José Barletta (*)
A revolução das telas. Pode parecer uma frase exagerada, mas a verdade é que esse bem que pode ser o resumo mais objetivo da transformação digital que vivemos atualmente.
Por meio desses inúmeros displays, podemos acessar as mais diversas aplicações e, muitas vezes, convergir diferentes operações em um mesmo equipamento – do computador à TV ou ao relógio inteligente, por exemplo. Durante muito tempo, porém, as maquininhas de cartão pareceram fugir dessa tendência. Mas os tempos mudaram (ou estão mudando).
Hoje, graças ao advento dos terminais Android, estamos vendo uma revolução no conceito dos terminais de pagamento, permitindo que estes aparelhos pudessem cada vez mais ir além dos ecossistemas de recursos proprietários.
Em outras palavras, isso quer dizer que os terminais de pagamento modernos com o sistema Android trazem como grande vantagem a possibilidade de se combinar – em um mesmo device – diferentes aplicações e recursos. Como resultado, estamos falando que os clientes poderão simplificar suas rotinas de trabalho, com muito mais rapidez e praticidade, usando um mesmo aparelho para várias tarefas.
Ao mesmo tempo, estes terminais também permitirão a abertura de novos espaços para que Fintechs, integradores, adquirentes e outros desenvolvedores de tecnologia possam usar a criatividade para oferecer inovações que agreguem novas e verdadeiras vantagens operacionais e de experiência aos comerciantes e consumidores.
O avanço dos terminais baseados em Android, portanto, está abrindo um novo mundo de oportunidades de negócios para o ecossistema de pagamentos. Os POS modernos, agora, têm o poder de oferecer oportunidades e recursos interessantes para criar experiências únicas para o cliente e gerar novo valor à cadeia como um todo.
Não por acaso, pesquisas internas indicam que estes terminais de pagamento representarão cerca de 50% de toda a base de máquinas em operação até 2026, frente a 39% em 2021. A explicação para esse movimento rumo ao Android inclui vários fatores.
Um deles, como dito antes, é a capacidade de convergência que este sistema traz para o segmento e para os clientes. Nossos celulares são grandes terminais multifunções, e a adoção do Android certamente representa que essa mesma oportunidade chegue até as maquininhas de pagamento. Outro fator importante é que esta é uma base já bastante presente no nosso dia a dia, o que pode simplificar a aceitação sobre a facilidade de utilização das interfaces e aplicações.
Por isso, ainda que este seja um mercado bem sensível em relação à segurança, é de se esperar que os terminais modernos ganhem espaço, principalmente à medida que mostrarem o valor dessa evolução para os comerciantes.
Vale destacar que estes equipamentos não apenas poderão trazer maior mobilidade à rotina dos clientes, mas também poderão ajudar a reduzir custos com compra de PCs, licenças, infraestrutura de rede, conectores e muito mais.
O ganho com estes inclui economia de tempo, energia, espaço e esforço. Estamos cercados de exemplos de como os dispositivos inteligentes (da TV ao relógio) simplificaram e automatizaram nossa experiência diária com o mundo, e o caso dos terminais de pagamento com Android não foge a esse ponto.
O que não quer dizer, entretanto, que a indústria de terminais de pagamento caminhará exclusivamente para este caminho. A verdade é que cada segmento e tipo de consumidor terá um ritmo diferente de transformação – com demandas e níveis de modernização diferentes.
A renovação das maquininhas não é um processo linear. Ao contrário, é um contexto que varia de acordo com as necessidades, orçamentos e expectativas dos clientes. O que o sistema Android representa, portanto, não é uma saída para todos, mas sim uma evolução natural para atender a demanda por soluções inteligentes e multifuncionais que é cada vez mais exigida por uma grande parcela dos comerciantes.
Imagine o caso de empresas e pontos de venda que precisem de operações móveis e maior integração entre diferentes aplicações, como é o caso de restaurantes e mercados que precisam conciliar pedidos de estoque, preparo, atendimento cliente, caixa etc.
Para estes pontos, fará todo sentido ter aparelhos hiperconectado que permitem a gestão completa dos pedidos (e das vendas) em poucos toques; talvez a resposta não seja a mesma para uma rede varejista que já possui a instalação de diversos caixas e equipamentos.
É importante entender essas especificidades, pois a indústria não deve mover suas correntes em uma única direção. Temos de trazer soluções para todos, o que implica pensarmos em caminhos distintos.
Seja como for, não resta dúvida de que o Android pode ser o agora e o amanhã dos terminais de pagamento inteligente, agregando simplicidade, praticidade, economia e segurança à realidade dos clientes. A evolução está aí: no valor que a inovação traz.
(*) – É Diretor de R&D para a Ingenico na América Latina (https://www.ingenico.com.br/ingenico-latin-america/).