O cenário vivido pelos mercados, com reflexos na derrubada da bolsa e na alta do dólar, está provocando pânico, mas pode também representar algumas oportunidades para o País. A avaliação é da Confederação Nacional do Comércio (CNC). “Uma consequência das turbulências será um cenário interno com inflação e juros mais baixos, o que deve garantir aumento das vendas do varejo, a despeito das convulsões na economia global”, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros. “O empresário do comércio deverá ter ainda um ano com boas perspectivas nas vendas”.
O chefe da Divisão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas, vê a queda da bolsa como consequência da perda de valor de empresas brasileiras no atual cenário global, como Petrobras e Vale. “Mas o mercado de títulos ainda não caiu. As empresas que têm dinheiro lá fora em títulos ainda não perderam nada. Enquanto ficar somente no mercado de ações, não haverá maiores problemas, mas, se cair o mercado de títulos de crédito, muda bastante este cenário”.
Em relação ao dólar, o economista da CNC vê a subida da moeda americana como positiva. “O governo Bolsonaro está com a política certa: juros baixos e dólar um pouco mais elevado. É o certo, porque, se o País tem juros altos, a dívida pública aumenta”, analisa, observando, no entanto, que os reflexos positivos na economia devem demorar um pouco a serem sentidos.
Para os empresários do comércio, é um cenário que beneficia os setores de bens de consumo não duráveis, menos dependentes das importações. A conjunção de juros em queda e inflação mais baixa facilita as compras a crédito. “As vendas este ano devem aumentar, os juros estão baixos e vão cair mais ainda. A expectativa hoje para o IPCA é de 2% a 2,5%, o petróleo está em queda, e os juros podem cair para a casa dos 3%. Ou seja, para o comerciante, principalmente para o que vende a prazo, é um cenário muito bom”, afirma Thadeu.
De acordo com a CNC, os empresários do comércio devem aproveitar o momento para tentar vender mais. José Roberto Tadros ressalta, no entanto, que a continuação das reformas é essencial para a manutenção de um cenário benigno. “As reformas tributária e administrativa são fundamentais. Sem elas, o Brasil corre o risco de voltar a ter problemas com a dívida e hiperinflação, o pior dos mundos para o comércio” (Gecom/CNC).