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Um Tsunami Chamado Fan Token

em Economia da Criatividade
quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Andrea Carvalho (*)

Existe ainda quem pergunte o que é o Fan Token. De fato, poucas pessoas estão familiarizadas com esta expressão e menos ainda com este produto. O universo de Criptomoedas, Tokens, Bitcoins e afins ainda é um tanto confuso para muitos, e é exatamente neste contexto que está inserido o Fan Token. Sendo assim, começando do começo, vamos entender como o mundo digital está revolucionando a indústria do entretenimento no Brasil e no mundo.

O Fan Token é uma forma que o fã tem de se relacionar diretamente com seus clubes, time e produtos de entretenimento do coração através de votação. O esporte é um celeiro de fãs apaixonados capazes de tudo pelo seu time do coração e por seus ídolos. Este amor e as vezes fanatismo, faz do esporte um mercado gigante para os Tokens. O site mercadobitcoin.com.br define o Fan Token como sendo “a porta de entrada para que os fãs participem do dia a dia do seu clube do coração, assim como das suas decisões mais importantes”. Através do Fan Token o torcedor pode adquirir direito de voto, participar de decisões internas e ter benefícios como ingressos grátis, meet & greet com atletas, experiências VIP e muito mais.

Times e seleções de futebol, equipes de e-sports, esportes automotivos, luta e muitas outras categorias esportivas já se renderam ao Fan Token. Clubes como o Paris Saint-Germain, Atlético de Madrid, Juventus são exemplos no futebol mundial, assim como as seleções da Argentina e de Portugal. No universo dos games, os times Natus, Team Alliance, e OG Sports também já lançaram este produto. A Alfa Romeo Racing, Aston Martin são exemplos no universo automotivo. Estes são apenas alguns dos times e equipes que lançaram Fan Token, entre muitos outros espalhados pelo mundo e no Brasil também.

Por aqui o Atlético Mineiro chegou primeiro a este mercado em junho de 2020, lançando o $GALO. Em seguida Corinthians ($SCCP), Seleção Brasileira (BFT) e o Flamengo já tem a sua moeda digital lançada no mercado. Outros times estão se preparando para este momento que só tem apresentado resultados extremamente positivos com infinitas possibilidades de crescimento.

O Fan Token tem muitos pontos positivos, mas os mais importantes são a rentabilidade/lucratividade, e o poder de engajamento com os fãs. Nos dias de hoje, o que todas as marcas buscam é engajamento e não existe forma melhor de engajar um fã ou torcedor, do que permitir que ele participe das decisões cotidianas do clube e viva este universo intensamente.

Como todo ativo financeiro, as transações com os clientes podem influir diretamente no valor do Fan Token. Desta forma, cada time define a recompensa para seus clientes e fãs, o que trabalhado com criatividade e boa estratégia, tem o poder de fazer o Fan Token cada vez mais atrativo. Quanto maiores, mais exclusivos e diferenciados os benefícios oferecidos, maior é o desejo dos fãs pelo Token. Consequentemente, como acontece no mercado financeiro desde que o mundo é mundo, a lei de oferta e da procura também dita o futuro do Token. Falando sobre oferta e procura, é importante ressaltar que diferentemente da Criptomoeda a oferta do Fan Token tem prazo de venda com início e fim e a oferta é limitada. Como resultado; a valorização da moeda só cresce.

Dizem que o amor move montanhas e adaptando este ditado, é possível afirmar que o amor dos fãs por seus clubes e seus ídolos está movendo rios de dinheiro. Em muitos casos é uma receita extra, e muito necessária, gerada pelos fãs apaixonados ou as vezes por investidores com visão. De toda forma, os resultados no mundo inteiro são muito expressivos e no Brasil não é diferente. O Corinthians lançou o seu Token e conseguiu gerar uma receita de U$ 1,7M (aproximadamente R$ 8.7M) em menos de duas horas. Os Tokens da Seleção Brasileira BFT (Brazilian Football Team) se esgotaram em 30 minutos em uma rodada de pré-venda rendendo R$ 90 milhões. O Flamengo antes de lançar seu Token já tinha uma projeção de rendimento mínimo garantido no valor de U$ 13.5M (aproximadamente R$ 71M)

O Token não é apenas dinheiro em caixa, alguns clubes já usam a rentabilidade do Fan Token como ativo financeiro. A recente negociação para transferência de Lionel Messi para o PSG inclui como parte do salário do atleta participação na rentabilidade dos Fan Tokens do clube. No Brasil, o Botafogo ainda não lançou o seu Fan Token, mas o projeto está acelerado e por isso o mesmo modelo está sendo usado na contratação do lateral Rafael, que também receberá como parte de seu salário um percentual destas vendas.

Segundo Felipe Escudero, analista de Criptomoedas e anfitrião do canal BitNada, “o Fan Token é um nicho crescente. Empresas no Brasil e no mundo estão trabalhando pela tokenização de ativos e de receitas, e no esporte o futebol está se tornando um case de sucesso”. Como tudo que vem do universo digital, não conseguimos prever o caminho exato que o Fan Token vai tomar, mas é possível afirmar sem medo de errar, que estamos assistindo a uma revolução das mais importantes no universo do entretenimento esportivo global. Mais uma vez, estamos sendo atropelados por um tsunami digital que está dominando o esporte mundial e tem tudo para contaminar muitas outras áreas. A nós, nos resta escolher se vamos investir ou apenas observar.

(*) É advogada com Pós Graduação em Direito Empresarial e mestrado internacional em Entertainment Business concluído na Full Sail University na Florida. Com mais de 20 anos atuando na indústria de entretenimento Andrea tem perfil multidisciplinar tendo experiência diferenciada nas áreas negócios, planejamento estratégico, patrocínio, marketing e relacionamento com clientes. @andreacarvalho.me