Rio Paraopeba tem nível de metais 600 vezes maior que o permitido
O nível de cobre nas águas do rio Paraopeba chega a até 600 vezes acima do permitido a rios usados para abastecimento humano, irrigação em produção de alimento, pesca e atividades de lazer
Foto: Arquivo/ABr O rio Paraopeba perdeu a condição de importante manancial de abastecimento público e usos múltiplos da água. |
Vinícius Lisboa/Agência Brasil
Fábulas como essas vão costurar uma outra história na Marquês de Sapucaí: os 70 anos da Beija-Flor de Nilópolis, que promete falar de seu passado com o olhar no futuro.
A escola da Baixada Fluminense vem do título de 2018 com a missão de relembrar seus grandes carnavais. Desde 1976, quando chegou ao Grupo Especial, a escola ganhou 14 títulos. Para narrar essa trajetória, o integrante da Comissão de Carnaval, Marcelo Misailidis, conta que a agremiação pensou em uma costura entre histórias e fábulas, agrupando os enredos a serem revisitados em cinco grupos: os temas infantis, os enredos de referência africana, os carnavais que falaram de regiões do Brasil, as homenagens a personalidades e as críticas sociais.
“Decidimos assim para não criar uma situação em que houvesse uma grande divergência temática”, conta Misailidis. A preocupação era que enredos muito diferentes lado a lado criassem uma confusão visual. A solução foi organizar setores que caminham cronologicamente pela abordagem que a Beija-Flor deu a cada um desses temas ao longo dos anos. Cada um desses setores terá um carro alegórico, uma fábula e uma moral da história.
O carnavalesco promete que a ideia é provocar o público a encontrar as referências aos grandes desfiles, que não serão simplesmente repetidos, mas terão novos contextos. “Se você não recria, não tem a menor graça. Ninguém tem interesse em uma coisa que todo mundo já sabe como termina”, diz ele. “Não se pode subestimar a capacidade de compreensão do público, e muito menos do jurado, que é preparado e recebe um direcionamento para o que vai julgar”.
Foto: Adriano Machado/Reuters Rompimento da barragem da Vale causou danos ambientais ao rio Paraopeba, em Minas Gerais. |
Coreógrafo e ex-primeiro bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Misailidis compara o desfile de uma escola de samba a um grande musical: “É um espetáculo com cenografia, com canto, dança, indumentária, pesquisa de narrativa de enredo. Tudo isso junto em um processo de alquimia muito semelhante a um musical. Existe uma integração nessas relações de arte que tornam aquilo um espetáculo”.
Quando as cortinas se abrirem, a Beija-Flor passará pela Marquês de Sapucaí com 37 alas, cinco carros alegóricos e pouco mais de 3 mil componentes. No ano em que a escola completa 70 anos, seu desfile mais consagrado chega aos 30: Ratos e Urubus, larguem a minha fantasia. O enredo de Joãozinho Trinta voltará à avenida no setor que falará sobre as críticas sociais, mas a proposta é atualizar essas reflexões. “Não é só falar do passado, é falar do passado com um olhar para o futuro”, destaca Misailidis.
Uma das marcas da escola de samba de Nilópolis é a imponência de suas alegorias. Nos últimos 13 anos, Orlando Sergio fez parte da execução desses carros. O artista plástico de 42 anos trabalhava com espumas na decoração de festas infantis, e, no barracão da Beija-Flor, aprendeu a fazer trabalhos muito maiores. “A escola me deu oportunidade e aprendi a ser profissional aqui dentro. Trabalho o ano inteiro voltado para o carnaval. Aqui, meu trabalho ganhou outra proporção e tive acesso a materiais, carnavalescos, ideias novas”, conta.
Para Orlando, recriar carnavais campeões em novas alegorias é um trabalho desafiador, mas recompensante por renovar o orgulho dos componentes da escola: “É um enredo que resgata o trabalho daqueles que contribuíram com a história da escola. É uma maneira de a galera nova valorizar mais o carnaval e tudo que a gente já vivenciou”.