Em meu último artigo, falei sobre inovação aberta e como as empresas estão buscando cada vez mais essa forma de se manter atualizada, competitiva e de mudar o mindset. Descobri depois que já existe até pós-graduação em inovação aberta. Sinal de que o mercado corporativo está ávido por profissionais especializados, para conduzir e para trabalhar nessa área. Agora vamos falar do combustível que alimenta a inovação aberta: as startups.
Em meio às demissões em massa nas Big Techs e ao quiet quitting, surgem muitos empreendedores. Gente que cansou do ritmo imposto pelas empresas e decidiu fazer “do seu jeito” e gente que saiu do emprego abruptamente, com muitas ideias e vontade de construir algo de valor.
Empreender não é fácil e parece que o momento não é lá muito favorável para se captar recursos de investidores. São muitos os fatores, sobrepostos e acumulativos: as instabilidades econômicas e sociais causadas pela pandemia, com seus reflexos na cadeia de suprimentos mundial, agravadas pela instabilidade política mundial, devido à guerra na Ucrânia e a consequente crise energética na Europa, resultam em inflação e alta nos juros. Os investidores migram seus recursos para investimentos com menor risco, que agora remuneram o capital de forma muito mais atraente e deixam os investimentos de risco em segundo plano.
Apesar desse cenário sombrio e pouco atrativo, o ecossistema empreendedor no Brasil está cada vez mais robusto e crescendo cada vez mais. Um exemplo dessa robustez é o evento chamado CASE – Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo. Em sua 9ª edição, é um dos maiores eventos de startups da América Latina. Nos dias 17 e 18 deste mês, além dos empreendedores, levou ao Transamérica Expo Center, na Zona Sul da Cidade de São Paulo, corporates, investidores anjo, fundos de investimento, agências de fomento, venture builders, aceleradoras e outros agentes do ecossistema de inovação e empreendedorismo. O evento contou com a participação de cerca de 15.000 pessoas, que visitaram a feira de negócios com mais de 150 expositores, assistiram palestras, distribuídas por 7 palcos simultâneos, e participaram de mentorias, tendo a oportunidade de conhecer centenas de projetos de inovação, nas mais diversas áreas de conhecimento e fases de maturidade.
Mas o CASE não é o único evento do setor. Pelo contrário, há muitos outros acontecendo, às vezes até nos mesmos dias. Na semana anterior, aconteceu em São Paulo, a Campus Party Brasil, no Pavilhão de Exposição do Anhembi. Com suas já famosas barracas, hospedou milhares de aficcionados em tecnologia. Sua 14ª edição, trouxe temas como internet das coisas, Blockchain, STEM, eSports e Metaverso, com palestrantes internacionais como Orkut Buyukkokten, e nacionais, como Jaqueline Goes, que coordenou a equipe que sequenciou o genoma do vírus SARS-CoV-2, 48 horas após o primeiro caso de covid-19 no Brasil. A Campus Party Brasil também foi palco para diversos Hackatons e Workshops
As grandes empresas, representadas por suas áreas de inovação aberta estiveram em ambos os eventos, observando tendências, conhecendo os negócios de interesse, divulgando seus programas de aceleração e concursos, para potenciais parceiros ou investidos. Quem lida com inovação aberta deve dedicar um tempo razoável para visitar eventos como esse e conhecer o que está sendo feito, para sair à frente da concorrência.
Não poderia ser diferente: imagine uma startup jovem, em fase de ideação ou de MVP (Minimum Viable Product), com enorme potencial de alavancagem e precisando de apenas algumas orientações e um punhado de recursos financeiros para se firmar e crescer. Você não foi lá, em um evento como esses, conhecer a empresa, porém seu concorrente foi e levou a iniciativa para o portifólio dele. Pode ter sido uma perda enorme, irreparável e que pode custar a própria existência futura da sua empresa. Bem, só há um jeito de evitar: participar, fomentar, apoiar, liderar ou organizar eventos assim, bem como programas de aceleração, concursos, hackatons, festivais e outras formas criativas, para estar em contato próximo constante com o ecossistema de inovação e empreendedorismo.
Mãos à obra. E rápido!
Com graduação em Engenharia, pós-graduações em Marketing e Computação Aplicada à Educação, Mestrado em Educação Matemática e Doutorado em andamento na mesma área, Luis Pacheco tem experiência no mercado financeiro e em empresas digitais, atua como professor no ensino superior, como mentor de startups, como pesquisador e é autor de conteúdo especializado.