Incor comprova eficácia de exercícios fonoaudiológicoas no combate ao ronco
Em artigo publicado na revista Chest, pesquisadores brasileiros demonstraram que a prática de seis exercícios fonoaudiológicos simples, sob a orientação de um especialista, é capaz de diminuir a frequência e a intensidade do ronco durante o sono, além de amenizar quadros de apneia leve e moderada e evitar a progressão da doença
Estimativas do Incor apontam que 54% da população adulta sofre de ronco. |
Karina Toledo/Agência FAPESP
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório do Sono do Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (Incor-USP), com apoio da FAPESP e coordenação do pneumologista Geraldo Lorenzi Filho. “Embora represente um grande incômodo e possa até mesmo causar certo estigma social, o ronco vinha recebendo pouca atenção da área médica – exceto quando associado a casos graves de apneia obstrutiva do sono. Nem sequer havia uma forma objetiva de medir a intensidade do ronco nos exames para diagnóstico de apneia”, disse Lorenzi Filho.
Segundo o médico, o ronco é causado pela vibração dos tecidos da faringe quando o ar passa nessa região, o que é favorecido pelo relaxamento natural dessa musculatura durante o sono. Características anatômicas de certos indivíduos podem predispor ao problema, que tende a piorar com o aumento da idade (pelo aumento da flacidez na musculatura da garganta) e do peso (pelo acúmulo de gordura na região, que torna ainda mais difícil a passagem do ar).
“Acreditamos que a vibração dos tecidos da faringe ao longo dos anos também contribui para o aumento da flacidez da musculatura e, consequentemente, para o agravamento do ronco. Ou seja, uma pessoa que não tem apneia pode acabar desenvolvendo a doença se não fizer nada para combater o ronco. Esses exercícios, possivelmente, seriam uma forma de prevenção”, afirmou Lorenzi Filho.
Considerada um importante fator de risco para doenças cardíacas, a apneia obstrutiva do sono é caracterizada pela obstrução parcial ou total recorrente das vias aéreas durante a noite, que causa a parada da respiração por pelo menos dez segundos nos adultos. Estima-se que o ronco esteja presente entre 70% e 95% dos casos. “A apneia é diagnosticada por meio do exame de polissonografia [que avalia o padrão de sono-vigília por meio de sensores posicionados pela superfície do corpo], mas o ronco não é medido e nem levado em consideração no diagnóstico”, disse Lorenzi Filho.
Em parceria com o pesquisador Adriano Alencar, do Instituto de Física da USP, o grupo do Incor padronizou um método para medir o barulho total causado pelo ronco ao longo da noite, o que permitiu avaliar objetivamente a eficácia dos exercícios. O aparelho de registro contínuo do ronco grava os sons concomitantemente à polissonografia e, por meio de um software, analisa e registra a intensidade e a frequência do ronco (número de episódios por noite).
Foram incluídos no estudo 39 pacientes de ambos os sexos com queixa de ronco sem apneia associada ou com apneia leve e moderada. A idade variou entre 20 e 65 anos. Enquanto 19 voluntários praticaram o protocolo de exercícios criado no Incor, outros 20 praticaram apenas exercícios respiratórios inespecíficos, ou seja, que não tinham como alvo a musculatura da região onde o ronco é produzido.
As avaliações feitas após três meses de tratamento revelaram que o grupo submetido ao protocolo do Incor apresentou uma discreta redução na circunferência do pescoço, associada à queda de 36% no número de episódios de ronco ao longo da noite e de 60% no barulho total produzido. Já no grupo controle, os resultados permaneceram iguais ao da avaliação feita antes do tratamento. “Os exercícios testados no estudo integram os procedimentos de uma especialidade da fonoaudiologia conhecida como motricidade orofacial”, explicou Vanessa Ieto, membro da equipe do Laboratório do Sono e primeira autora do artigo.
Em um trabalho publicado em 2009 e realizado durante o doutorado de Kátia Guimarães, o grupo já havia demonstrado que um conjunto de 13 exercícios para estimular a motricidade orofacial era capaz de reduzir a gravidade da apneia do sono. A redução do ronco nesse primeiro estudo foi medida apenas de maneira subjetiva, por meio de questionários. “Neste estudo mais recente, visando uma maior adesão ao tratamento, simplificamos a técnica e selecionamos os seis exercícios que mais mobilizam a musculatura da região onde o ronco é produzido: palato mole [final do céu da boca], úvula e fundo da língua. Mensuramos de maneira objetiva a redução do ronco e também por meio de questionários”, disse Ieto.
Embora os exercícios sejam de fácil execução e não tenham contraindicação, Ieto ressalta que devem ser prescritos e supervisionados por um especialista em motricidade orofacial. “É feita uma avaliação prévia e prescrita uma primeira terapia. Conforme o paciente vai evoluindo, aumentamos o número de séries e o grau de dificuldade. Se os exercícios forem feitos de maneira incorreta, não vão dar resultado”, disse.
Antes de iniciar o tratamento, ressaltou a pesquisadora, é necessária uma avaliação de um especialista em Medicina do Sono para ver se há um quadro de apneia associado ao ronco e, se houver, qual a gravidade da doença. “No caso de apneia grave o tratamento é outro. Antes de tudo é preciso ter um diagnóstico”, disse Ieto.
Estimativas do Incor apontam que 54% da população adulta sofre de ronco – com maior prevalência entre obesos, idosos e mulheres na pós-menopausa. Além da prática dos exercícios de motricidade orofacial, Lorenzi Filho afirma que outras formas de combater o ronco são o controle do peso, evitar o consumo de álcool e sedativos antes de dormir (o que contribui para o relaxamento da musculatura da garganta) e evitar dormir de barriga para cima, pois nessa posição a língua tende a obstruir a faringe.
Balão gástrico pode ser alternativa para quem não consegue perder peso
Pessoas que vivem em guerra contra a balança, que já tentaram todas as dietas e mesmo assim não conseguem vencer a batalha, podem ser candidatas ao tratamento com o balão gástrico, uma alternativa não cirúrgica que vem se mostrando eficaz para ajudar na redução de medidas. Estudos mostram que voluntários tiveram perda significativa de peso mesmo após anos de tentativas frustradas. Além de fazer as pazes com o espelho, eliminar os quilos extras ajuda a prevenir várias doenças, desde infartos e derrames até alguns tipos de câncer.
O dispositivo, como o próprio nome diz, é um balão de silicone introduzido no estômago por meio de uma endoscopia. Uma vez lá dentro, ele é preenchido com uma solução salina de azul de metileno. Ao ocupar boa parte do órgão, ele diminui a capacidade gástrica pela metade, provocando sensação de saciedade, ou seja, a pessoa sente menos fome.
O balão fica dentro da barriga por até seis meses. Ao longo desse tempo, ocorre uma perda de peso gradual – mas o paciente precisa adotar hábitos saudáveis e fazer uma reeducação alimentar para manter o que foi conquistado. Ou seja, enquanto ajuda a eliminar os quilos extras, ele estimula uma mudança de estilo de vida, com baixo risco de complicações, mostram estudos.
“Uma das vantagens do balão gástrico Silimed é que ele possui a membrana mais fina e a menor válvula de abertura do mercado, o que garante mais conforto ao paciente”, afirma o gastroenterologista Carlos Eduardo Moraes. Ele também tem uma forma anatômica que permite mais suavidade ao colocar e retirar o dispositivo. Além de ajudar quem precisa de um empurrão para ganhar mais saúde e entrar em forma, o balão também é indicado para aqueles obesos mórbidos, com índice de massa corporal (IMC) acima de 40, que estão se preparando para uma cirurgia bariátrica e precisam perder massa.
Em relação às cirurgias, o balão é um método reversível e auxiliar no emagrecimento, e não uma operação. Mas tem resultados limitados, em torno de 20% de perda ao longo de seis meses. Por isso, para casos mais graves, indica-se o procedimento cirúrgico. Mas não basta estar apenas um pouco fora das medidas ideais para lançar mão dessa técnica. O uso do balão gástrico é recomendado para quem tem obesidade graus 1 e 2, ou seja, quando o IMC está entre 30 e 39,9. Ele também não é colocado em mulheres grávidas ou que estão amamentando.
Mais da metade da população brasileira têm excesso de peso. O Brasil também ocupa um triste quinto lugar no ranking dos países com mais pessoas acima do peso no mundo, segundo um estudo recente publicado na revista científica The Lancet.
Como calcular seu IMC
Peso/Altura x altura (metros) = IMC
Resultado: 18,5 – abaixo do peso
Entre 18,6 e 24,9 – peso normal
Entre 25 e 29,9 – sobrepeso
Entre 30 e 34,9 – obesidade grau I
Entre 35 e 39,9 – obesidade grau II
Acima de 40 – obesidade grau III
Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (www.abeso.org.br).