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Competitividade nos negócios é o maior desafio das empresas familiares

em Mais
terça-feira, 02 de maio de 2023

Pesquisa Family Business: Valores, Desafios e Perspectivas foi realizada com 162 executivos de empresas familiares brasileiras de diversos setores produtivos

A Grant Thornton, em parceria com FBFE, BTG Pactual Empresas e Ricca Associados, acaba de finalizar uma pesquisa com 162 executivos de empresas familiares em todo o Brasil, que mostra que 42% dos entrevistados apontam a competitividade nos negócios como maior desafio enfrentado por eles atualmente. Um número ainda maior de empresários (50%) prevê que esse desafio deve permanecer pelos próximos cinco anos.

Outros temas relevantes também causam preocupação nos entrevistados no médio prazo, como a inovação tecnológica (44%), o planejamento sucessório, patrimonial e estratégico (39%), a estruturação de governança corporativa (37%), a capacitação das novas gerações (33%), a atração de talentos (31%), e a sustentabilidade e ESG (24%).

“A pesquisa demonstra, reforçando resultados de estudos anteriores, uma preocupação consistente com a inovação nos negócios. Nota-se que os empresários já começam a entender que incorporar inovação ao processo de seus negócios é necessário para ser competitivo e crescer de forma sustentável”, avalia Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil.

A pesquisa mostra, ainda, os principais desafios relacionados aos serviços disponibilizados pelas instituições financeiras no mercado. Para 45% das empresas pesquisadas, as soluções de investimento são um desafio, assim como a obtenção de crédito (36%), a gestão empresarial (36%), tarifas e tributos (32%) e o processo de digitalização (5%).

A cultura organizacional alinhada à estratégia de negócios já está presente em 67% das empresas, das quais 54% afirmam que ela é de conhecimento e praticada por todos, liderança e colaboradores; em 25%, é mais praticada pela liderança; enquanto 15% dizem estar revisando os valores e objetivos em busca de uma cultura mais atual e maior engajamento dos colaboradores. Somente 6% afirmam que é muito difícil ver a cultura praticada no dia a dia.

ESG (Ambiental, Social e Governança, do inglês)
No que se refere às práticas ESG, 33% das organizações pesquisadas afirmaram que ainda não começaram a explorar essa pauta; 28% já incorporaram ações com foco ambiental, social e governança; 21% estão discutindo ações para seu modelo de negócios; 13% estão reavaliando os focos da empresa para trabalhar nessa área, e 5% já incorporaram ações ESG assim como métricas e indicadores para mensurá-las.
“Há claramente uma evolução nos temas e iniciativas ESG, que tendem a ganhar maior relevância e atenção das empresas, na medida em que novas regulamentações sejam emitidas e agreguem objetividade”, afirma Marco Aurélio Neves, sócio-líder de Advisory na Grant Thornton Brasil.

Um dado relevante com foco social (S) é que 52% delas implantaram ações voltadas para a diversidade e inclusão de pessoas, das quais 30% atuam por meio de políticas de Recursos Humanos nos processos de recrutamento, mas ainda não têm um programa interno para sensibilização dos colaboradores, enquanto 22% já implantaram esse programa interno em prol da diversidade e inclusão.

Quando se fala em saúde mental dos colaboradores, 26% das empresas disseram que já investia mesmo antes da pandemia de covid-19, para 24% a pandemia foi um incentivo para se investir e 50% não investem. Com relação a programas de diversidade e inclusão, 30% atuam por meio de políticas de RH em recrutamento, mas ainda não têm programa interno para sensibilização dos colaboradores; 22% têm política de recrutamento e programa de sensibilização interno; 17% têm planos de iniciar um programa nos próximos 12 meses, e 30% não têm.

Finalmente, o planejamento estratégico com metas e indicadores para investimentos futuros, para 5% das empresas, é feito com projeções de resultados de longo prazo (até 10 anos), para 34% o foco está no médio prazo (até 5 anos), e 30% no curto prazo. Além disso, 31% das respondentes ainda não têm planejamento estratégico.

Perfil
Dos 162 entrevistados, 65% são homens, 35% são herdeiros, 17% são fundadores e 15% são acionistas e membros da família. Os executivos que não fazem parte da família representam 35% e apenas 1% é composto por acionistas que não são da família.

Com relação aos postos de comando, o cargo de CEO é ocupado por 89% de homens e somente 11% de mulheres. Em 45% das empresas, o próprio fundador ocupa esse cargo e no restante (55%) ele foi sucedido por algum membro da família em 76% dos casos. Vale ressaltar que a maioria das empresas pesquisadas (87%) é formada pelo modelo tradicional de empresa familiar, ou seja, de capital fechado e gerida por membros da família e alguns executivos.

Nesse modelo, quase metade das empresas consultadas ainda não têm um Conselho Consultivo ou de Administração, para apoiar as tomadas de decisões da companhia. A participação das mulheres nos conselhos existentes também é tímida: em 21% das empresas nenhuma mulher faz parte dos conselhos, e em 37% delas há somente uma representante feminina nos conselhos.

Grande parte das empresas pesquisadas é de médio porte (44%), com faturamento até R$ 299 milhões, e de grande porte (41%), com faturamento acima de R$ 300 milhões por ano. Elas atuam em diversos setores, como de bens de consumo (25%), serviços (24,2%), agronegócios (13,3%), infraestrutura (12,2%), financeiro (7,8%) e de saúde (7%).