Saúde e boa forma: aposte na dieta para eliminar a barriga e controlar a síndrome metabólica
Os brasileiros são, sem dúvidas, um povo que se preocupa com a estética, pelo menos é o que apontam os dados do setor. Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (Isaps) o país ocupa a segunda posição no ranking de cirurgias plásticas, atrás somente dos Estados Unidos, e o procedimento mais famoso por aqui é a lipoaspiração, que corresponde a extração de gorduras
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No entanto, apesar de toda a preocupação dos brasileiros com a boa forma, pesquisas do Ministério da Saúde apontam que no país 56,9% dos adultos acima dos 20 anos sofrem com excesso de peso, e o percentual é maior ainda entre as mulheres. Porém, a preocupação vai muito além da estética, já que o acúmulo de gordura corporal, especialmente na região do abdome &eacut e; destacado entre os principais fatores de risco para o surgimento de diversas doenças.
Há dois tipos de gordura na região abdominal: a subcutânea e a visceral. A primeira está localizada logo baixo da pele e acima dos músculos. Ela é mais recorrente em mulheres devido ao estrogênio – hormônio feminino responsável pelo controle da ovulação e que também favorece esse acúmulo de gorduras – e se acumula nos culotes, quadris e barriga, conferindo aquele formato de pera ao corpo. A subcutânea é a gordura mais visível e tem o aspecto mole, além disso é responsável pela celulite. Ela é menos perigosa, porém é a mais difícil de eliminar.
Já a gordura visceral está sob o musculo e em torno dos órgãos e, apesar de ter a função de formar uma parede protetora, seu excesso é extremamente nocivo à saúde, pois, coloca a pessoa numa alta taxa de risco para o desenvolvimento de doenças graves como hipertensão, aumento de triglicerídeos, elevação do colesterol ruim e alterações metabólicas. Os homens têm maior propensão para acumular esse tipo de gordura que se concentra prioritariamente na região da barriga e confere um formato de maçã e aspecto duro.
Segundo a nutricionista Sinara Menezes o acúmulo dessas gorduras é fruto, sobretudo, da má alimentação e do sedentarismo: “Uma dieta desbalanceada, rica em carboidratos simples, pode causar muitos danos ao organismo. O consumo excessivo de açúcar e amido não só propiciam o aumento do tecido adiposo no abdômen como também desencadeiam uma série de problemas de saúde, inclusive a síndrome metabólica” – explica a profissional da Nature Center.
As gorduras localizadas na circunferência da cintura têm grandes chances de acarretar patologias que resultem na síndrome metabólica, conhecida antigamente como síndrome X. Ela configura um conjunto de fatores de riscos como obesidade, hipertensão arterial, altos níveis de glicose, colesterol e resistência à insulina – aspectos que aumentam significativamente as chances de desenvolver diabetes e doenças cardíacas. Além disso, ela também está relacionada a uma taxa de mortalidade duas vezes maior, se comparado a população sadia e até três vezes mais em casos de doenças cardiovasculares.
Estudos comprovam que, além da obesidade, todas as condições de risco da síndrome metabólica possuem por um elo em comum: a ineficiência da insulina. Esse hormônio secretado pelo pâncreas é o responsável pelo metabolismo dos carboidratos, ou seja, ela retira toda a glicose, ingerida através dos alimentos, do sangue e conduz para todas as células do organismo para que seja transformada em energia. Além disso esse hormônio participa de outras funções essenciais como o controle dos níveis de açúcar no sangue e o metabolismo de lipídios e proteínas.
A resistência insulínica começa quando há um ganho de peso excessivo e o aumento do tecido adiposo, fazendo com que o pâncreas tenha que produzir uma quantidade maior do hormônio para que ele consiga desempenhar suas funções no organismo, porém, quanto mais insulina é liberada, mais as células tendem a se proteger do excesso dela e, com isso, maior será o trabalho do pâncreas que, em determinado momento, perde a capacidade de continuar produzindo mais insulina, e é aí que os níveis de açúcar no sangue ficam elevados e surgem diversas patologias em decorrência disso, como a diabetes tipo 2.
Em geral as chances de desenvolver a síndrome metabólica aumentam com o envelhecimento, mas pessoas sedentárias e com alimentação desregrada, que possuem histórico de diabetes na família, níveis elevados de gordura no sangue, pressão alta ou o aumento do peso e acúmulo de gordura, principalmente na região da cintura, são mais propensas a serem diagnosticadas com a doença. O grande perigo por trás destes problemas é que a síndrome é silenciosa: em geral as pessoas conseguem conviver bem com os sintomas e a maioria nem sequer percebe a existência da disfunção, quadro que eleva ainda mais o risco para desenvolvimento de doenças graves como a diabetes e as cardiovasculares.
Um dos maiores problemas da vida moderna é a falta de tempo, e isso faz com que a maioria das pessoas acabem se descuidando da alimentação, abrindo mão da própria saúde em prol da praticidade, por isso, ao invés de consumir alimentos naturais e caseiros, grande parte opta pelos industrializados, refeições congeladas e pré-cozidas, que ficam prontas dentro de alguns minutos no micro-ondas, porém, para evitar essas gorduras prejudiciais tanto para a estética quanto para o organismo é crucial a adoção de novos hábitos alimentares.
Segundo Menezes uma dieta nutricional balanceada é a melhor forma de prevenção contra a gordura abdominal: “Para perder barriga não basta somente focar nos exercícios, ainda que sejam necessários para acelerar a queima e fortalecer o organismo, eles sozinhos não fazem efeito. É preciso se preocupar primeiro corrigir a alimentação, investindo num cardápio equilibrado que ajude a reduzir a gordura de forma eficiente, beneficiando não somente a estética, mas principalmente a saúde”.
Para ela, o primeiro passo para enxugar a silhueta e dar adeus às gordurinhas indesejadas de forma saudável é reduzir a ingestão calórica e moderar nos carboidratos, além de fugir do sedentarismo. Aliar um cardápio balanceado à pratica de atividades físicas regulares pode garantir uma saúde melhor e até mesmo a famosa “barriga negativa”. As fibras figuram entre os alimentos mais poderosos no processo de emagrecimento, isso porque elas conseguem se prender às moléculas de gordura e reduzir consideravelmente a absorção, eliminando boa parte nas fezes.
Outro ponto importante é que elas dão uma sensação de maior saciedade de forma rápida e prolongada, fazendo com que a pessoa se sinta satisfeita com uma quantidade menor de alimento e demore a sentir fome novamente. Elas ainda potencializam o desempenho do intestino e eliminação de toxinas. É recomendado que se consuma pelo menos 2 litros de água por dia. Além de ser fundamental para manter o bom funcionamento do organismo a ingestão adequada de água ainda reduz a retenção de líquidos e diminui o inchaço corporal. Outro ponto importante é que, quando se aumenta o consumo de fibras a água se torna essencial para evitar o congestionamento do intestino.
Como são rapidamente absorvidos pelo organismo, os carboidratos simples estão entre os alimentos que tem maior chance de virar gordura estocada no corpo, especialmente na barriga. No entanto, como este nutriente é a principal fonte de energia do organismo não deve ser totalmente eliminado da dieta. A alternativa? Fazer escolhas mais qualificadas. “O ideal é consumir, com moderação, carboidratos complexos, que são os integrais, pois eles são considerados de baixo índice glicêmico devido as suas fibras que ajudam a reduzir a quantidade de absorção no organismo”. A nutricionista mostra exemplos de substituições inteligentes: “Trocar a batata inglesa pela doce, o arroz branco pelo integral e fazer o mesmo com o tradicional pãozinho francês, substituindo-o pela versão integral”.
Fonte: Nature Center