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Veja quem luta contra quem no conflito na Síria

em Especial
sexta-feira, 16 de março de 2018
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Veja quem luta contra quem no conflito na Síria

Mais do que um sangrento conflito interno, a guerra civil na Síria, que já dura sete anos e contabiliza mais de 500 mil mortos, envolve interesses geopolíticos das maiores potências do planeta e atores importantes no Oriente Médio

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Veja quem é quem no conflito no país árabe:

Bashar al Assad – No poder desde 2000, o atual presidente da Síria é filho de Hafez al Assad, que comandou o país com mão de ferro entre 1971 e 2000. Assad é alauita, seita muçulmana que deriva da vertente xiita, mas não é conhecido pela religiosidade e sempre manteve um governo laico, embora repressivo. Em março de 2011, a falta de liberdade, o desemprego e a corrupção motivaram manifestações contra o presidente, que foram duramente sufocadas. Isso levou a uma rápida escalada na violência, e adversários do regime pegaram em armas;

Rússia – Principal escudo de Assad no cenário internacional, a Rússia vê na guerra da Síria uma oportunidade de preencher o vácuo deixado pelos Estados Unidos e ampliar sua influência no Oriente Médio, fortalecendo também a imagem de Vladimir Putin como líder perante seus eleitores. Moscou já vetou diversas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o regime de Damasco e tem dado apoio aéreo às forças de Assad na luta contra rebeldes e grupos terroristas. Além disso, a Síria é geograficamente próxima à Rússia, que, já cercada pela União Europeia no Velho Continente, vê riscos para sua influência no caso de uma eventual “ocidentalização” da nação árabe. A Síria também abriga a única base naval russa no Mediterrâneo, em Tartus;


Irã –
No Oriente Médio, o principal aliado de Assad é o xiita Irã, que fornece a Damasco armas, recursos financeiros e apoio militar. Seu objetivo é evitar que milícias sunitas dominem o país e se contrapor às ricas monarquias dessa vertente do islã no Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita, que apoia os rebeldes;

Hezbollah - Hezbollah – Também xiita, o grupo libanês Hezbollah é um antigo aliado do Partido Baath, que dá sustentação à família Assad, e teve papel crucial na retomada de Aleppo pelo regime, no fim do ano passado. Sua participação na guerra, assim como a de milícias iraquianas xiitas, se deve aos mesmos motivos do Irã;

EUA – Com Barack Obama, os Estados Unidos declararam apoio aos rebeldes e pediram a queda de Assad. No entanto, Washington não se envolveu diretamente no conflito até 2014, quando passou a bombardear alvos do grupo jihadista Estado Islâmico. Ainda assim, o regime de Damasco não havia sido atacado até abril de 2017, quando o sucessor de Obama, Donald Trump, ordenou o lançamento de mísseis contra a base militar de Shayrat. O republicano pretende marcar a presença dos Estados Unidos no Oriente Médio, reduzida durante os mandatos de Obama. O país lidera uma coalizão internacional contra o EI;

Turquia – Membro da aliança militar comandada pelos EUA e de maioria sunita, a Turquia defende a queda de Assad e dá apoio a grupos rebeldes. Ancara também aproveita suas incursões na Síria para atacar milícias curdas, consideradas terroristas pelo governo turco;

Protesto no Paquistão contra violência na Síria.Arábia Saudita – A nação mais rica do Golfo Pérsico fornece apoio declarado a rebeldes e já foi criticada por suas relações ambíguas com o Estado Islâmico. Riad ameaçou intervir militarmente para derrubar Assad e conta com o apoio das outras monarquias sunitas da região: Bahrein, Jordânia e Emirados Árabes Unidos;

Vladimir Putin e Bashar al AssadCurdos – Apoiados pesadamente pelos EUA e pela União Europeia, os curdos tiveram papel preponderante no combate ao EI no norte da Síria, principalmente na reconquista de Kobane. As milícias dessa etnia podem se aproveitar do enfraquecimento de Assad para ampliar seu poder e fortalecer sua luta por autonomia (ANSA).

Guerra na Síria completa 7 anos
O cerco do regime de Bashar al Assad em Ghouta Oriental, território controlado por rebeldes, representa um dos atos finais da guerra na Síria, que completou sete anos na última quinta-feira (15) e já deixou mais de 500 mil mortos. Veja abaixo a cronologia do conflito:

2011 – Em fevereiro, estudantes de uma escola de Daraa são presos sob a acusação de terem escrito slogans contrários ao regime. Em 15 de março, ocorre a primeira grande manifestação em Damasco contra Assad, além de um protesto em Daraa. Os atos ganham força e são reprimidos duramente pelo governo. Em junho, os primeiros desertores das Forças Armadas dão vida ao Exército Livre da Síria (ELS). Em agosto, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a União Europeia pedem que Assad deixe o poder. Em outubro, Rússia e China vetam uma resolução da ONU condenando o regime.

2012 – Em maio, começam a chegar à Síria os primeiros jihadistas estrangeiros para lutar na rebelião contra Damasco. O movimento xiita libanês Hezbollah envia militantes para defender o regime. Em julho, um atentado em Damasco mata o ministro da Defesa Daud Rajiha. Em agosto, os rebeldes avançam sobre Aleppo, uma das principais cidades do país. Três meses depois, as potências ocidentais reconhecem a oposição exilada como “única representante do povo sírio”;

2013 – Em janeiro, as forças legalistas se retiram de Raqqa, que é ocupada pelas primeiras células do Estado Islâmico. Em agosto, subúrbios de Damasco controlados por rebeldes são atacados com armas químicas. Estados Unidos e Rússia chegam a acordo para eliminar o arsenal tóxico do regime;

2014 – Em janeiro, rebeldes islâmicos iniciam ofensiva contra o EI. A conferência “Genebra 2” se encerra sem avanços. Em fevereiro, 1,4 mil pessoas são evacuadas de Homs, que é assediada pelas forças de Assad. Em maio, Damasco reconquista a cidade, com a ajuda do Hezbollah. Em agosto, o Estado Islâmico proclama um “califado” englobando seus territórios na Síria e no Iraque. Em setembro, começam os ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA contra o E;.

2015 – O ano começa com os curdos avançando contra os jihadistas em Kobane. Em maio, o EI conquista a cidade histórica de Palmira. Em setembro, a Rússia inicia operações em apoio a Assad. No último mês do ano, após os atentados de Paris, o Reino Unido se junta à coalizão norte-americana.

13930213000271 PhotoI temproario2016 – Em fevereiro, os exércitos russo e sírio avançam sobre a província de Aleppo. Dezenas de milhares de pessoas fogem para a Turquia. O EI promove novos massacres em Homs e Damasco, totalizando quase 200 mortos. Moscou e Washington acertam um cessar-fogo a partir do dia 27. Em março, começa a enésima tentativa de negociações entre governo e oposição mediadas pela ONU, também sem sucesso. Em outubro, o ELS, apoiado por Ancara, tira do Estado Islâmico as cidades de Dabiq e Soran. Em dezembro, a situação humanitária em Aleppo se agrava, e o regime de Damasco anuncia sua retomada total. No dia 30 de dezembro, entra em vigor um novo cessar-fogo que exclui apenas o combate a grupos terroristas.

2017 – Logo em janeiro, a Rússia começa a diminuir sua presença militar na Síria, e a cidade de Astana, no Cazaquistão, sedia uma nova tentativa de negociações de paz entre rebeldes e o governo, mas as tratativas não avançam. Em 30 de março, a Casa Branca diz que sua prioridade na Síria é combater o terrorismo, não derrubar Assad.

Na semana seguinte, um ataque químico atribuído a Damasco mata mais de 80 pessoas na província de Idlib, dominada por rebeldes e pelo grupo terrorista Fatah al Shan, antiga Frente al Nusra e ligado à Al Qaeda. Na madrugada de 7 de abril, o presidente Donald Trump volta atrás em sua postura sobre Assad e bombardeia a base militar de Shayrat, de onde teria partido a ação com armas tóxicas. Em junho, a Opaq confirma o uso de gás sarin no ataque químico em Idlib. A própria ONU, em setembro, culpa o regime de Damasco pela operação. Em outubro, Raqqa, a “capital do EI na Síria”, é libertada. Um mês e meio depois, a Rússia declara a queda do grupo terrorista no país árabe;

2018 – O ano começa com a invasão da Turquia para combater grupos curdos em Afrin, no noroeste sírio, em 20 de janeiro. A ofensiva continua em curso e acontece paralelamente ao cerco de Assad e da Rússia para retomar Ghouta Oriental, enclave perto da capital ainda dominado por rebeldes – incluindo grupos ligados à Al Qaeda. Uma trégua de 30 dias imposta pela ONU no fim de fevereiro é repetidamente violada, agravando a crise humanitária em Ghouta, que abriga cerca de 400 mil civis (ANSA).