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Microplásticos ameaçam 529 espécies da fauna marinha em todo o mundo

em Especial
segunda-feira, 04 de setembro de 2017
UN Environment

Microplásticos ameaçam 529 espécies da fauna marinha em todo o mundo

Centenas de espécies da fauna marinha, como peixes, moluscos e outras, estão sendo ameaças pela  ingestão do lixo que se acumula no mar em forma de microplásticos, sem que até o momento se saiba a fundo suas causas e consequências

UN Environment

Em alguns lugares do mundo a poluição por plásticos é simplesmente catastrófica, como nesta praia em Mumbai, na Índia.

Agência EFE

Os últimos estudos apontam que até 529 espécies selvagens já foram afetadas pelos resíduos, um risco mortal que se soma aos outros já enfrentados por dezenas delas em perigo de extinção. Por menores que sejam, os microplásticos (de até cinco milímetros de diâmetro e presentes em vários produtos, como os cosméticos) representam uma ameaça para as mais de 220 espécies que os absorvem, algumas delas muito importantes no comércio mundial, como os mexilhões, as lagostas, os camarões, as sardinhas e o bacalhau.

Relatório recente da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alertou para as consequências desses resíduos para a pesca e a aquicultura. “Ainda que nos preocupe a ingestão de microplásticos por parte das pessoas através dos frutos do mar, ainda não temos evidências científicas que confirmem os efeitos prejudiciais em animais selvagens”, explicou à Agência EFE uma das autoras do estudo, a pesquisadora Amy Lusher.

Ela acredita que ainda faltam muitos anos de estudos, dado o vazio de informação que existe sobre o assunto e as muitas inconsistências nos dados disponíveis. Para contribuir com o debate, uma revista especializada em biologia da Royal Society, de Londres, publicou recentemente um estudo que sugere que certos peixes estão predispostos a confundir o plástico com o alimento, por terem um cheiro parecido.

20170904132131755194a temproarioMatthew Savoca, líder de um trabalho realizado em colaboração com um aquário de San Francisco (Estados Unidos), explica que foram apresentadas a vários grupos de anchovas substâncias com o cheiro de resíduos plásticos recolhidos do mar e outras com o cheiro de plásticos limpos. As anchovas reagiram ao lixo de forma similar à que fariam com o alimento, já que esses resíduos estão cobertos de material biológico, como algas, que têm cheiro de comida.

“Muitos animais marítimos dependem muito do seu olfato para encontrar comida, muito mais que os humanos”, afirmou Savoca, ressaltando que o plástico “parece enganar” os animais que o encontram no mar, sendo “muito difícil para eles ver que não é um alimento”. A FAO lembra que os efeitos adversos dos microplásticos na fauna marinha são observados em experiências em laboratórios, normalmente com um grau de exposição a estas substâncias “muito maior” que o encontrado no ambiente.

Até então, estas partículas só apareceram no aparelho digestivo dos animais, que as pessoas “costumam retirar antes de consumir”, apontou a pesquisadora Amy Lusher. No pior dos cenários, o problema seria a presença de substâncias contaminantes e de aditivos que são acrescentados aos plásticos durante sua fabricação ou são absorvidos no mar, ainda que não se saiba muito sobre o seu impacto e o dos plásticos menores na alimentação.

Tartarugas marinhas estão entre os animais ameaçados pela ingestão de lixo.Para os cientistas, é preciso estudar mais a fundo a distribuição desses resíduos a nível global, por mais que se movam de um lado a outro, e o processo de acumulação de lixo, ao qual contribuem a pesca e a aquicultura quando seus equipamentos de plástico acabam perdidos ou abandonados nos oceanos. Em um mundo onde há cada vez mais plástico (322 milhões de toneladas produzidas em 2015), estima-se que a poluição continuará aumentando nos oceanos, onde em 2010 foram despejados entre 4,8 milhões e 12,7 milhões de toneladas desse tipo de lixo.

Programa Água+ Acesso irá implantar novos pilotos no Norte e Nordeste até o fim de outubro

O Instituto Coca-Cola Brasil e os parceiros da aliança Água+ Acesso anunciaram os selecionados do edital que irá viabilizar pilotos com soluções inovadoras para o acesso e tratamento de água em comunidades de baixa renda

Seis novos pilotos serão implantados até o fim de outubro em oito comunidades dos estados do Ceará, Pará e Amazonas, com investimento total de R$ 600 mil e beneficiando diretamente mais de 800 famílias e 3.200 pessoas.
A iniciativa faz parte do programa e aliança Água+ Acesso, lançado em março e fomentado pelo Instituto Coca-Cola Brasil, em parceria com Banco do Nordeste, Fundación Avina, Instituto Trata Brasil, WTT (World-Transforming Technologies) e algumas das principais organizações de acesso à água no Brasil como SISAR Ceará, Projeto Saúde e Alegria e Fundação Amazonas Sustentável. Juntas estas entidades atuam em mais de duas mil comunidades e beneficiam cerca de 600 mil no Brasil.
Ao todo, foram inscritas 114 soluções por universidades, empresas, inovadores, startups e desenvolvedores de soluções de todo o Brasil. Estas soluções buscam responder a alguns dos maiores desafios enfrentados por organizações de acesso à água nas regiões Nordeste e Norte, como o tratamento de água salobra, o acesso à energia para bombeamento de água em comunidades isoladas ou soluções de saneamento unifamiliares.
A escolha das soluções foi feita por um júri técnico composto por 14 dos mais importantes especialistas do tema no país e os locais para realização dos pilotos foram escolhidos pelas organizações parceiras por serem representativos à um grande número de comunidades.
“Somos um país com abundância de recursos hídricos e, por isso, é fundamental investir no tratamento e acesso à água. Grandes ideias nascem dos jovens, de pequenas empresas, da academia e em todas as escalas. É preciso revelar e estimular estes talentos que serão os protagonistas do futuro. Fazer parte do júri foi uma oportunidade especial de fazer conexão entre a teoria e a prática, discutir ideias e trocar conhecimento. Estabelecer esse diálogo entre diversos setores da sociedade é a melhor forma de avançarmos no acesso à água no país” afirma Marcia Barbosa, diretora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e uma das principais especialistas em dessalinização de água do Brasil e do mundo.
“Os desenvolvedores selecionados tinham soluções prontas, com viabilidade econômica e técnica. O maior ganho do projeto é promover a saúde da população. Investir em acesso à água é também investir diretamente num ciclo virtuoso para as comunidades”, diz Ricardo Glass, fundador da Okena, empresa paulista de tratamento de efluentes certificada pelo Sistema B e um dos líderes do movimento Capitalismo Consciente Brasil.
O primeiro piloto do programa Água+ Acesso já está em fase de testes desde março na comunidade de Coqueiro no município de Caucaia (CE), com o apoio da Solar, fabricante da Coca-Cola Brasil no Nordeste. Na localidade com 150 famílias está sendo pilotada uma tecnologia que utiliza o gás ozônio para purificar a água. O equipamento trata três mil litros de água por hora, elimina contaminantes orgânicos e oxida metais pesados comumente encontrados no semiárido brasileiro (Envolverde).