Edivandro Conforto (*)
Se você é um executivo em uma grande organização e ainda não trata agilidade no negócio como prioridade, pode ser que esteja perdendo a grande oportunidade dessa década, pois o ritmo das mudanças nunca foi tão acelerado. Business Agility é a capacidade da organização em se antecipar, adaptar e acelerar consistentemente frente às oportunidades e desafios, para alcançar seus objetivos estratégicos.
Já é comprovado que as organizações que estavam adotando abordagens e modelos operacionais voltados para agilidade conseguiram benefícios e vantagem competitiva diante da crise da Covid-19, e hoje, estão mais bem posicionadas do que seus competidores para aproveitar as oportunidades da retomada econômica.
Uma pesquisa publicada em 2020, em meio ao pico da pandemia indicou alguns dos principais sinais de que as organizações estavam se transformando para se tornarem mais ágeis.
Foco na melhoria contínua de processos e modelo operacional por toda organização. Isso significa encorajar uma cultura de aprendizado contínuo e experimentação para inovar e aprimorar o “modus operandi”.
Modelos de investimento adaptáveis para facilitar experimentação e piloto de estratégias em tempo real. Ao invés de focar em detalhar atividades ou resultados específicos de projetos, o objetivo é focar em benefícios para o negócio alinhados com as necessidades e oportunidades do mercado.
Modelo de organização flexível e orientado por fluxo de valor (value streams) para identificar obstáculos e oportunidades, e assim, conquistar de forma mais rápida os clientes, reduzir desperdício e custos, e realmente ter foco no cliente.
Algumas dicas importantes para ter sucesso nesta transformação:
. Tenha clareza sobre como agilidade impacta o negócio. Ser uma organização ágil é bem diferente de ser uma organização que adota uma abordagem ou práticas ágeis. Tenha um entendimento claro do que é business agility e como essa competência irá contribuir para o negócio.
. Agilidade deve permear toda a organização. É preciso entender a essência da agilidade. Trata-se de: a) uma competência (e não um método); b) possui diferentes dimensões; e c) depende de inúmeros fatores. Assim, espere que mudanças importantes no modelo de governança e modelo operacional da empresa serão necessários.
Também não adianta “cortar caminho” e simplesmente copiar frameworks ou receitas prontas que deram certo em uma determinada empresa. Evite também o risco de delegar agilidade apenas para as áreas de tecnologia ou alguns poucos grupos da organização.
. É uma jornada, não um Sprint. É preciso ter uma governança e orquestração adequadas, mensurar o progresso e resultados de forma sistemática. Identificar ganhos rápidos é muito importante para um bom início, mas sem um plano claro de médio e longo prazo a transformação propriamente dita não irá acontecer.
Portanto, defina alguns princípios gerais que irão guiar esta jornada e contribuir para desenvolver agilidade em todos os níveis da organização.
. Foco nas pessoas. Mudar comportamentos e a forma de atuar é a parte mais difícil. É preciso alinhar propósito com responsabilidades e objetivos. Por isso tenha como foco transformar pessoas, além de processos.
Novas habilidades serão necessárias, novos papéis e responsabilidades e um novo modelo de comportamento deverá ser construído e aprimorado. Por isso, aqui existem diversos desafios, desde como reinventar a forma de medir resultados e incentivos, revisão do plano de carreira, e estratégias para acelerar o aprendizado.
. Tecnologia não é custo ou luxo. É essencial e um investimento necessário e contínuo para desenvolver e aprimorar agilidade nos negócios. A pandemia provocou uma corrida das organizações para adoção de tecnologias mais modernas, algo que não foi visto nos últimos 5 anos.
Isso significa que ter uma plataforma tecnológica moderna contribui para maior resiliência, agilidade, flexibilidade e competitividade das organizações que aproveitaram este momento para tirar do papel os planos de transformação digital.
Business Agility mostrou ser uma capacidade essencial neste momento. Houve adoção massiva de práticas e ferramentas para simplificar processos, suportar o trabalho remoto e ao mesmo tempo garantir colaboração, comunicação e produtividade.
O cenário que está se desenhando no pós-pandemia indica que esta década será dedicada ao desenvolvimento dessa capacidade, Business Agility. Aproveite o momento!
(*) – É diretor executivo e líder da prática de Business Agility da Accenture Technology.