Osvaldo Meneghel (*)
No mundo corporativo, durante anos, todos benefícios da tecnologia eram restritos às grandes companhias, que tinham capital para investir em soluções modernas. Ou seja, um movimento de digitalização e digitização – processo de transformar o negócio analógico em digital – que excluía as pequenas e médias empresas, tanto pelas altas cifras envolvidas, quanto pelo modelo comercial dessas ferramentas.
Pensando em um formato tradicional, adotar uma ferramenta tecnológica é um processo caro para um pequeno empresário, uma vez que inclui: compra da licença do software, criação e manutenção de uma estrutura de hardware (servidores e máquinas) para suportar o uso da nova ferramenta e pagamento de taxas de atualizações.
Entretanto, com a popularização da computação em nuvem essa dinâmica mudou e o mercado passou a investir cada vez mais para tornar a tecnologia acessível também para as PMEs. Mas foi com a chegada do modelo SaaS (sigla em inglês para software como serviço) que a democratização da TI ganhou fôlego e está mudando a forma como os empreendedores lidam com a gestão do negócio.
E quando falamos de SaaS, a tendência é seguir crescendo exponencialmente, visto que o faturamento desse setor cresceu 161,7%, em três anos — de US$ 311 milhões, em 2015, para US$ 814 milhões, em 2018, segundo estudo da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes). Esse salto foi impulsionado, em parte, pela demanda das PMEs.
Os números são expressivos, mas ainda tem espaço para o modelo SaaS crescer, justamente porque existe uma parcela grande de empreendedores que (ainda) não estão na Era Digital — dados do Sebrae, de 2019, apontam que cerca de 2,1 milhões de empresas fazem a contabilidade no papel.
Empreender não é uma tarefa fácil, mas manter o empreendimento vivo e financeiramente saudável é ainda mais complexo. Exige disciplina e tempo para cuidar de todos os detalhes da administração. E fazer tudo isso sem o apoio da tecnologia é uma aventura no escuro.
As soluções de TI existem para simplificar a rotina do pequeno empresário e liberá-lo para o que mais importa: a gestão do seu negócio. O controle de fluxo de caixa, por exemplo, com um software na nuvem já é possível controlá-lo sem precisar estar fisicamente no estabelecimento.
Também com a evolução da tecnologia, os empreendedores podem encontrar softwares de gestão financeira acessíveis e de acordo com o tamanho do negócio. Com um baixo investimento, é possível contar com uma solução que ofereça acuracidade e agilidade para auxiliar no controle financeiro.
Outro exemplo é a inteligência artificial, que já auxilia na hora de fazer uma precificação mais inteligente ou ainda dispositivos de Internet of Things (IoT), que aliados ao reconhecimento facial mapeiam o perfil do público que frequenta o estabelecimento. Em resumo, automatizando algumas tarefas, além do ganho em produtividade, o empreendedor tem insumos para pensar na estratégia do business e planejar o futuro.
É possível investir em inovação, sem impactar negativamente nas finanças. Porém, antes de adotar uma nova tecnologia, olhe para a sua operação e pense em todos os processos. Eles estão bem estruturados? Você tem um plano de negócios? Porque a inovação por si só, não faz milagre, mas amparada por uma estratégia organizacional, ela é capaz de conduzir a sua empresa para outro patamar.
A democratização da tecnologia é importante para ajudar as PMEs na sua jornada de transformação digital, mas também é parte do caminho para ajudá-las a ganharem escala, melhorar a sua eficiência operacional e assegurar a continuidade e o sucesso dos negócios.
(*) – É diretor de marketing da Sage Brasil.