O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que ruídos no cenário político têm levado o mercado a aumentar as projeções de inflação do Brasil. “Há muito ruído na parte do funcionamento institucional, a briga entre Poderes”, destacou em palestra virtual do Council of the Americas. Para ele, as
turbulências têm feito com que as perspectivas em relação a situação econômica do país do mercado sejam consideravelmente diferentes das análises técnicas do Banco Central.
“Nós percebemos que a desconexão entre os números que nós vemos no mercado e os números que nós temos internamente é maior do que a de costume”, acrescentou. O último Boletim Focus mostrou que a previsão do mercado para a inflação medida pelo IPCA deste ano subiu de 6,88% para 7,05%. Para 2022, a estimativa de inflação é de 3,90%. A previsão para 2021 está acima da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional, de 3,75% para este ano.
As mudanças anunciadas pelo governo federal no Programa Bolsa Família também ajudaram, na avaliação do presidente do BC, a trazer incertezas para os operadores do mercado. “Quando o governo explicar o que o Bolsa Família vai ser e como vai se pagar por ele, isso vai acabar com algumas incertezas que nós vemos no mercado”, disse, ao informar que serão feitos todos os esforços para manter a inflação dentro das metas.
Para o presidente do BC, o descontrole nos preços, inclusive, é um dos fatores que aumenta a desigualdade social. “Pessoas que têm mais dinheiro estão mais protegidas da inflação das que têm menos dinheiro. Isso cria desigualdade. E o governo, para compensar essa desigualdade tem que gastar mais” (ABr).