Rio – O economista e ex-ministro da Fazenda, Armínio Fraga, classificou os casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato, como uma “ameaça real à qualidade da democracia”, uma vez que o objetivo dos desvios seria “sustentar o poder político”. Fraga afirmou, em palestra a economistas estrangeiros, que a operação provoca um efeito paralisante sobre a economia e a política. Ele disse ainda que o País está “claramente na direção errada”.
“Estamos passando por um gigante escândalo de corrupção. Mas não é o padrão usual com algumas pessoas enriquecendo. É muito mais que isso. Há uma conexão organizada entre políticos e o esquema de corrupção para sustentar o poder político. É uma real ameaça à qualidade de nossa democracia”, afirmou Fraga durante palestra na FGV, no Rio. “Tem muita lavagem a ser feita”, afirmou o economista, em referência ao nome da operação que investiga os desvios. Também alertou para as consequências das investigações. “Teremos por um tempo uma paralisação no próprio Congresso, pois os parlamentares estão possivelmente pensando agora se irão à cadeia mais do que qualquer outra coisa, e não suficientemente sobre a nossa situação”, completou.
Fraga ainda afirmou que a corrupção é “uma doença difícil de curar” e um dos desafios de toda a sociedade. O ex-ministro avaliou também não ser uma “coincidência” que o País enfrente uma crise combinada entre economia e política. Para ele, o País escolheu o “modelo errado”.
“Até que a política mude essa velha forma de enxergar o País, essa abordagem sobre a democracia, e se foque em questões de longo termo, não conseguiremos consertar. Com sorte conseguiremos passar pela situação atual. Mas depois, em algum momento, algo vai acontecer, e não vamos nos adereçar às questões de modo mais profundo”, avaliou (AE).
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