Distúrbios na tireoide podem causar ansiedade e depressão
Quando a tireoide funciona mal, o corpo sofre os sinais, que na metade dos casos não são relacionados pelas pessoas como parte de uma doença. Ganho ou perda de peso, agitação ou sonolência, falta de crescimento ou tremores podem ser sintomas de hipo ou hipertireoidismo – baixo ou extremo funcionamento dessa glândula
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No mundo, 300 milhões de pessoas têm disfunção na tireoide e metade não sabe. Cerca de 15% da população sofre com o problema, o que coloca essa doença entre as que mais atingem os brasileiros, principalmente o sexo feminino, de acordo com o censo do IBGE. Outro dado da instituição afirma que cinco milhões de mulheres não sabem que tem algum tipo de disfunção na tireoide por falta de conhecimento dos sintomas.
De acordo com a endocrinologista do HCor (Hospital do Coração), Dra. Laura Frontana, a alteração da tireoide mais frequente é o hipotireoidismo, causado pela diminuição da secreção dos hormônios tireoideanos. Menos frequente, mas muito importante, é o hipertireoidismo, onde ocorre o inverso, com o aumento nos níveis sanguíneos destes hormônios. Quando a glândula não funciona normalmente, o paciente pode apresentar sintomas similares aos da depressão como fadiga, aumento de peso, diminuição do desejo sexual e problemas de concentração.
“No caso do hipotireoidismo, há uma produção insuficiente de hormônios. Tudo passa a funcionar mais lentamente: o coração bate devagar, o intestino prende e o crescimento pode ficar comprometido. Ocorrem também a diminuição da capacidade de memória, cansaço, dores musculares e nas articulações, sonolência, pele seca, ganho de peso, aumento nos níveis de colesterol e, em alguns casos, depressão. Pode haver ainda frio, queda de cabelo e infertilidade”, esclarece Dra. Laura Frontana.
Nessa situação, o organismo tenta “parar” o indivíduo, já que não há “combustível” para gastar. Apesar de ser mais comum acima dos 40 anos, o hipotireoidismo pode ocorrer em todas as fases da vida. Crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos podem ter a doença. “No outro extremo, há o hipertireoidismo, ou seja, a produção excessiva de hormônios. Tudo começa a funcionar rápido demais: o coração dispara, o intestino solta, os olhos ficam saltados, a pessoa fica agitada, fala demais, gesticula muito e dorme pouco, pois se sente com muita energia, mas também muito cansada”, alerta Dra. Frontana.
Tireoide e depressão:
A depressão é uma síndrome psiquiátrica altamente prevalente na população em geral. Especialistas apontam vários fatores envolvendo genética, estresse, mudanças corporais, principalmente cerebrais, que desempenham papel importante no desenvolvimento desta doença. Geralmente ela se apresenta com alterações do humor, cognitivas, físicas e do comportamento.
Podemos notar que em relação à tireoide a reciprocidade entre essa glândula e as emoções, os estados emocionais mais contundentes e o estresse levam ao ativamento do sistema imunológico, que ataca a tireoide causando as alterações hormonais. Entretanto, as alterações da tireoide também levam à alterações emocionais. “Sendo assim, alterações da tireoide junto com alterações psiquiátricas são muito comuns. Por isso a importância em saber reconhecer a doença endocrinológica que, muitas vezes, se manifesta com alterações psiquiátricas”, finaliza Dra. Laura.
Quais as diferenças entre Hipotireoidismo e Hipertireoidismo?
Hipotireoidismo: a glândula trabalha menos do que deveria e atinge 4,6% da população brasileira. Ela provoca: aumento de peso; diminuição da frequência cardíaca; cansaço e sono; intestino preso; falha de memória; perda de cabelo e pele ressacada; e dores musculares.
Hipertireoidismo: a glândula trabalha demais e atinge 1,3% da população brasileira. Ela provoca: perda de peso acentuada; aceleração do ritmo cardíaco; dificuldade para dormir; ansiedade, nervosismo ou irritabilidade; variações no humor; tremores e intolerância ao calor.
A tireoide:
A tireoide é uma pequena estrutura localizada no pescoço que exerce forte influência em todo o corpo. A glândula libera hormônios que controlam o metabolismo com rapidez e eficiência em que as células convertem nutrientes em energia. Com isso, a tireoide interfere no funcionamento de cada célula, tecido e organismo, inclusive no cérebro.
Os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) são essenciais para o desenvolvimento e a manutenção do sistema nervoso central. Quando há diminuição destes hormônios (hipotireoidismo), ocorre uma diminuição da atividade dos neurônios. “A diminuição dessas substâncias pode provocar alteração no sistema nervoso central e periférico causando sonolência, fraqueza, dores de cabeça, síndrome do túnel do carpo, demências e, em casos extremos até coma”, finaliza (Fonte: AI/HCor).
Doença de Alzheimer reduz sensibilidade gustativa
Vários estudos mostram que, com o passar dos anos, as pessoas têm a sensibilidade gustativa em relação ao sal diminuída. Mas o que preocupa a comunidade de saúde é o fato dessa redução da capacidade de sentir os sabores se acentuar em presença de doenças como o Alzheimer
Gabriela Vilas Boas e Rita Stella/Agência USP de Notícias
Para entender a relação da sensibilidade gustativa com a doença de Alzheimer, a nutricionista e pesquisadora Patrícia Contri, do setor de geriatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, estudou cerca de 130 pessoas. Ela comparou diversos parâmetros, como idade, saúde, hábito alimentar, índice de massa corporal (IMC) e sensibilidade gustativa, de 30 adultos entre 30 e 50 anos; 30 idosos sem Alzheimer; 23 em estágio moderado da doença e 37 em estágio leve.
Os resultados mostraram que a doença de Alzheimer está diretamente associada com o prejuízo da sensibilidade gustativa. A percepção do gosto salgado ficou prejudicada desde o estágio inicial da doença. E, com avanço, verificou-se que essas pessoas também sentem menos os gostos doce e amargo.
O paladar pelos sabores básicos – doce, salgado, ácido, amargo – foi observado pela pontuação dada pelos participantes do estudo. Cada um deles recebeu tiras com quatro concentrações diferentes de cada sabor e duas, sem gosto. “A diminuição da sensibilidade gustativa ocorreu em 26% dos idosos com a doença moderada; 8,1%, com a doença leve e 3,3%, sem a doença”, afirma Patrícia.
A nutricionista adianta que, com a idade, a função de identificar os gostos pode ficar prejudicada. Mas esse problema nas pessoas com Alzheimer se agrava com o avanço da doença. E o fato preocupa, pois a dificuldade na identificação dos gostos pode acentuar danos nutricionais nos idosos e agravar indiretamente a saúde.
Desnutrição em idosos
Os resultados desse estudo “podem contribuir para atuação prática do profissional na área da saúde que trabalha com o idoso que tem a doença de Alzheimer”, afirma Patrícia, já que oferece informações importantes para tornar as refeições mais agradáveis e atrativas. Patricia adianta que se deve ter cautela com orientações nutricionais restritivas para evitar possíveis complicações associadas à subnutrição.
Ela alerta também para que a dificuldade em reconhecer o gosto salgado não seja usada de forma isolada como um indicador no diagnóstico clínico da doença na população em geral. “Pode ser utilizado como método complementar para auxiliar a diferenciação de indivíduos com alteração cognitiva, em um contexto clínico. Porém, o mais importante é permitir identificar o momento certo para uma intervenção nutricional precoce, prevenindo a desnutrição nestes idosos”, adverte.
Segundo Patrícia, na literatura, existem poucos trabalhos que avaliaram a sensibilidade gustativa em idosos com a doença de Alzheimer. Os estudos já realizados apresentam limitações como pequeno número de pessoas analisadas e inclusão de indivíduos com mais de uma doença o que afeta o paladar. “Não existem pesquisas com este tema em idosos com a doença de Alzheimer, relacionando a progressão da doença”.
O trabalho Associação da gravidade da demência devido à doença de Alzheimer com o paladar de idosos foi apresentado pela nutricionista Patrícia Contri, em novembro, à FMRP para a obtenção do título de doutorado. A tese foi orientada pelo professor da área Geriatria do Departamento de Clínica Médica da FMRP, Julio Cesar Moriguti.
Doença de Alzheimer
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que cresce mundialmente conforme a população acima dos 65 anos de idade aumenta. Estima-se que o crescimento da incidência da doença dobre a cada 20 anos. Dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) mostram que cerca de 1,2 milhão de brasileiros e de 35,6 milhões ao redor do mundo possuem a doença.
A patologia foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra e neuropatologista alemão, Alois Alzheimer. É caracterizada pela perda das funções cognitivas como: memória, atenção, linguagem e orientação. Não se sabe ao certo as causas da doença, que ainda é incurável. O único tratamento existente melhora os sintomas da doença, não sendo possível evitar sua progressão ou regressão.