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15 motivos para amar/odiar a palavra “kamikaze”

em Especial
terça-feira, 06 de outubro de 2015
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15 motivos para amar/odiar a palavra “kamikaze”

Freddy Charlson/ O blog da aviacao

O avião, esse meio de transporte incrível, tem diversas formas de utilização. Uma delas é a atuação em conflitos bélicos, como na Segunda Guerra Mundial, que acabou há exatos 70 anos. Conflito, aliás, que marcou a criação do termo “kamikaze” (algo como “vento divino”). Kamikazes eram os pilotos que, em defesa da pátria e de suas famílias, se entregavam de corpo e alma na luta contra os Aliados (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Rússia). A primeira atuação oficial dessa turma ocorreu às 10h47 do dia 25 de outubro de 1944, em pleno arquipélago das Filipinas. Foi o primeiro ataque kamikaze de verdade. Cinco aviões Mitsubishi A6M Zero atacaram o porta-aviões norte-americano USS St. Lo, na Ilha de Samar, sem medo de serem felizes. Na verdade, sem medo de morrerem – afinal, eles estavam ali pra isso. Meia hora de bombardeio causou a destruição do navio e o fim de 140 militares norte-americanos. Ok, os japoneses partiam feito loucos rumo à destruição, à glória e à morte. Se morressem, ok, de boa. Setenta anos depois, os pilotos kamikaze fizeram história, que a gente conta aqui, em 15 imagens, da guerra ao parque de diversões, passando pela música e os mangás. Música boa ou ruim, mas música, ora. Mangás incompreensíveis ou não, mas, ainda assim, mangás. Arigatô pela leitura.

1 – Ataques malucos nas Filipinasuntitled temproario

Às 10h47 de 25 de outubro de 1944 ocorreu o primeiro ataque kamikaze. A esquadrilha de cinco Mitsubishi A6M Zero liderada por Yukio Seki, na Ilha de Samar (Filipinas), atingiu o porta-aviões USS St. Lo. O incêndio atingiu o paiol principal e matou 140 soldados. Começava ali o mito dos pilotos kamikaze, o de que fariam tudo, até morrer, para defender as próprias esposas. Nada de pátria ou imperador, que isso é historinha de mangá. E isso mesmo que eles fossem considerados pela religião xintoísta, “espíritos guardiães da pátria”.

2 – Três anos, antes, buuum, Pearl Harbor

11-09-2015-foto-2-pearl-harbor-1 novo temporarioOs ataques suicidas surgiram durante uma crise no Império Japonês. No ataque a Pearl Harbor – em 7 de dezembro de 1941, na ilha de Oahu, no Havaí, e que destruiu 21 navios e 347 aviões, além de matar 2.800 pessoas e ferir 1.200 – os japoneses utilizaram os Mitsubishi A6M Zero, caças que ameaçavam os norte-americanos. Em 1943, porém, a coisa mudou. Os EUA produziram os F6F Hellcat, com tecnologia superior aos caças japoneses. Na Batalha do Mar das Filipinas, por exemplo, em 19 e 20 de junho de 1944, o Império Japonês perdeu 600 aviões. Outros 500 foram perdidos na Batalha de Formosa entre 10 a 20 de outubro de 1944.

3 – A história até virou filme (cuidado, diabéticos!)11-09-2015-foto-3-pearl-harbor-2 novo temporario

E o filme tem mais açúcar do que sangue. Estrelado pelo cara de carranca Ben Affleck e pela belíssima Kate Beckinsale, a trama gira em torno dos soldados yankees que serviam na Base de Pearl Harbor, no Oceano Pacífico, com as enfermeiras do local. O casal vira um triângulo amoroso, mas os japoneses não querem nem saber. Chegam em Pearl Harbor tocando o terror, com direito a explosões, pirotecnia e muito fogo, obra do diretor Michael Bay. Bons pilotos, os americanos conseguem derrubar sete kamikazes. Pouco, perto da destruição que eles causaram. Adeus, Porto da Pérola, no Havaí.

11-09-2015-foto-4-jovens-pilotos temporario4 – “Peçam ajuda aos universitários”

Poucos sabem, mas o grosso entre as fileiras kamikaze era formado por estudantes convocados em universidades. E o império de Hiroito avisava: “Jovens, a decisão de virar kamikaze é voluntária, vamos nessa?”. Bons de briga, os japoneses aguentavam verdadeira tortura durante o treinamento e passavam por uma espécie de “lavagem cerebral” em que aprendiam, na marra, que deveriam servir ao imperador, se sacrificar pela pátria e eliminar o inimigo. Mesmo que isso lhes custasse a própria vida. Ah, e até militares da Marinha e do Exército viraram kamikaze. Nesse caso, nada de voluntariado.

5 – É jovem? Então, morra pelo Japão!11-09-2015-foto-5-cartaz temporario

Pronto, ao virarem kamikazes, eles passavam a engrossar as fileiras da Unidade de Ataque Especial – em japonês, Tokubetsu Kogekitai. Os mais íntimos podem chamar de Tokkotai ou Tokko. A turma da Marinha era a Unidade de Ataque Especial Vento Divino – tipo a Shinpu Tokubetsu Kõgekitai. O nome, simpático à primeira vista, lembra as tempestades que livraram a cara do Japão dos ataques mongois em junho de 1281, liderados pelo imperador Kublai Khan. E eram só os norte-americanos que chamavam os pilotos suicidas japoneses de “kamikaze”. Por fim, o Japão não reconhecia a existência de “prisioneiros de guerra”. Para eles, a captura pelo inimigo era mais temida que a própria morte.

6 – Vento divino e assassino

11-09-2015-foto-6-c3a1lbum-de-herc3b3is novo temporarioSegundo os relatos históricos, mais de 2.500 pilotos japoneses passaram desta para uma melhor nas guerras. Bons de mira, eles causaram a morte de cinco mil soldados aliados (a turma dos Estados Unidos, Inglaterra, França e Rússia), com mais de quatro mil feridos nessa conta. Em relação aos navios afundados, porém, há controvérsias. Bons de marketing, os japoneses disseram que afundaram 81 navios e meteram bala em mais 195. Os Estados Unidos disseram que só tiveram 34 barcos afundados pelos japas e que 368 foram atingidos. A história conta que 47 navios dos Estados Unidos foram afundados – 4.900 marinheiros morreram e 4.800 ficaram feridos.

7 – Hora de destruir porta-aviões, meninos!

11-09-2015-foto-7-vergonha temporarioOs kamikazes não eram bobos, sabiam exatamente o que tinham que fazer. E mesmo os menos espertos recebiam duas lições. Número 1: destruir porta-aviões. Número 2: Nada de fechar os olhinhos apertados durante o mergulho do avião. Vai que erram o alvo e caem na água, tipo o antigo jogo Batalha Naval? E, tipo o preso condenado no dia da execução, eles ganhavam mimos antes do voo fatal, tipo um drinque de saquê. Também escreviam cartas de despedida para a família. Hoje, o governo japonês quer o reconhecimento das cartas pelo Fundo das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no programa “Memória do mundo”. Querem mostrar a crueldade da guerra para o mundo e o que ela pode fazer, como as missões kamikaze. Prevenidos, os pilotos kamikaze ainda carregavam uma espada e um revólver. Vai que o voo não dava em nada? Aí, eles poderiam se matar, kamikazes que eram.

11-09-2015-foto-8-volta-pra-casa temporario8 – Abortar missão, jovens!

Erram aqueles que pensam que os kamikazes não erravam os alvos. Os pilotos acertaram meros 11,6% dos 3,3 mil aviões atacados durante a Segunda Guerra. E 27,5% deles voltaram à base – ou o tempo estava ruim para um ataque ou não acharam os inimigos yankees ou o combustível estava acabando ou se arrependeram, sei lá. Coitados, era voltar e ser humilhado pelos chefes. A partir de julho de 1945 as ações diminuíram e os kamikazes ficaram de boa só esperando uma invasão dos EUA. Não rolou. E, crente que os japoneses só se renderiam com a morte, os norte-americanos mandaram ver. Primeiro, pá!, uma bomba atômica em Hiroshima. Três dias depois, pá, em Nagasaki. Muito triste. E em 15 de agosto de 1945, o imperador Hirohito jogou a toalha e o país se rendeu aos Aliados. Fim.

9 – A guerra acabou; os kamikaze, não

11-09-2015-foto-9-avic3a3o-modelo temporarioEntão, com o fim da Segunda Guerra, o esquema de pilotos kamikaze chegou ao fim. E, com eles, seus aviões sem paraquedas, com as portas cerradas, sem trem de pouso e que detonaria a qualquer contato com o solo. Mas a lenda em torno desses audaciosos defensores da pátria e das próprias mulheres alçou outros voos. O termo Kamikaze passou a ser utilizado indiscriminadamente tanto na indústria pop (literatura, música e cinema), quanto na moda (tênis) e até em parques de diversões, com um brinquedo que até hoje desafia a coragem dos frequentadores. Ah, por fim, criaram um drink com esse nome. Não, não é de matar. É para relaxar. Confira, na sequência, o tanto que os kamikazes fizeram pelo mundo…

10 – O pisante também é de matar

11-09-2015-foto-10-tc3aanis-reebok temporarioKamikaze também dá nome a um tênis bem concorrido e amado pelos jogadores de basquete e rappers. Produzido pela marca Reebok, o Kamikaze foi calçado pelo astro Shawn Kemp do antigo time do Seattle Supersonics, na temporada 1995-1996 da NBA, a meca do basquete mundial. Clássico, o tênis ganhou outra versão e voltou ao mercado em 2013, em tom marinho, feito à base de couro nobuck e com amortecimento Hexalite. O preço? Cem doletas na gringa, algo como 400 reais em lojas brasileiras. Nada mal para quem encarou, nas quadras, astros do naipe de Michael Jordan, Larry Bird e Magic Johnson.

11 – Kamikaze é de comer ou de beber?

É, por incrível que pareça, o kamikaze é de beber. O drink, ainda não muito conhecido, é fácil de fazer e inspirado nos pilotos japoneses da Segunda Guerra (num me diga!). O drink leva 30 ml de Vodka, 30 ml de Cointreau , 30 ml de suco de limão e gelo. Aí, pronto, você faz uma cara blasé, de barman e manda ver. Coloque o gelo no copo, depois jogue os ingredientes na coqueteleira. Mexa, remexa e, pronto!, jogue no copo com o gelo. E adicione uma fatia de limão pra ficar mais bonitinho. Aí, é só tomar.

12 – Até o paraibano Zé Ramalho foi kamikaze11-09-2015-foto-12-zc3a9-ramalho temporario

E o cantor paraibano Zé Ramalho também rendeu-se ao termo, ao compor a música “Kamikaze”. Ela faz parte do álbum “Terceira Lâmina” (1981), terceiro disco da carreira do cantor e que contou com participação de sua prima, Elba Ramalho. E cuja letra diz assim: “Eu nunca que me dediquei/Muito na arte política/Eu nunca pude ser playboy/Nem sequer me adiantar/O tempo em que eu me separei/Numa razão tão mística/Um cavaleiro, nunca um cowboy/Um verdadeiro kamikaze/Um avião destruidor de lares/Um passeio pelos ares/Um megaton de poucas esperanças/Bombas e lembranças/E quando eu de lá voltar/Não sei se poderei ficar/Ali onde beijei você/Deixando tudo pra viver. A canção cita os termos avião, ares, megaton, bombas e viver. Bem a propósito, numa história de dor e amor.

13 – Thiagão e os Kamikaze do Gueto

11-09-2015-foto-13-kamikazes-do-gueto temporarioPois é, Thiagão e os Kamikazes do Gueto é o nome de uma banda que também ousou macular a memória dos pilotos kamikaze. Ela surgiu em Paiçandu, no Paraná, em 2006, Thiago Dodô e Adriano. Eles cantam rap e até agradaram os manos e as minas do estado, com músicas como “Finado tem Mãe” e “Só Monstro”. Ah, porquê o kamikaze no nome? Diz aí, Thiagão: “Fomos kamikazes ao nos arriscar e falar de algumas coisas polêmicas. Até sofremos algumas ameaças”, diz o cantor de gangsta rap, um estilo que mostra a realidade das quebradas.

14 – Terror no parque de diversões11-09-2015-foto-14-brinquedo-kamikaze temporario

Sim, terror no parque de diversões. A maioria dos pequenos parques espalhados Brasil afora tem um brinquedo chamado Kamikaze. Ele consiste de duas torres, com bancos individuais e funciona como um pêndulo enquanto acelera numa volta de 360°. Uma torre (como se fosse um barco) gira para um lado. A outra torre, para o outro, ao mesmo tempo. Ele sobe e desce e o momento de tensão é quando as torres param juntas, no alto, com os clientes de cabeça para baixo. Ou seja, pague para entrar, reze para sair.

15 – Um mangá nada fofinho, para encerrar

11-09-2015-foto-15-mangc3a1 novo temporarioPor fim, claro, criaram um mangá (história em quadrinhos de origem japonesa, que lê-se de trás para frente) chamado Kamikaze. Escrito e desenhado por Satoshi Shiki, o mangá saiu na revista Afternoon (Editora Kodansha), entre 1998 e 2003. Nos Estados Unidos, a tradução dos sete volumes do mangá foi lançada pela editora Tokyopop entre 2006 e 2008. A história é tipo assim: há mil anos, 88 bestas surgiram na Terra, atacando a humanidade. Cinco guerreiros elementais confrontaram as bestas. Elas foram presas e amaldiçoaram os guerreiros do Céu, Vento e Fogo. Aí, seus descendentes poderão libertar as bestas para destruir a humanidade. Tirem as crianças da sala.