José Roberto Sevieri (*)
É uma das atividades humanas mais antigas.
Os fenícios, por não terem terra com boa qualidade para a agricultura, eram obrigados a suprir suas necessidades em outras partes. Trocavam madeira, escravos, minérios, metais, vidro e tinta púrpura de tiro em pó para colorir vestimentas por alimentos em grãos e animais.
Excelentes navegadores, carregavam suas prendas para outros povoados, a fim de fazerem os escambos. Utilizavam estruturas com plataformas-balcão muito parecidas com as feiras livres que acontecem nas várias cidades brasileiras até hoje. O conceito da época era a oferta de soluções para os que tinham necessidades. E isso fez deles grandes comerciantes.
Como a dificuldade de comunicação era elevada, estes mesmos fenícios criaram o alfabeto com 22 letras, para auxiliar nas negociações comerciais, o que passou a existir desde então. Uma atividade tão antiga como as feiras comerciais, que ainda têm os mesmos conceitos, deve sobreviver. Claro que as ferramentas mudam, formatos são inovados, as condições ora favorecem, ora dificultam. Mas vão continuar existindo.
Como comprar um carro novo de forma digital? Ver se é confortável? Se o banco acomoda bem? Se alcançamos os pedais? Se enxergamos à frente? Se cabem pessoas no banco traseiro com espaço suficiente? Evidente que o pandemônio criado pela pandemia ajudou muitos setores, mas atrapalhou intensamente outros. Entre eles, o mundo das feiras comerciais.
Hoje, elas estão adormecidas, à espera do momento certo de acordar. E trazer, para toda a sociedade, os grandes benefícios advindos de uma atividade espetacular como esta. Nas feiras comerciais se vende a maior parte do PIB dos produtos produzidos nesta terra tupiniquim, com reflexos positivos para a geração de renda e emprego em toda cadeia industrial e de distribuição. Geram impostos federais, estaduais e municipais, subsidiando programas sociais, educacionais, de segurança e melhoria das cidades.
O pós-guerra na Alemanha exigiu um plano de desenvolvimento industrial rápido, ante a destruição generalizada. A técnica aplicada baseou-se na adoção de feiras comerciais em todas as cidades com vocação industrial. Por meio das suas messe, as empresas municipais de feiras, continuam recebendo atenção especial dos governos, que sabem da importância destas atividades para toda economia alemã.
Madrid deixou de ser uma cidade de “passagem dos turistas” quando descobriu que as feiras poderiam segurar os mesmos na cidade por cinco dias ou mais. Atualmente, é um dos principais destinos do mundo. Paris, com a sua enigmática feira focada em inovações na construção civil, em 1889, apresentou ao mundo as técnicas modernas de construção metálica. Deixou em pé o principal símbolo daquele certame, que é a Torre Eiffel.
Os benefícios das feiras para a sociedade são inegáveis. Os municípios que sediam estes eventos, como grandes beneficiários, poderiam dar uma pequena colaboração. Ou seja: isentar os locais sede do pagamento de IPTU, que é um imposto que acaba punindo esta cadeia de desenvolvimento, que obriga o viajante de negócios vir para o único destino do evento.
Desenvolver negócios é desenvolver uma sociedade. E os brasileiros merecem ter estímulos para saírem desta confusão sanitária melhor do que entraram. Feiras comerciais, adicionalmente, fomentam a cadeia de fornecedores, atingindo positivamente 54 setores.
Avante, prefeitos! Façam a sua parte. A das feiras comerciais já está a caminho.
(*) – É promotor de feiras comerciais, sócio gerente da Proma Feiras e VP da ADVB – Associação Brasileira dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil.