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A necessidade de encerrar o monopólio das distribuidoras da Petrobras

em Economia
quinta-feira, 19 de março de 2020

O que de fato chama a atenção é a demora da Petrobras em repassar a nova faixa de preço. Foto: TV Globo/Reprodução

Ernani Reis (*)

Temos acompanhando de perto a guerra de preços do petróleo iniciada pela Arábia Saudita no dia 6 deste mês, após a recusa da Rússia em participar do corte na produção proposta pela Opep e aliados. De lá para cá, o preço do barril de petróleo do tipo brent caiu de US$49 para US$25, acumulando queda de 49% a partir de um momento em que a commodity já estava desvalorizada. Mas o que de fato chama a atenção é a demora da Petrobras em repassar a nova faixa de preço.

Com base na “teoria” defendida pela companhia de esperar a estabilização da atual volatilidade, é possível entender a decisão da petroleira em segurar os preços e já manter por pouco mais de uma semana o prêmio de 70% sobre a gasolina e 15% sobre o diesel, afinal, a demanda pelo combustível está caindo, os preços da commodity despencaram e o dólar já supera os R$ 5.

No entanto, a medida não parece justa com o consumidor, que encara a todo momento o reajuste do preço à paridade internacional em momentos de valorização, mas agora que poderia ter um desconto, precisa aguardar. A situação deixa clara a necessidade de encerrar o monopólio das distribuidoras da Petrobras e incentivar a concorrência, que, neste momento, perde atratividade com um câmbio tão elevado.

Até que isso aconteça, porém, teremos que nos satisfazer com a redução de 12% no preço da gasolina e 7,5% no diesel anunciados hoje pela companhia, desconto que ainda não chegará diretamente à bomba de combustível e, consequentemente, ao bolso dos consumidores, já que os distribuidores ainda devem liquidar os estoques mais caros.

Não se trata, porém, de uma defesa de qualquer intervenção do governo na companhia, como já foi feito em outros mandatos, apenas do destaque de um tema que tem passado despercebido neste momento de pandemia e um lembrete de que, quando existe concorrência, quem sai ganhando é sempre a população.

(*) – É da Capital Research.