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Governo vai liberar recursos emergenciais para o Museu Nacional no Rio

em Especial
segunda-feira, 03 de setembro de 2018
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Governo vai liberar recursos emergenciais para o Museu Nacional no Rio

O ministro da Educação, Rossieli Soares, afirmou ontem (3) que o governo vai liberar recursos emergenciais para atender o Museu Nacional do Rio de Janeiro, após o incêndio, neste domingo (2), que destruiu o prédio e o acervo da instituição

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Fotos: Fotos: Pilar Olivares/Reuters

Bombeiros trabalham no rescaldo do incêndio que atingiu o Museu Nacional.

Mariana Tokarnia/Agência Brasil

Segundo ele, é necessário que se faça um projeto executivo após avaliar as perdas, para saber exatamente quanto terá de ser empregado para a recuperação do museu. “A prioridade [do governo] é que se coloque o recurso necessário para a recuperação do museu”.

Segundo ele, caso o projeto fique pronto este ano, o recurso poderá ser liberado este ano. “A obra não será rápida, o prédio é histórico, não é refazer de qualquer jeito”, disse, ao ser questionado por jornalistas. O ministro afirmou ainda que não tem uma estimativa de quanto será necessário para a reconstrução.

O ministro disse ainda que há cerca de dez dias encontrou o reitor Roberto Leher, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo museu, justamente para discutir a necessidade de reforma da instituição. “Um dos temas que tratamos era a reforma do museu com recursos angariados e aquilo no que o MEC precisaria atuar. A responsabilidade [do governo] existe, é histórica e nós entendemos que agora é o momento da reconstrução com todo mundo junto”.

Segundo ele, não apenas o museu, mas outros prédio da universidade precisam de cuidados. “A UFRJ é muito peculiar por ocupar muitos prédios históricos”. Perguntado sobre a responsabilidade do MEC pelo que ocorre, uma vez que o Museu Nacional é vinculado à UFRJ, que por sua vez é vinculada ao MEC, o ministro assumiu que a responsabilidade “é nossa, mas não é exclusiva de agora”.

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Fotos: Antonio Lacerda/EFE/ABr

Houve um protesto de indignação e solidariedade após o incêndio.

“Fizemos um trabalho importante com a sanção do Orçamento do MEC sendo melhorado para 2019, o que é um sinal importante, mesmo em tempos difíceis”, afirmou e acrescentou: “Mas a reforma necessária, desde a época que se tinha mais recursos, não foi feita, provavelmente, a reforma necessária”.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que está a disposição da direção do Museu Nacional e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para redirecionar recursos já aprovados para o museu para se somarem aos esforços de reconstrução do prédio, além da restauração do acervo. Na nota, o BNDES se solidariza com e lamenta a tragédia: “Alinhado ao sentimento de perda do conjunto da sociedade brasileira, o BNDES lamenta o trágico incêndio que acometeu neste domingo (2), o Museu Nacional, no Rio de Janeiro”.

Um contrato assinado em junho, durante as comemorações de 200 anos da instituição, previa a destinação de
R$ 21,7 milhões para a terceira fase do plano de investimento de revitalização do Museu (as duas fases anteriores não contaram com recursos do Banco). Segundo a nota, o primeiro desembolso do contrato entre o BNDES, a Associação de Amigos do Museu Nacional e a UFRJ, cujo prazo total de execução seria de 4 anos, estava previsto para outubro deste ano, no valor de R$ 3 milhões.

O apoio do Banco a essa terceira fase previa, inclusive, a elaboração de projeto executivo de combate a incêndio e, por exigência do BNDES, previa também sua efetiva implantação. “Estavam incluídos ainda, no escopo do contrato, a remoção de toda a coleção armazenada em solução inflamável para uma edificação anexa ao prédio histórico, a reestruturação do sistema elétrico e a criação de um fundo patrimonial para garantir a sustentabilidade financeira de longo prazo do museu”.

Bancos integram rede de apoio para reconstruir Museu Nacional
Em resposta ao incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, na noite de domingo (2), o presidente Michel Temer articulou ontem (3) a criação de uma rede de apoio econômico para viabilizar a reconstrução do museu. Formado inicialmente pela Febraban, Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil, Caixa, BNDE, Vale e Petrobras, o grupo deve se empenhar nesse objetivo “no tempo mais breve possível”, segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto.

“Outros participantes poderão ser agregados durante a elaboração do projeto. Os ministérios da Educação e Cultura estudam mecanismos para que as empresas se associem na reconstrução do edifício e na busca pela recomposição do acervo destruído ontem. Uma das primeiras alternativas é usar a Lei Rouanet para financiar a iniciativa”, diz o comunicado (ABr).

Manifestantes dizem que há desprezo com a ciência em protesto no museu

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Fotos: REPRODUÇÃO/ TWITTER

Os manifestantes começaram a chegar pouco depois das 9h, mas foram impedidos de entrar na Quinta da Boa Vista por guardas municipais.

Um protesto de indignação e solidariedade após o incêndio no Museu Nacional no Rio reuniu uma multidão na porta da Quinta da Boa Vista na manhã de ontem (3). Com críticas ao poder público de modo geral e ao governo federal, o ato apontou descaso com a história do Brasil, com a ciência e instituições públicas de ensino e pesquisa. Os manifestantes começaram a chegar pouco depois das 9h, mas foram impedidos de entrar na Quinta da Boa Vista por guardas municipais.

O museu, que foi a residência da Família Real durante o Império, fica dentro do parque e guardava um acervo de história natural considerado o maior da América Latina, além de peças de importância antropológica vindas de diversas partes do mundo. O protesto continuou do lado de fora do portão e houve momentos em que os manifestantes tentaram entrar, quando os portões tinham de ser abertos para a passagem de veículos. Em ao menos um desses momentos, houve uso de spray de pimenta, e o clima ficou tenso.

A servidora e pesquisadora da Fiocruz Márcia Valéria Morosini foi ao ato prestar solidariedade aos funcionários do museu e defendeu que era preciso liberar a entrada, porque o protesto era um gesto de abraço.

“Todos nós, brasileiros, tínhamos que estar aqui. O que se perdeu hoje é muito representativo e é muito simbólico das perdas acumuladas para a ciência do Brasil” , disse ela. “O que perdemos é uma memória do mundo. Nós éramos guardiões de uma parte da memória da humanidade.”

A estudante da UFRJ, Vitória Barbosa, de 18 anos, conta que foi ao protesto se manifestar contra o descaso com a universidade pública no Brasil. O museu é admistrado pela universidade, que teve outros registros de incêndio em prédios importantes nos últimos anos. “Vim protestar tanto pela universidade quanto por todos os espaços públicos de cultura e educação”. O pró-reitor de graduação da UFRJ, Eduardo Serra, negociou com a Guarda Municipal para que os manifestantes pudessem entrar na área da Quinta da Boa Vista. Segundo Serra, a entrada dos manifestantes será liberada depois que o museu for cercado por grades. O que deve ocorrer nas próximas horas.

Os portões da Quinta da Boa Vista foram fechados pelas equipes da Guarda Municipal por medida de segurança, para evitar tumultos e prevenir acidentes. Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil permanecem trabalhando no local, que ainda oferece riscos. Cerca de 400 pessoas, incluindo servidores, estudantes e manifestantes, que já estavam no parque permaneceram no espaço, mas foram sendo orientadas a ficarem afastadas do prédio (ABr).