362 views 4 mins

Quiet quitting: falta de inclusão no trabalho está por trás deste fenômeno

em Espaço empresarial
quarta-feira, 05 de abril de 2023

Já ouviu falar do termo que vem assombrando as lideranças, o “quiet quitting”? Em português “demissão silenciosa” ou “desistentes silenciosos”, o termo veio para definir a falta de envolvimento, entusiasmo e pertencimento da pessoa em relação ao seu trabalho e do time do qual faz parte.

Muitas dúvidas surgem ao tentar entender o que está por trás desse fenômeno que vem afetando especialmente algumas gerações. Em um artigo da Harvard Business Review publicado em 2022, os professores Anthony Klotz e Mark Bolino explicam o fenômeno e as suas consequências:

“Os desistentes silenciosos continuam cumprindo suas responsabilidades primárias, mas estão menos dispostos a ficar até tarde, chegar cedo ou comparecer a reuniões não obrigatórias”. Já uma pesquisa do Gallup, realizada em junho de 2022, aponta que “desistentes silenciosos” representam 50% da força de trabalho dos Estados Unidos, e um dado importante é que a maioria das pessoas faz parte da Geração Z e Millennials.

Por se tratar de uma prática silenciosa, uma liderança que não acompanha de perto a sua equipe não nota logo de início esses indícios e, quando nota, pode já ser tarde demais. Uma das principais causas que leva a esse tipo de comportamento é a não conformidade com ambientes de trabalho tóxicos e com uma cultura workaholic.

Cris Kerr, especialista em Diversidade e Inclusão e CEO da CKZ Diversidade, conta o que está por trás da prática: “A busca por uma vida mais equilibrada entre a área pessoal e profissional tem se tornado uma questão cada vez mais presente na vida das pessoas, especialmente após a pandemia. Os novos modelos de trabalho, por exemplo, foram um grande estopim para esse movimento que estamos presenciando.

Pessoas trabalhando de 12 a 14 horas porque estavam em suas casas, exigências por mais entregas e um acúmulo de horas extras, além da constante pressão por resultados cada vez maiores já não são mais aceitas e vistas como algo ‘normal’ no trabalho. Outro fator impactante é o sentimento de exclusão e de não pertencimento àquele ambiente”, comenta a especialista.

Uma pesquisa recente realizada pela Reconnect Happiness at Work mostra resultados alarmantes: 50% das pessoas que responderam afirmam que se sentem apáticas em seu atual emprego. O principal motivo listado para essa desmotivação é a baixa remuneração (41%), e logo em seguida a discordância com as atitudes da liderança (22%) e a falta de reconhecimento ou conexão com o propósito da empresa (22%).

Apesar da solução parecer simples e girar em torno apenas de um aumento salarial, Cris Kerr comenta sobre como melhorar solucionar esse cenário: “Proponho que a liderança tenha uma visão holística do ambiente que está criando para sua equipe e entenda que, apesar da remuneração justa ser um fator crucial no engajamento dos profissionais, não é apenas isso que faz com que essas pessoas se mantenham proativas e interessadas no trabalho.

Para se sentirem motivadas, pessoas precisam ser de fato incluídas e terem a consciência que suas individualidades são valorizadas e respeitadas pela liderança e pela equipe. Uma boa pergunta a se fazer é: ‘será que estou criando um ambiente verdadeiramente inclusivo?’ Isso é um fator crucial para que as pessoas queiram doar o melhor de si, para que assim as empresas alcancem os seus objetivos”, aconselha Cris. – Fonte e outras informações: (https://ckzdiversidade.com.br/).