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Economia 20/10/2016

em Economia
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Diretor da Fiesp, economista Paulo Francini.

Indústria paulista fecha trimestre com perda de 29.000 vagas

Diretor da Fiesp, economista Paulo Francini.

O nível de emprego da indústria paulista em setembro recuou 0,51% em relação a agosto, com a perda do equivalente a 11.500 vagas de trabalho

No terceiro trimestre de 2016, a perda acumulada é de 29.000 postos, e no ano, de 86.000. Os dados são da Pesquisa de Nível de Emprego do Estado de São Paulo, realizada pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp e do Ciesp (Depecon).
Paulo Francini, diretor titular do Depecon, explica que o ritmo de queda diminuiu, mas ainda continua a haver cortes. “O que se quer é que não haja demissões.” Francini lembra que a previsão do Depecon é fechar 2016 com o saldo negativo de 165.000 vagas. Somando as 235.000 demissões de 2015, a perda total atingirá 400.000 vagas em dois anos. “É uma tragédia”, diz Francini. “E é uma tragédia que não chegou ao final.”
A perda de postos de trabalho deste ano para o mês de setembro só é menor, na série histórica iniciada em 2006, que a de 2015. Dos 22 setores pesquisados, houve queda do nível de emprego em 13 (59%). Quatro permaneceram estáveis, e cinco apresentaram comportamento positivo. Esta distribuição é diferente da observada no ano de 2015, quando os setores negativos foram 19, os positivos, 2, e 1 apresentou estabilidade.
Não há, explica Francini, nenhum setor que se destaque. A queda acumulada do PIB brasileiro, de cerca de 8% entre 2015 e 2016, é semelhante à que ocorre em países em guerra, diz o diretor do Depecon. “E num país em guerra, quem mais sofre é a sociedade”. Em valores absolutos, o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias foi o que mais demitiu em setembro (saldo negativo de 3.108 vagas).

Recessão avançou no terceiro trimestre

A maior retração foi no setor industrial, que registrou queda e 1,8%.

Segundo o Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica (PIB Mensal), houve queda de 0,7% no movimento dos negócios em agosto, já efetuados os devidos ajustes sazonais, na comparação com o mês anterior. Em comparação com o mesmo mês do ano passado (agosto/15), houve retração de 2,6% na atividade econômica. No acumulado do ano, a atividade econômica brasileira exibiu contração de 4,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com os economistas da Serasa Experian, o recuo mensal de 0,7% em agosto, na sequencia de uma queda de 0,2% ocorrida em julho, aponta que a recessão econômica avança para dentro do terceiro trimestre do ano. Os juros altos e queda do poder de compra da população são alguns dos fatores que justificam a manutenção do quadro recessivo para a economia brasileira.
Pelo lado da oferta agregada, a agropecuária recuou 0,7% em agosto e o setor de serviços caiu 0,3%. Porém a maior retração foi verificada no setor industrial, que registrou queda e 1,8% perante o mês de julho. Já do ponto de vista da demanda agregada, todos os componentes da demanda doméstica recuaram: consumo das famílias (-0,5%); consumo do governo (-0,3%), investimentos (-5,1%) e exportações (-3,2%). As importações também recuaram em agosto: queda de 0,3% frente julho (Serasa Experian).

Volume de serviços cai 4,7%

O volume dos serviços recuou 1,6% de julho para agosto, após crescimento de 0,7% em julho comparativamente a junho, fechando os primeiros oito meses de 2016 com queda acumulada de 4,7%. Os dados foram divulgados ontem (19) pelo IBGE e indicam que, quando a comparação se dá com agosto do ano passado, a queda é ainda maior: de 3,9%. Neste caso, é a maior queda registrada pelo IBGE para os meses de agosto de toda a série histórica iniciada em janeiro de 2012. É também a 17ª taxa negativa consecutiva neste tipo de comparação.
Já a receita nominal do setor, embora também tenha fechado negativa em agosto comparativamente a julho em 0,4%, nos primeiros oito meses do ano o setor acumulou alta de 0,5%, em ambos os casos na série livre de influências sazonais. A queda de 1,6% de julho para agosto no volume dos serviços reflete retrações nas atividades de serviços prestados às famílias (-1,6%); serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,3%); e outros serviços (-1,2%). Já o agregado especial das atividades turísticas apresentou recuo de 0,8%, também na série dessazonalizada (ABr).