, retomou ontem (28), uma ideia contida nas comunicações mais recentes da instituição: a de que os dados mensais têm mostrado queda substancial da inflação desde o último trimestre do ano passado. “A queda recente da inflação tem vários motivos, inclusive a ociosidade dos fatores. Mas é interessante observar que, apesar de a recessão ter se iniciado há mais de dois anos, a inflação resistiu à queda até o terceiro trimestre do ano passado”, disse Viana.
O diretor reforçou ainda que o “trabalho tem sido efetivo em conter a inflação e ancorar as expectativas”. Segundo ele, embora a recessão tenha começado há mais de dois anos, a inflação resistiu à queda até o terceiro trimestre de 2016. “Não apenas as expectativas de mercado, mas também as projeções do Copom vêm recuando”, disse. Viana pontuou ainda que a desinflação se difundiu e se consolidou, inclusive em componentes mais sensíveis à política monetária – no caso, os itens da área de serviços.
“Oscilações pontuais na inflação – em particular as decorrentes de mudanças de preços de combustíveis e de energia elétrica, que têm sido mais voláteis – não têm implicação relevante para a condução da política monetária”, acrescentou, ao reafirmar que a manutenção do atual ritmo de cortes da Selic dependerá “da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da extensão do ciclo”. Segundo ele, o ritmo de cortes “continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”.
Estes comentários, feitos por Viana em palestra na USP de Ribeirão Preto, retomam ideias contidas nos documentos mais recentes do BC. Segundo ele, o patamar atual de taxa de juros real (descontada a inflação), no intervalo de 3,0% a 3,4% ao ano, “é baixo do ponto de vista histórico brasileiro e tende a estimular a economia”. Para Viana, a incerteza sobre a velocidade do processo de ajustes e reformas na economia (principalmente das fiscais e creditícias) permanece como fator de risco principal (AE).
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