Rogerio Vargas () e Manoel Lins Junior (*)
Prestando consultoria para as mais diversas empresas, sejam elas pequenas, médias e até de alto faturamento, globais, uma questão nos têm chamado a atenção: o caso do sócio fazendo o papel de gestor. Um conflito curioso, que pode ser até compreensível em uma companhia menor, sem toda uma estrutura, mas que pode gerar problemas para sua empresa.
Temos visto várias situações de companhias que até têm planejamento estratégico, às vezes crescem sem ter um planejamento tão bem formulado e estruturado, mas, por outro lado, não têm sustentabilidade. O grande desafio para as empresas é como se estruturar para crescer e manter esse crescimento de uma forma sustentável, estável, estruturada para o futuro, como tratamos no Webinar “Como preparar sua empresa para o crescimento sustentável”, disponível no canal da Auddas no YouTube.
Quando fazemos um planejamento estratégico, olhamos para alguns fundamentos: o posicionamento; o modelo; e a estrutura de gestão, ou seja, se o negócio tem todas as estruturas necessárias para que se desenvolva. É importante que o planejamento estratégico dê visibilidade a esses fundamentos dentro da empresa.
Algumas companhias estão mais estruturadas do ponto de vista organizacional, com sócios-gestores, mas muitas vezes, estão desconectadas da estrutura de gestão. Não basta ter sócio-gestor cumprindo seus papéis, mas ele também precisa ter uma boa estrutura de gestão; não basta ter equipes e gestores, mas é preciso que os gestores interajam com as equipes.
E se você não tem um planejamento, você não tem um direcionamento. Se você não tem um direcionamento, ímpetos ocorrem no dia a dia e trazem uma sedução. Você pensa “olha, tem uma oportunidade no mercado, na concorrência, no consumidor”, começa a direcionar o seu negócio e quando vê está mais reagindo do que agindo. E por vezes, você está perdendo sua essência.
Uma forma disso acontecer é quando o sócio, que começou com sua equipe, no dia a dia, está acostumado com um tipo de dinâmica, ele não começa a pensar no próximo ciclo, que é trabalhar mais no aspiracional e trazer um perfil que seja adequado para fazer gestão. Aqui, ressaltamos: o sócio não é gestor, e a grande maioria nunca foi gestor, portanto, não tem o perfil.
Se isso não ficar claro, o sócio começa a se ocupar com questões operacionais e práticas, não está fazendo seu papel. E a empresa começa a perder sua essência. E isso afeta os resultados. Empresas que fizeram um sucesso inicial, têm lá seus sócios, até alguns gestores, em uma fase 1, por assim dizer, mas precisam se estruturar, revisitar o planejamento, olhar a essência, encontrar na estrutura as competências, os perfis adequados para fazer o desenvolvimento.
Essa definição clara dos papéis, das responsabilidades, dessa estrutura montada de maneira que interajam, mas de maneira clara, entre o sócio, o gestor, a equipe, essa interligação desses pilares, de maneira vertical e também horizontal, faz uma grande diferença para o crescimento.
() – É sócio da Auddas e fundador e managing partner da RVR Consultoria; (*) – É Consultor Sênior na Auddas.