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Como a eleição americana afeta o Brasil e o mundo?

em Especial
sexta-feira, 01 de novembro de 2024

As eleições presidenciais dos Estados Unidos estão marcadas para acontecer na próxima terça-feira (5). A disputa, a princípio, foi marcada pela desconfiança da capacidade do atual presidente Joe Biden estar apto para governar o país por mais um mandato do alto dos seus 81 anos. Convencido pelo partido e outras forças da opinião pública americana, o presidente cedeu a vaga na campanha para a atual vice-presidente, Kamala Harris, bem mais jovem: 59 anos.

Agora, aquela que pode ser a primeira presidenta eleita dos EUA disputa a atenção dos eleitores com o ex-presidente Donald Trump, de 78 anos, sempre envolto em escândalos, polêmicas e processos. Segundo o coordenador do curso de Relações Internacionais da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Alcides Peron, as eleições americanas chamam muita atenção da comunidade internacional por um simples motivo: estamos falando de um dos países mais importantes na manutenção da ordem internacional.

“Quem manda nos Estados Unidos pode mudar os rumos, intensificar problemas, modificar ou manter práticas nos sistemas econômico, monetário e financeiro internacionais. Estamos falando da maior potência econômica e militar do planeta”, explica o professor. Outro aspecto relevante é que, quem é eleito nos EUA influencia processos eleitorais no resto do mundo, seja mais liberal, protecionista ou nacionalista; mais à direita ou à esquerda.

Em um cenário de eleição de Donald Trump, o professor de relações internacionais acredita que o Brasil será afetado na questão da colaboração internacional no combate à emergência climática. “O acesso a recursos para o Fundo Amazônico, por exemplo, pode ser travado. Além disso, o candidato afirmou que seu governo fomentará indústrias químicas, farmacêuticas e petrolíferas, setores que possuem muito lobby nos EUA.

Tudo isso pode representar um processo de crise da governança climática internacional, da qual o Brasil é um dos atores importantes”. A eleição de Trump também deve fortalecer no Brasil e outros países as redes de extrema direita, que muitas vezes se amparam e encontram ressonância nas falas do ex-presidente.

Já no caso de a vice-presidente Kamala ser eleita, na visão do professor da FECAP, a relação Brasil e Estados Unidos tem tudo para continuar do mesmo jeito que está. “O pensamento dela ainda é pouco expresso, mas há um alinhamento com o que se pensa e como age o atual presidente Biden em relação à governança climática global. Contudo, Kamala tem sido pressionada pela oposição para gerar empregos e melhorar a economia americana, havendo a possibilidade que ela reveja parcerias comerciais com o Brasil e a União Europeia”, acrescenta.

Para Peron, um aspecto que não deve ser alterado caso qualquer dos candidatos seja eleito é a atuação dos EUA em conflitos internacionais.

“Trump tem falado sobre a retirada país de alguns conflitos, como as guerras da Russia e Ucrânia e conflito de Israel e Palestina, ou sinalizando uma participação menor no conflito, com menor envio de ajuda militar e de dinheiro, deixando a OTAN como responsável pelos gastos.

Kamala sinaliza preferir manter a participação em alguns conflitos. Para ambos, a atuação seria para manter a garantia dos interesses dos EUA no cenário internacional”. Por fim, historicamente, as eleições americanas sempre acrescentam inovação ao processo democrático: foi na disputa Nixon e Kennedy que aconteceu o primeiro debate televisionado e técnicas de marketing passaram a ser inseridos nas campanhas americanas.

Outro exemplo é a campanha do ex-presidente Barack Obama, quando os EUA foram um dos primeiros países a usar redes sociais como ferramentas das campanhas – aspectos que foram absorvidas ou replicadas em eleições posteriores em outros países. – Fonte: FECAP.