A tecnologia irá modificar radicalmente como uma série de profissões serão executadas e há uma chance de muitos empregos de baixa complexidade serem extintos. Essa deve ser uma forte preocupação para a sociedade, pois agravará a lacuna entre quem tem acesso à educação superior e quem não tem.
A afirmação é do conselheiro de carreira para estudantes dos cursos de Pós-graduação da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Augusto Dutra Galery. A pesquisa “Futuro do Trabalho”, do Fórum Econômico Mundial, sugere que o trabalho que imaginávamos para o futuro já chegou: uso cada vez mais intenso de tecnologia, exigências cognitivas e relacionais cada vez maiores, ênfase na sustentabilidade, responsabilidade empresarial e nos stakeholders.
Quais empregos vão desaparecer? – O especialista diz que há um certo exagero sobre a questão do desaparecimento de certas profissões. “O que acontecerá mais provavelmente é que essas profissões sejam reformuladas para se adequar ao avanço da tecnologia e a outras mudanças sociais em curso”. Ele usa como exemplo muitos cursos de biblioteconomia, que foram reformulados no começo desse século para se tornarem cursos de gestão da informação.
“A verdade é que não há carreira fácil nem com futuro assegurado. Isso significa que, independentemente da profissão escolhida, serão necessárias perseverança e dedicação para se ter sucesso, o que exige uma grande motivação interna. Uma proporção imensa de pessoas com graduação desiste de sua profissão assim que se formam, pois fazem escolhas considerando apenas cargos em alta ou a segurança, e não conseguem evoluir em suas carreiras”, pondera.
Na avaliação de Galery, profissões que sejam exclusivamente repetitivas terão mais chance de desaparecer. “Aquele trabalho repetitivo, no estilo da famosa cena do Charles Chaplin no filme Tempos Modernos, deve estar em risco na próxima década”, opina. No campo das carreiras que exigem ensino superior, algumas profissões estão passando por intensas modificações, como aumento da exigência de conhecimento em tecnologia, a ênfase na capacidade de tomar decisões e comunicar essas decisões de forma adequada e outras nesse sentido.
Outro exemplo é dos profissionais que trabalham com secretariado e assessoria executiva: estão sendo cada vez mais demandados como tomadores de decisão e gestores de informação, ao invés de se manterem em atividades passivas e burocráticas. Ao mesmo tempo, a tecnologia diminuiu o número de vagas e só as pessoas bem capacitadas e altamente motivadas estão conseguindo progredir nessa área. O principal cuidado, agora, é compreender que os cargos em que o trabalhador fica passivo e desmotivado, trabalhando apenas pelo salário e realizando tarefas repetitivas, certamente desaparecerão.
Quais empregos estarão em alta? – Galery aponta duas tendências. Por um lado, as profissões ligadas ao uso e desenvolvimento de tecnologia estão com grande demanda e foram ainda mais impulsionadas pela pandemia. Por outro, o uso excessivo de tecnologia mostrou claramente a lacuna de profissionais que saibam lidar com pessoas, em áreas como marketing e gestão de pessoas e cultura.
Além dessas três áreas (TI, marketing e gestão de pessoas), as áreas de produção de conteúdo, desenvolvimento de produtos e vendas também estarão em alta nos próximos anos. Ainda é cedo para contextualizar o impacto da pandemia no futuro do trabalho. Há uma carência de estudos sobre o impacto do Coronavírus no mercado de trabalho. Carreiras ligadas à saúde serão provavelmente impactadas nos próximos anos. Em 2020, por exemplo, ofertas de cargos ligados à medicina e enfermagem dispararam.
Fonte: Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP).