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Impulsionado pelo cartão, endividamento atinge a máxima histórica

em Economia
quinta-feira, 31 de março de 2022

A proporção de brasileiros endividados alcançou novo recorde em março. Segundo a pesquisa apurada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer alcançou 77,5% neste mês, a maior proporção já registrada nos 12 anos do levantamento. Há um ano, essa parcela era de 67,3%, 10,3 pontos percentuais abaixo do resultado atual.

Os números apontam a tendência de alta do endividamento, apesar de os juros de mercado estarem mais elevados e encarecerem o crédito. Segundo dados recentes do Banco Central (BC), as taxas de juros médias nas linhas de crédito com recursos livres às pessoas físicas aumentaram de 39,4%, em janeiro de 2021, para 46,3%, em janeiro de 2022.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que o resultado da pesquisa reflete a pressão da inflação nos orçamentos. “Essa inflação alta, persistente e disseminada mantém elevadas as necessidades de crédito para recomposição da renda, fazendo com que as famílias encontrem nos recursos de terceiros uma saída para manutenção do nível de consumo”, observa.

Considerando os tipos de dívida, o cartão de crédito seguiu como destaque absoluto, representando 87,0% do total de famílias endividadas no País. O índice retornou ao maior percentual, com aumento de 0,5 p.p em relação a fevereiro e de 6,7 p.p. na comparação com março de 2021. Diante do cenário, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, avalia que a retomada do consumo pelo grupo de maior poder aquisitivo, ajuda a explicar o maior uso do cartão de crédito por esses consumidores.

“O crédito continuará caro, com a manutenção dos juros altos por mais tempo, em razão do novo choque nos preços aos consumidores. Somando-se à fragilidade apontada no mercado de trabalho, a dinâmica da inadimplência dos consumidores nos próximos meses seguirá sendo negativamente afetada”, afirma Izis (Gecom/CNC).