Daniel Vallejo (*)
Frutos das inúmeras crises dos últimos anos, novos meios de pagamento surgiram aos montes no mundo inteiro e empresas de diferentes portes estão aderindo a esses formatos para garantir as vendas. Contudo, nem todas gozam da agilidade e recursos necessários para acompanhar a inclusão desses novos tipos de transação e isso pode contribuir também para reduzir o potencial econômico de um país.
Mais do que dificuldades na implantação, que requerem integração com suas plataformas próprias e acordos comerciais pontuais, o principal percalço visto hoje no mercado de meios de pagamento é uma solução que permita alta taxa de conversão e a inclusão financeira, isto é, mais clientes podendo comprar produtos e serviços.
Se lembrarmos bem, os grandes desafios da inclusão aos meios de pagamento no Brasil são as altas taxas de juros, processos lentos e burocráticos por parte dos bancos e administradoras de cartão. Existem mais de 200 métodos alternativos de pagamento em todo o mundo e em cada um deles, digamos, cartões de crédito, você tem uma série de opções: Visa, Mastercard e American Express etc. Abarcar todos esses métodos também não é a solução.
Dê aos compradores uma tonelada de opções de pagamento e eles ainda podem abandonar os carrinhos da mesma forma. Como sempre, há um custo de experiência do usuário associado a muitas opções e há, portanto, um meio-termo a ser alcançado. Assim, é preciso a atuação especializada de empresas com foco em resolver problemas ligados ao aumento de conversão de vendas e inclusão financeira digital.
Para além disso, deve haver um movimento de abertura e busca por soluções inovadoras, diferentes das que estiveram disponíveis nas últimas décadas.
Existem muitos exemplos em todo o mundo que ilustram como a inclusão de pagamentos alternativos são propulsores econômicos, como o bKash de Bangladesh, que permite transferências por meio de telefones celulares, estimula o crescimento e impulsiona a inclusão financeira naquele país.
A Suécia e a Coréia do Sul estão cada vez mais longe do uso diário de dinheiro vivo, as transações em moeda física na Suécia, por exemplo, representaram menos de 2% do valor dos pagamentos, isso em 2018. Se levarmos em consideração apenas os mercados americano, europeu e australiano, mesmo o Brasil tendo uma população de early-adopters, ainda estamos alguns estágios atrás na busca por formas de pagamento adequadas, dada a existência recente de empresas com o foco em atuar nesse segmento.
A função das startups, em qualquer segmento, é a de inovar e quebrar o status quo estabelecido, promovendo melhores experiências para seus clientes, resolvendo dores latentes de cada indústria. Isso se reverte em mais negócios, mais empregos e aquecimento econômico. Dado, muitas vezes, por sua especialização e foco, elas promovem mudanças radicais em tempos curtos, ajudando o desenvolvimento de setores inteiros.
Há pouco tempo o ambiente regulatório financeiro no país era bastante complexo. No entanto, nos últimos anos, liderados por um Banco Central bastante liberal e inovador, temos visto nascer muitas empresas de tecnologia focadas no segmento financeiro, resolvendo problemas dos mais diversas tipos: contas digitais, crédito para empresas e meios de pagamento inovadores, como o buy now pay later.
No caso do mercado financeiro, por ainda haver grande concentração bancária, muitas empresas se vêem reféns de grandes bancos e, portanto, ainda resistem a novas soluções. Contudo, vejo um cenário promissor, dado os excelentes resultados apresentados em diversas áreas e empresas com a abertura de áreas de inovação e novos negócios em muitas delas.
(*) – É co-fundador da Addi, líder em Buy Now Pay Later, do Brasil.