A análise trimestral da conjuntura econômica brasileira, divulgada ontem (1º) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta recuperação da atividade econômica. Os pesquisadores revisaram a previsão de queda de 6% para 5% no PIB deste ano, em razão do bom desempenho, melhor do que esperado para o terceiro trimestre. Para 2021, foi mantida a projeção de crescimento de 3,6%.
Apesar do cenário de recuperação, o ano deve fechar com ociosidade elevada na economia. O hiato do produto, que mede o grau de ociosidade, saltou de 4,2% no primeiro trimestre para inéditos 13,9% no terceiro. O penúltimo trimestre também registrou aceleração da inflação. No acumulado de 12 meses, os produtos alimentícios responderam por 70% de toda a variação do IPCA. Isso fez com que a previsão de inflação geral para 2020 fosse revisada de 1,8% para 2,3%. Para 2021, a taxa de inflação estimada pelo Ipea é de 3,3%.
A análise trimestral de conjuntura mostra, ainda, que o conjunto de medidas emergenciais lançado pelo Governo Federal para combater os efeitos da pandemia acarretará forte aumento do déficit e da dívida pública. Os gastos da União em ações relacionadas à Covid-19 no ano de 2020 estão estimados em cerca de R$ 590 bilhões. “É importante que o país saia da pandemia reforçando o compromisso com o equilíbrio fiscal, que é pré-requisito fundamental para a retomada sustentável da nossa economia”, avalia o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do instituto, José Ronaldo Souza Júnior (AIC/Ipea).