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Pandemia e crise hídrica fizeram inflação estourar meta, diz BC

em Economia
quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

De acordo com o Banco Central, desde o segundo semestre de 2020 a inflação está em alta, afetando a inflação de 2021. Foto: Arquivo/ABr

A pandemia, a elevação do preço global das commodities e a crise hídrica foram responsáveis pela inflação estourar o teto da meta, justificou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Por determinação legal, ele enviou uma carta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao Conselho Monetário Nacional (CMN) justificando a inflação oficial de 10,06% em 2021.

Essa foi a sexta vez, desde a criação do sistema atual de inflação, em que o presidente do BC teve de justificar o descumprimento da meta. “Os principais fatores que levaram a inflação em 2021 a ultrapassar o limite superior de tolerância foram os seguintes:

  • Forte elevação dos preços de bens transacionáveis em moeda local, em especial os preços de commodities;
  • Bandeira de energia elétrica de escassez hídrica;
  • Desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos, e gargalos nas cadeias produtivas globais”, explicou o BC na carta.

Segundo Campos Neto, a grande parte da inflação alta em 2021 foi um fenômeno global impulsionado pela pandemia. A doença afetou fluxos comerciais em todo o planeta, criando gargalos na distribuição de produtos. O fenômeno atingiu não apenas países emergentes, mas também economias avançadas.

“As pressões sobre os preços de commodities e nas cadeias produtivas globais refletem as mudanças no padrão de consumo causadas pela pandemia, com parcela proporcionalmente maior da demanda direcionada para bens”, escreveu Campos Neto. “De fato, a aceleração significativa da inflação em 2021 para níveis superiores às metas foi um fenômeno global, atingindo a maioria dos países avançados e emergentes”, completou.

Na última vez em que o presidente do BC justificou o descumprimento da meta de inflação foi em 2017. Naquele ano, porém, a inflação encerrou abaixo do piso da meta, em 2,95%, contra um limite mínimo de 3% para o IPCA. Na ocasião, o Banco Central era presidido por Ilan Goldfajn, com Henrique Meirelles como ministro da Fazenda.