A volatilidade dos preços dos ativos de curto prazo deverá permanecer até que seja definida a equipe econômica do presidente que sairá eleito das urnas, disse o ex-diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Cláudio Mauch, que participou ontem (3), como convidado da autarquia, do seu XIII Seminário Anual de Estabilidade Financeira e Economia Bancária, que acontece na capital paulista.
Para Mauch, é normal os preços dos ativos reagirem positivamente, e as instituições financeiras revisarem suas projeções, neste momento em que as pesquisas confirmam os dois candidatos que vão disputar o segundo turno da eleição presidencial, com relativa vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) sobre o petista Fernando Haddad (PT). Ontem (03), um dia após o Datafolha confirmar a vantagem de Bolsonaro sobre o petista, o Ibovespa chegou a subir mais de 4% durante o pregão e o dólar mostrou forte desvalorização.
Tal comportamento da bolsa e do câmbio é, segundo o ex-diretor do BC, prova da correlação existente entre as pesquisas de intenção de votos do Ibope e do Datafolha, que dão a Jair Bolsonaro vantagem sobre Haddad. Tão logo foram publicados os dados do Datafolha na terça-feira à noite, já tinha instituições financeiras revisando ou indicando que poderiam revisar suas projeções para dólar e juro.
“Eu acho normal o mercado revisar suas projeções (para juro e câmbio) porque ele vai fazendo suas avaliações a cada momento, de acordo com aquilo que potencialmente poderá acontecer nas eleições. Quando começa a chegar perto do momento de definir as eleições, o mercado fica olhando o que pensam os candidatos e o que eles já fizeram”, disse Mauch. De acordo com ele, parece que o mercado está dando o benefício da dúvida ao candidato Jair Bolsonaro.
Segundo Mauch, se o BC já tivesse autonomia, com mandatos que transcendessem os mandatos políticos, com um compromisso de estabilidade da moeda claramente definido em lei e com o devido arcabouço para fazê-lo, claramente as transições políticas seriam mais tranquilas. “As transições políticas é o povo que decide, mas do ponto de vista da estabilidade da moeda e da situação financeira, o BC já teria dado antes” (AE).