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Aprenda business intelligence com Madonna

em Economia da Criatividade
quinta-feira, 21 de outubro de 2021

César Munhoz

Um nome: Madonna. Dependendo da década em que você nasceu, este é um nome que desperta muitas reações diferentes. Para alguns, é uma “popstar dos anos 80”. Para outros, é música para dançar. Há também quem lembre de Madonna como sinônimo de sensualidade e controvérsia. Independente de qual seja a primeira imagem que lhe venha à cabeça, o nome dela é conhecido em praticamente todo o planeta.

Essa onipresença no imaginário popular é resultado de um trabalho minucioso de criação artística, é claro, mas também de inteligência de negócios. Madonna Louise Veronica Ciccone foi a primeira mulher empreendedora a aparecer na capa da Forbes, em 1990. Ela completa 63 anos de idade em 2021 com um net worth de aproximadamente 600 milhões de dólares. Ok, tecnicamente ela não é uma bilionária, mas convenhamos, é um montante invejável, principalmente para uma pessoa que trabalha com arte, um serviço tão difícil de se tangibilizar.

Uma das provas do legado empresarial de Madonna é o fato de que ela é uma das pessoas com mais inclusões no Guinness Book. Escolhi três das dezenas de recordes da artista documentados no livro:

  • Ela conquistou duas vezes o recorde de turnê mais rentável de todos os tempos. A primeira vez foi com a “Confessions Tour” em 2006. Ela quebrou o próprio recorde em 2009 com o show “Sticky and Sweet”, que passou pelo Brasil.
  • Madonna é a artista mais remixada de todos os tempos. É um belo título por si só, mas é também uma fonte considerável de renda, já que parte da renda de um remix autorizado vai para o artista original.
  • São mais de 300 milhões de discos vendidos em toda a carreira.

O impacto dela vai além do entretenimento. A atenção que ela desperta com suas músicas e vídeos gera um efeito dominó em uma série de áreas de negócio que vai da moda à metalurgia necessária para montar os palcos de seus shows.

Business intelligence já era uma skill para Madonna muito antes da palavra virar jargão. Ao contrário de outros popstars que viram suas fortunas descendo pelo ralo (como é o caso do rei do pop Michael Jackson, que tinha uma dívida de aproximadamente 500 milhões de dólares quando faleceu em 2009), Madonna sempre teve como prioridade manter o controle absoluto de seu direcionamento artístico, de suas fontes de renda, de sua imagem e de sua qualidade de vida. Ela usa o dinheiro conquistado com seu talento como musicista e performer para investir em outras áreas. Exemplos:

  • Moda: ela frequentemente faz ações de cobranding internacional com marcas como Gap, Macy’s e H&M;
  • Cosméticos: é dela a marca MDNA, linha de produtos de skincare com grande sucesso entre um público de alto poder aquisitivo;
  • Educação e tecnologia: Madonna é uma das acionárias da novíssima plataforma de educação online Bright;
  • Alimentos: a rainha do pop foi uma das primeiras pessoas a ver potencial global na marca Vita Coco, investindo cerca de 1,5 milhão de dólares em 2010, e recebendo um retorno muito maior quando a marca foi vendida em 2017.
  • Arte: além de fazer sua própria arte, Madonna por muitos anos comandou o selo Maverick Records, que lançou discos de artistas como Alanis Morissette, Lenny Kravitz, Muse e Marilyn Manson.

Madonna fez escola no entretenimento ao apresentar a imagem de uma mulher independente da opinião dos outros, abrindo espaço para powerhouses como Taylor Swift, Beyoncé e Anitta. E por falar da nossa superstar brasileira, Anitta participou do álbum de estúdio mais recente de Madonna, “Madame X” em 2019, que estreou no primeiro lugar do iTunes em mais de 60 países. A turnê do disco revolucionou mais uma vez, ao trazer a estrutura de um megashow para teatros pequenos, com público máximo de 5000 pessoas e pouquíssimas datas. A essa altura do texto, você deve imaginar que sou fã dela. Sim, sou. Cresci ouvindo a música dela, mas também aprendi muito observando a forma como ela administra seus negócios. Seja fã ou não, estudar a carreira de Madonna é estudar a trajetória de uma empreendedora que sabe analisar dados, errar, acertar e fazer tudo isso sob o escrutínio da mídia. Quem sabe um dia Elon Musk chega lá.

César Munhoz é artista, comunicador e produtor de ativos de entretenimento para projetos em 3 continentes. Mestre em Entertainment Business pela Full Sail University, com formação em Jornalismo, Publicidade e Cinema pela UTP, Planejamento de Comunicação Integrada pela FAO, Sound Design pela Escola São Paulo de Economia Criativa, AIMEC e Escuela Sonica Buenos Aires. César apresenta, toda quarta 19h, a live “Arte, Entretenimento e Conexões” nos canais da Full Sail Brazil Community.

www.cesarmunhoz.com