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O Caminho do Pódio

em Especial
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Washington Alves/COB/Divulgação

O Caminho do Pódio

O Rio de Janeiro é logo ali! A menos de duas semanas dos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul, entramos no clima e trazemos histórias de alguns dos maiores medalhistas do esporte brasileiro

Washington Alves/COB/Divulgação

O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima ganhou a medalha de bronze nos Jogos de Atenas, em 2004.

Vanderlei Cordeiro, bronze exigiu mais esforço que o ouro
Mais do que medalhista, Vanderlei Cordeiro de Lima entrou para a história dos Jogos Olímpicos graças a um infortúnio durante a maratona de Atenas, em 2004. Vanderlei liderava a prova quando foi agarrado pelo irlandês Cornelius Horan, que invadiu a pista a apenas 7 km da linha de chegada.

O episódio lhe custou a vitória. E o bronze exigiu mais esforço do o ouro. Enquanto os competidores à sua frente cruzavam a linha de chegada no Estádio Panathinaiko extenuados, Vanderlei corria seus últimos metros de braços e sorriso abertos, fazendo um “aviãozinho” em comemoração.

O ouro não veio, mas o bronze brilha no peito de Vanderlei junto com uma medalha ainda mais valiosa, a medalha Pierre de Coubertin, a maior honraria olímpica concedida a um atleta. A homenagem é prestada a atletas que representam o verdadeiro espírito olímpico.

A carreira do ex-maratonista de 46 anos é repleta de conquistas. Antes de Atenas, Vanderlei já tinha vencido maratonas em Tóquio e em São Paulo e já tinha conquistado o ouro nos jogos Pan-americanos de Winnipeg, em 1999, e Santo Domingo, em 2003.

“Às vezes eu falo, acho que precisou um fato tão relevante como aquele para ter esse reconhecimento dentro do meu país”, diz o atleta. Para ele, o Brasil precisa ver o esporte de uma outra maneira e os Jogos Rio 2016 podem ajudar. “Esse evento está aí para fazer com que possamos ter uma visão diferente do que é esporte, que vai além do futebol. […] O brasileiro só vê o esporte no resultado, muitas vezes não conhece a vivência no esporte”, disse Vanderlei.

Giovane Gávio, uma história de cinco olimpíadas
Giovane Gávio: "Tenho a chance de disputar minha quinta olimpíada, agora fora das quadras, mas o empenho é bem próximo de quando eu estava dentro das quadras".O dia 9 de agosto de 1992 foi um marco para o voleibol brasileiro. Naquele dia, o saque de Marcelo Negrão explodiu nos braços do adversário holandês, se perdeu no fundo da quadra e colocou a medalha de ouro no peito dos 11 jogadores da seleção brasileira. Um deles foi o do atacante Giovane Gávio, um dos pilares da seleção que trouxe o primeiro ouro olímpico do vôlei.

Desde então, o atleta viveu uma escalada de vitórias, e um dos episódios apontados por ele próprio como ponto alto dessa carreira foi ter recebido a tocha olímpica das mãos do ginasta grego Eleftherios Petrounias, no último dia 21 de abril, em Olímpia (Grécia). Ele fala da emoção que foi ter sido o primeiro brasileiro a participar do revezamento da tocha, conta sua experiência de ter participado da trajetória de crescimento do vôlei masculino no Brasil e do orgulho que foi subir pela segunda vez ao pódio (Atenas, 2004).

Depois de já ter trabalhado como treinador e dirigente, Giovane hoje é manager do voleibol no Comitê Rio 2016 e tem no currículo, além de Barcelona e Atenas, a participação nos Jogos de Atlanta (1996), Sidney (2000) e Pequim (2008).

Magic Paula: símbolo que marcou o basquete
Magic Paula em ação na quadra. Junto com Hortência, ela deu ao basquete feminino lugar de destaque no esporte brasileiro.Uma das maiores referências do esporte nacional, Maria Paula Gonçalves da Silva formou, junto com Hortência e Janeth, um time que elevou o basquete feminino do Brasil a outro patamar, com a disputa de olimpíadas e conquista de títulos importantes.

A entrada no rol das grandes equipes ocorreu na final dos Jogos Pan-Americanos de Havana, em 1991, quando as brasileiras venceram as donas da casa e receberam a medalha do presidente Fidel Castro. “Ele perguntou ‘vocês já jogaram assim tão bem outras vezes?’. E a gente, na maior humildade, respondeu ‘já’”, lembrou Paula em entrevista à Agência Brasil.

Apelidada de Magic Paula por um jornalista nos anos 1980, em alusão à estrela do basquete dos Estados Unidos, Magic Johnson, a ex-atleta adotou a homenagem como nome, que usa até hoje, 16 anos depois de deixar as quadras. Magic Paula conquistou o Mundial de Seleções em 1994 e a medalha de prata na Olimpíada de Atlanta, em 1996.

Atualmente, Paula é comentarista olímpica dos canais ESPN e tem opiniões firmes sobre a situação das meninas do basquete do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016. “Numa competição como essa, muitas vezes você não tem o mesmo nível de um outro país, mas chegando lá tudo conspira a favor. Se você tiver uma visão fria da coisa, o Brasil não tem chance de subir ao pódio. Acho que o basquete feminino não está se preparando adequadamente para disputar uma olimpíada”.

Paula Pequeno, da superação ao estrelato no vôlei
A bicampeã olímpica Paula Pequeno atua, desde 2013, no Brasília Vôlei.No calendário de atletas e amantes dos esportes, as Olimpíadas ocorrem a cada quatro anos. Menos para Paula Pequeno. A atacante da seleção brasileira de vôlei já se via em Atenas para a disputa dos Jogos de 2004 quando uma lesão no joelho, a poucos meses dos Jogos, atrapalhou seus planos: “A Olimpíada de 2008 foi muito especial, porque eu tive que esperar oito anos, em vez de quatro. Foi uma espera muito longa”.

Recuperar-se da contusão, voltar à seleção e garantir sua participação nos Jogos de 2008 (Pequim) foi só uma parte da grande conquista da atleta. Paula deixou a China com a medalha de ouro no peito e o prêmio de melhor jogadora do torneio, a MVP [sigla em inglês para “Jogadora Mais Valiosa”] do vôlei olímpico feminino.

Aos 34 anos, Paula atua no Brasília Vôlei, time de sua cidade natal, desde 2013, e diz não se acomodar com as conquistas ao longo da carreira. “Cada jogo tem seu sabor, seu nervosismo, nossa maneira de preparação. O objetivo continua jogo após jogo, temporada após temporada, enquanto a gente gosta do que faz”, diz a dona de uma medalha de ouro nos Jogos Pan Americanos de Guadalajara (2011) e de mais dois ouros nos Grand Prix de 2005 e de 2008.

Paula contou como o time dos Jogos de 2012, em Londres, superou a pressão para chegar ao bicampeonato olímpico: “[…] fizemos um acordo de que ninguém iria ler nenhuma reportagem, nenhuma notícia e que nos focaríamos no que tínhamos que fazer, porque só a gente sabia o que estava passando ali”.

Gustavo Borges, a busca dos centésimos na natação olímpica
Gustavo Borges é um dos atletas brasileiros mais conhecidos na natação.O sucesso da natação brasileira tem o nome de Gustavo Borges, 43 anos, escrito em várias de suas páginas. A medalha de prata nos jogos de Barcelona, em 1992, colocou o atleta na elite da natação mundial, um ano depois de ele ser o grande destaque da delegação brasileira e conquistar cinco medalhas nos jogos Pan Americanos de Havana. Em Cuba, foram dois ouros, duas pratas e um bronze.

Um episódio inusitado marcou a conquista de Gustavo em Barcelona. Após a prova dos 100m livre, o brasileiro saiu da piscina vendo seu nome em quinto lugar no placar. Entre aquele momento e a divulgação do resultado final, que confirmou a medalha de prata, foram 40 minutos de espera. “Aqueles 40 minutos em Barcelona foram de total sufoco”, disse o atleta.

Os Jogos de 1992 marcaram o melhor desempenho de um nadador brasileiro em Olimpíadas até então. De lá para cá, o Brasil continuou melhorando seu desempenho nas piscinas e novos nomes surgiram. César Cielo e Thiago Pereira estão entre os nomes mais conhecidos. Bruno Fratus e Ítalo Manzine, atletas mais novos, são as apostas do Brasil para os Jogos Rio 2016. “Quanto mais gente a gente coloca nas piscinas e no esporte, de uma forma mais abrangente, maior é a chance de descobrir os talentos”.

Além das medalhas de 1992, Gustavo Borges ganhou mais três medalhas olímpicas – prata e bronze em Atlanta (1996) e bronze em Sydney (2000).

Gustavo Borges se despediu das piscinas em Atenas, em 2004, depois de nadar o revezamento 4x100m livre (ABr).