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Qualidade do ar em Delhi atinge níveis assustadores

em Especial
terça-feira, 05 de dezembro de 2023

Delhi, a capital da Índia, é o centro da maior aglomeração urbana do mundo, com população estimada em 42 milhões de habitantes.

Vivaldo José Breternitz (*)

Nos últimos dias, a qualidade do ar atingiu ali níveis muito ruins, com uma espessa fumaça tóxica envolvendo a região, marcando o início de uma temporada de poluição que se tornou uma catástrofe anual para a capital da Índia.

As escolas foram fechadas e atividades não essenciais foram proibidas, pois o índice de qualidade do ar ficou próximo de 500, sendo 200 o número a partir do qual a qualidade é considerada péssima, segundo uma escala adotada pela Organização Mundial da Saúde, que fixa em 40 o índice para que a qualidade do ar seja definida como boa.

A situação na cidade deteriorou-se em função do aumento acentuado no número de queimadas promovidas por agricultores dos estados vizinhos de Haryana e Punjab, tendo os ventos levado a fumaça para a área de Delhi – a queda das temperaturas prejudicou a dispersão da fumaça.

Outras causas de poluição na região são as emissões geradas por veículos movidos a combustíveis fósseis e pela queima de lixo.

Delhi é considerada a cidade mais poluída do mundo. De acordo com estudos da Universidade de Chicago, as pessoas que vivem na região podem ter suas vidas encurtadas em 11,9 anos em função da qualidade do ar que respiram.

Já estão sendo registrados impactos mais imediatos da poluição sobre os residentes da região, tendo aumentado o número de pacientes com problemas de tosse, resfriados, olhos lacrimejantes e irritados e outros problemas respiratórios. Pessoas de todas as idades são afetadas, estando os médicos recomendando o uso de máscaras e que as pessoas saiam de casa apenas quando muito necessário.

Apesar do governo de Delhi insistir que tem um plano de ação contra a poluição, não se observa impacto do mesmo na qualidade do ar, que usualmente piora entre novembro e janeiro – uma das providências previstas pelo plano é a aspersão de água nas vias para reduzir a poeira.

Outra medida foi a construção de duas torres de 25 metros de altura que deveriam limpar o ar, mas que foram consideradas por cientistas totalmente inúteis – o custo dessas torres chegou a mais de 2 milhões de dólares cada.

O que está acontecendo em Delhi mostra como o combate à poluição vem sendo tratado com descaso em muitos lugares e, em casos como o das torres, usado para fins no mínimo suspeitos.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.