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Como promover o uso consciente do celular nas escolas?

em Especial
segunda-feira, 22 de julho de 2024

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Emerson Francisco Santos (*)

A discussão em torno da utilização do celular nas escolas ganhou um novo capítulo nos últimos meses. Isso porque um projeto de lei que visa proibir o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos pelos estudantes nas unidades escolares, tanto em instituições públicas quanto privadas do estado de São Paulo, foi protocolado e está sendo discutido atualmente na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).

O Projeto 293/2024 visa proibir o uso de celulares durante todo o período escolar, incluindo os intervalos, permitindo seu uso apenas para necessidades pedagógicas específicas em conteúdos digitais e ferramentas educacionais, bem como para atender estudantes com deficiências que requerem tecnologias assistivas específicas.

Mas seria essa uma solução adequada para diminuir e controlar o uso constante de smartphones por crianças e adolescentes? Segundo um levantamento do IBGE, em 2022, 84,7% dos adolescentes a partir dos 14 anos possuíam seu próprio celular. Diante desse cenário, a escola pode desempenhar um papel essencial na orientação sobre o uso do celular, um dispositivo que se tornou parte integrante da rotina dos jovens.

A tecnologia oferece acesso a informações e recursos inéditos, e educar os estudantes para usá-la de forma crítica, produtiva e consciente é essencial para o desenvolvimento de uma cidadania digital responsável.

. Como conscientizar sobre o uso do celular nas escolas? – Existem diversas maneiras de integrar os smartphones às atividades escolares. Os professores podem criar trilhas de aprendizagem onde os estudantes resolvem problemas utilizando recursos diversos. O celular pode ser uma ferramenta valiosa para medições, pesquisas, organização de ideias, atividades colaborativas e apresentações. Isso potencializa o desenvolvimento de habilidades de maneira significativa e direcionada.

É possível, ainda, organizar atividades lúdicas, como dinâmicas de perguntas e respostas com Kahoot, e utilizar jogos como Minecraft para ensinar geografia, Scratch para algoritmos em matemática, e Tinkercad para modelagem 3D e robótica. O Microsoft Teams pode ser usado como ferramenta de comunicação e produção colaborativa, permitindo a formação de equipes de trabalho.

Entretanto, estabelecer regras coletivas com a participação dos estudantes sobre quando, onde e como usar o celular, incluindo advertências relacionadas ao uso inadequado, é fundamental. Além disso, o corpo docente deve ser incentivado a promover o bom uso do celular e conscientizar sobre os perigos de sua utilização inapropriada.

. Cuidados a serem tomados – O uso sem fins pedagógicos específicos pode banalizar a ferramenta. Jogos, redes sociais, entre outros aplicativos podem causar distrações, fomentar a busca de respostas prontas ou cópia de trabalhos, e trazer problemas à saúde física devido ao uso prolongado. Além disso, o cyberbullying, embora não exclusivo dos smartphones, é facilitado por eles.

O primeiro desafio, nesse contexto, é monitorar o uso do celular para que não ocorra desvio de foco. Também é preciso enfrentar dificuldades técnicas, como problemas de conectividade e funcionamento dos apps. Nesse sentido, pais e responsáveis devem ser envolvidos no processo, conhecendo as políticas da escola sobre o uso dos aparelhos e participando de canais de comunicação entre a instituição e as famílias. Palestras e workshops podem fornecer informações atualizadas sobre o uso consciente e útil dessa tecnologia nos ambientes de aprendizagem.

O envolvimento das famílias nas políticas escolares, a capacitação do corpo docente e dos familiares sobre as potencialidades dos smartphones e o estabelecimento de regras de maneira democrática, incentivando a adesão voluntária dos estudantes às boas práticas, são passos essenciais para um uso benéfico e responsável do celular nas escolas. Dessa forma, pode-se evitar a necessidade de proibições rígidas, promovendo um ambiente educativo mais inovador e consciente.

(*) – É Coordenador de Tecnologia Educacional da unidade do Rio de Janeiro da Rede de Colégios Santa Marcelina.