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Fórmula auxilia médicos a lidarem com pé diabético

em Especial
terça-feira, 03 de novembro de 2015
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Fórmula auxilia médicos a lidarem com pé diabético

Uma fórmula matemática desenvolvida em pesquisa realizada no Instituto de Química (IQ) da USP e no hospital de ensino da Faculdade de Medicina do ABC utiliza dados sobre o estado de pacientes com pé diabético (doença vascular periférica) para apontar qual a forma mais adequada de lidar com a doença

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Problema circulatório pode levar a infecção generalizada e amputação de pernas e pés.

Júlio Bernardes/Agência USP de Notícias

Causado pelo diabetes, o pé diabético é um problema circulatório que provoca úlceras nos pés e pode desencadear infecção generalizada, amputação de pernas e pés e levar à morte. A fórmula não necessita de computador para ser aplicada e pode ser usada pelos médicos para decidir entre o tratamento clínico com terapia fotodinâmica (PDT) ou a amputação.

De acordo com Maurício Baptista, autor da pesquisa, o pé diabético é uma das complicações mais temidas pelos pacientes com diabetes mellitus, sendo a causa mais comum de amputações não traumáticas. “A deficiência na microcirculação periférica do sangue leva a um quadro de neuropatia (problemas nos nervos), facilitando o aparecimento de ulcerações no pé e infecções por micro-organismos”, conta. As infecções podem alcançar o tecido dos ossos e causar osteomielite (inflamação óssea). “Cerca de 80% das amputações de membros inferiores, pernas e pés, são feitas em pacientes diabéticos com a doença. Essas amputações causam significativa redução da mobilidade e piora da qualidade de vida”.

Formula temproarioA pesquisa foi orientada pelo professor João Paulo Tardivo, da FMABC, em Santo André, na Grande São Paulo. Ele idealizou o projeto a partir da experiência adquirida com as respostas dos pacientes ao tratamento. “Ele observou que três parâmetros afetavam de forma mais significativa às chances de amputação, os quais são a classificação de Wagner (que atribui notas de 0 a 5, que correspondem à gravidade da doença; quanto maior a nota, pior o quadro clínico do paciente), os sinais de doença arterial periférica e a localização da úlcera no pé diabético”, relata o pesquisador. “Estes fatores entraram no cálculo da equação que aponta o risco de amputação no pé diabético”.

Devido à dificuldade de se tratar a infecção do pé diabético com antibióticos e para evitar que essa infecção se espalhe pelo organismo, podendo até ser causa de morte, é indicada a abordagem cirúrgica de limpeza dos tecidos doentes. “A amputação de dedos, de pés ou de pernas pode ser necessária, dependendo da gravidade da úlcera e da infecção, mas é uma escolha difícil”, ressalta Baptista. “A partir dessa fórmula fica mais fácil decidir entre o tratamento clínico conservador (PDT) ou a opção cirúrgica”.

A fórmula recebeu o nome de “Algoritmo de Tardivo”, em referência ao professor da FMABC. “O algoritmo é muito simples e não precisa de computador para ser aplicado, podendo auxiliar os médicos em centros de saúde, hospitais e prontos-socorros na escolha entre o tratamento ou a amputação”, destaca o pesquisador. “A fórmula ainda não é utilizada por ser muito recente. Sua aplicação levará algum tempo, pois é necessária a mudança de paradigma entre os médicos”.

pe-diabetico temproarioDe acordo com o pesquisador, a fórmula também é voltada para se indicar tratamento conservador com PDT. “Este também é um tema novo para a grande maioria dos médicos”, afirma. “O trabalho também visa divulgar o máximo possível essa novidade terapêutica, pois beneficiaria muitos pacientes no mundo todo”. A PDT é uma modalidade de tratamento clínica que se baseia no uso de luz, compostos químicos chamados de fotossensibilizadores (que absorvem a luz e geram espécies reativas) e oxigênio para causar a morte celular.

“A luz é convertida em compostos reativos que causam a morte de células-alvos”, explica Baptista. Durante a pesquisa, foi desenvolvido um protocolo que usa a PDT para causar a morte de micro-organismos e permitir a recuperação do tecido infectado no pé diabético. “Além de causar a morte do agente biológico infectante, pode haver também um efeito de estimulação direta do tecido que fica próximo do local tratado no paciente, no entanto isso ainda precisa ser melhor estudado”.

A pesquisa contou com a colaboração do Laboratório de Processos Fotoinduzidos e Interfaces na USP, que conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio de um projeto temático e do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) Redoxoma, sediado no IQ. Os estudos também tiveram a colaboração de professores da FMABC.

 

Câncer de próstata – Novembro Azul

O câncer de próstata é o câncer mais frequente no sexo masculino, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Estatísticas apontam que a cada seis homens, um é portador da doença

prostata temproarioEm primeiro lugar, o que é e pra que serve a próstata? A próstata é uma glândula do aparelho reprodutor masculino, que pesa cerca de 20 gramas, de forma e tamanho semelhantes a uma castanha. Ela localiza-se abaixo da bexiga e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o esperma.

A próstata normalmente começa a crescer de tamanho a partir dos 40 anos. E o câncer de próstata acontece quando as células deste órgão começam a se multiplicar de forma desordenada, isto é, uma mutação de células da próstata.

O câncer de próstata é o câncer mais frequente no sexo masculino, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Estatísticas apontam que a cada seis homens, um é portador da doença. E desses, 1 em cada 34 irá morrer da doença. A estimativa é de que, em 2015, cerca de 68 mil novos casos sejam diagnosticados, isto é, a descoberta de um caso a cada 7,6 minutos. Em 2011, para se ter uma ideia, houve um óbito a cada 40 minutos, por câncer de próstata.

No intuito de aumentar a detecção precoce desse câncer, é realizada a prevenção anual, com o urologista. Os dois principais exames são o PSA (colhido no sangue) e o toque retal. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens a partir de 50 anos procurem seu urologista para iniciar a prevenção para a doença. Aqueles com maior risco da doença (história familiar, raça negra, fumantes, obesos) devem procurar o urologista a partir dos 45 anos.

Você pode pensar: vou esperar ter algum sintoma urinário para depois procurar o médico. Mas aí que mora o perigo! Normalmente o câncer de próstata só causa sintomas quando já está avançado, por isso que a população deve procurar o urologista, mesmo sem sintomas, a partir de certa idade, para a prevenção. Além disso, não é possível evitar o câncer de próstata, mas com um diagnóstico precoce, as chances de cura são de 90%.

Ai vem a dúvida: será que posso só fazer o exame de sangue (PSA) e não fazer o toque retal? Veja bem, até o momento não há um exame que substitua o toque retal, pois nele, o urologista avalia a presença ou não de nódulos (pequenos caroços) na próstata, além de outras alterações da glândula. A dosagem sanguínea do PSA diagnostica a grande maioria dos tumores porém, em torno de 10 a 20% dos casos não são detectados, sendo os mesmos descobertos pelo toque retal. Então o toque retal é um exame importantíssimo!

Mas ainda hoje o toque retal é um “tabu” para alguns homens, mesmo com toda a informação disponível. Perca o medo! O toque retal é um exame rápido, simples, praticamente indolor e que não fere a masculinidade de nenhum homem!

Caso o tumor não seja encontrado no início e já esteja avançado, o paciente pode sentir dificuldade para urinar e levantar várias vezes à noite para ir ao banheiro, dor óssea, queda do estado geral, insuficiência renal. Lembre-se que alguns sintomas descritos acima podem acontecer também somente por um simples aumento benigno da próstata, que ocorre a partir dos 40 anos.

Quanto ao tratamento, de acordo com a fase do tumor e as características do paciente, o médico poderá definir quais as melhores formas de tratamento. Nos estágios iniciais da doença (tumores localizados e localmente avançados) a cirurgia, radioterapia ou até observação monitorada podem ser realizadas. A cirurgia pode ser feita de três formas: aberta, via laparoscópica ou por robótica, sendo as duas últimas abordagens, com incisões menores na pele. Caso a conduta seja por cirurgia, o urologista irá decidir junto com o paciente qual é a melhor para o seu caso.

Então, não só em novembro, mas especialmente neste mês, no qual se orienta sobre o combate ao câncer de próstata, avise o máximo de pessoas possíveis sobre está doença, para que esta idéia se difunda e tenhamos cada vez menos pessoas padecendo deste mal.