O perfil de remuneração das debêntures mudou após os consecutivos cortes na Selic. De acordo com dados da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os papéis indexados ao DI + spread (variação do CDI no período acrescida de uma taxa prefixada) representam 53% das emissões primárias realizadas até novembro, seguidos por aqueles atrelados apenas à taxa DI, que até então eram predominantes nas ofertas públicas, com 26,7%, e pelos vinculados à variação do IPCA, com 19,4%.
A mudança na forma de remuneração desses títulos privados ficou mais nítida a partir do início do segundo semestre, quando o Banco Central passou a Selic de 6,5% para 6%. Com a redução dos juros para novos pisos históricos, as emissões adicionaram um prêmio ao DI para se adequarem ao novo cenário. Nas simulações feitas pela Associação, um papel que rendia 110% do CDI quando os juros estavam a 14% equivalia a uma taxa
DI + 1,32%. Com os juros a 4,5%, para se chegar ao valor de
DI + 1,32% é necessário que o título renda 130% do CDI.
Mantido o cenário atual, será a primeira vez desde 2015 que as debêntures atreladas ao DI + spread terão representatividade maior do que aquelas remuneradas apenas pelo percentual do DI. No mesmo período do ano passado, por exemplo, essa relação era invertida: os papéis indexados ao DI tinham parcela de 48,3% do total de ofertas, enquanto aqueles atrelados ao DI + spread representavam 33,6% (AI/ANBIMA).