A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê alta dos custos de produção do agronegócio em 2023. O próximo ano será de desafios, tanto no ambiente interno quanto no cenário externo. De acordo com a entidade, do lado doméstico, há incertezas sobre o controle das despesas públicas e a condução da política fiscal que devem impactar os custos do setor agropecuário, sobretudo em questões tributárias.
“A taxa Selic deve se manter elevada no próximo ano, acarretando mais custo para o crédito para consumo, custeio e investimento. E o crédito privado deve se consolidar como alternativa para o produtor financiar sua produção nas próximas safras”, avaliou. O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, explicou que a PEC da Transição pode elevar o risco de endividamento do governo, o que levaria à alta da inflação e consequente aumento dos juros.
Ele defendeu essa flexibilização do teto de gastos por um prazo menor e não por quatro anos, como defendia a equipe de transição. Lucchi concorda que é preciso revisar e criar uma nova regra para o teto de gastos. Instituída em 2016, a Emenda Constitucional do Teto de Gastos limita o aumento do orçamento público ao crescimento da inflação do ano anterior.
Já no cenário internacional, as previsões de desaceleração do PIB mundial podem influenciar o comportamento das exportações brasileiras do setor no próximo ano. Também há estimativas de queda de crescimento econômico de alguns dos principais parceiros comerciais do Brasil, além da incerteza na disponibilidade global de grãos e de insumos causados pela guerra da Rússia na Ucrânia.
A estimativa para o próximo ano é de um cenário que varia de estabilidade a um crescimento de até 2,5% para o PIB do agronegócio, em relação a 2022. Segundo a CNA, isso se deve aos elevados custos de produção, que devem permanecer no próximo ano, e da tendência de queda nos preços internacionais das commodities agrícolas (ABr).