Proposta apresentada pela CCEE foi aprovada pela maior comunidade global do setor elétrico e, agora, país irá coordenar a criação de parâmetros globais para a descarbonização do combustível
O Brasil será o país responsável por liderar um grupo de trabalho global sobre certificação de energia e hidrogênio renovável. A iniciativa, proposta pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, foi aprovada nesta segunda-feira (12), com o consentimento de representantes do setor em todos os continentes, que participaram recentemente do Comitê Internacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica – CIGRE, na França.
“Este é um passo importante para nos posicionar na vanguarda desse novo mercado. Certamente, seremos um dos maiores exportadores do insumo no mundo, atuando como uma peça fundamental para acelerar a transição energética do planeta”, diz Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE.
A Câmara passará a debater, agora em âmbito internacional, quais os atributos que serão considerados para definir o hidrogênio como renovável e quais os critérios mínimos a serem considerados em uma certificação desse produto. O trabalho será realizado junto à integrantes de outros países interessados. A CCEE também irá lançar, ainda neste ano, um modelo simplificado de certificação para atender os projetos brasileiros que já estão em andamento e trabalhará para criar uma versão definitiva até 2023.
“Um dos principais requisitos para que outro país se interesse pelo hidrogênio fabricado no Brasil será, com certeza, a origem limpa da energia elétrica utilizada na sua produção. Será preciso criar mecanismos para garantir que o processo respeitou as exigências do cliente”, explica Ricardo Gedra, Gerente de Análise e Informações ao Mercado da Câmara e um dos responsáveis por levar a proposta ao CIGRE. “A CCEE é a única organização nacional capaz de fazer esse papel, já que registra os contratos de compra e venda de eletricidade e mede, a cada momento, o consumo e a geração em todos os pontos do país”, destaca ele.
Considerado o combustível do futuro, o hidrogênio se apresenta como um negócio bastante promissor para o Brasil. Um estudo da consultoria McKinsey afirma que o segmento deve criar oportunidades de investimentos da ordem de US$ 200 bilhões ao longo de 20 anos no país. O mercado doméstico representa a maior parcela desse novo segmento, com receitas de até US$ 12 bilhões em 2040, impulsionado pelos setores de transporte e siderurgia. Com a vantagem em custo competitivo, a estimativa é que algo em torno de US$ 6 bilhões podem ser originados da exportação, especialmente para Europa e Estados Unidos.