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Economia 15/06/2016

em Economia
terça-feira, 14 de junho de 2016

Vendas de imóveis novos tem pior desempenho desde 2004

A conjuntura econômica causa impacto na comercialização e lançamento de novos empreendimentos.

Levantamento divulgado ontem (14) pelo Secovi mostra que foram vendidas na capital, em abril, 1.182 imóveis residenciais novos

Nos primeiros quatro meses do ano, as vendas acumuladas totalizam 4.038 unidades, o menor patamar desde 2004. Nos últimos 12 anos, a média para o período ficou em 7,8 mil imóveis vendidos.
O número de abril representa, no entanto, alta de 10,5% em relação a março, quando foram comercializadas 1.070 unidades. Em comparação com abril do ano passado, o número deste ano representa queda de 46%. Naquele mês foram vendidos 2.185 imóveis residenciais.
De acordo com o Secovi, a conjuntura econômica vem causando impacto na comercialização e o lançamento de novos empreendimentos desde 2014. O sindicato acredita, entretanto, que o governo deve tomar medidas para a contenção dos gastos públicos e outras ações para ajustes econômicos, o que deve devolver a confiança ao mercado e aos consumidores. Os imóveis com preços abaixo de R$ 225 mil representaram 39,7% das vendas em abril (470 unidades, liderando o desempenho no mês). Quanto ao tamanho dos imóveis, as unidades com dois quartos significaram 61,6% das vendas (729 residências).
Desse modo, a entidade espera uma redução da tendência de queda no segundo semestre e uma recuperação do crescimento em 2017. “Com isso, o setor imobiliário poderá iniciar a superação de sua pior crise da história, com recuperação lenta e longa”, diz o vice-presidente de Incorporação do Secovi, Emilio Kallas (ABr).

Comércio: alta das vendas em abril não reverte tendência de queda

Alta temporario

Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a alta de 0,5% observada na comparação mensal nos dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgados pelo IBGE, mostra sinais pontuais de melhora nas vendas no varejo, mas ele alerta que ainda é cedo para falar em reversão da tendência de queda nos dados anuais, tendo em vista o cenário de recessão econômica com inflação elevada e baixa confiança dos empresários e dos consumidores.
“As vendas no varejo têm sido influenciadas negativamente pelo desaquecimento da economia, aumento do desemprego e seu impacto sobre a renda e a confiança do consumidor. Além disso, a inflação ainda acima da meta oficial continua corroendo o poder de compra da população e a taxa de juros em patamar elevado encarece as parcelas das compras financiadas, desestimulando principalmente o consumo de itens de maior valor”, explica o presidente da instituição.
Para Pellizzaro Junior, o brasileiro ainda está reticente quando o assunto é consumo. “Com a confiança do consumidor em baixa e com os bancos e comércio mais criteriosos na concessão de financiamentos, é mais fraca a evolução do crédito na economia. Além disso, o apetite do consumidor para contrair novas dívidas está em desaceleração, uma vez que há grande incerteza no ambiente econômico”, explica.
Segundo o IBGE, as vendas no varejo restrito subiram 0,5% em abril na comparação com março, mas caíram 6,7% frente ao mesmo mês do ano passado. No acumulado deste ano, a retração é de 6,9%.

Aumento das vendas foi circunstancial

Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, o desempenho do varejo nacional em abril, divulgado pelo IBGE, indica o aprofundamento da crise no setor nos quatro primeiros meses do ano. “Apesar da ligeira alta na variação mensal, percebem-se quedas seguidas na comparação com 2015, neste quadrimestre, realçando que o comércio varejista em 2016 está pior do que no ano passado”, diz Burti.
Ele acrescenta que a variação positiva em abril ante março foi menor do que os especialistas previam e, sobretudo, circunstancial. “Março foi uma base de comparação fraca em decorrência do feriado da Páscoa. Com isso, as vendas de abril tiveram mais espaço para crescer sobre o mês anterior. Em outras palavras, o aumento foi meramente circunstancial, provocado pelo efeito-calendário”. Por fim, Burti observa que os índices de confiança indicam leve melhora na percepção do consumidor, o que sinaliza para quedas menores do varejo nos próximos meses.