Karolyna Borges (*)
A importância do desenvolvimento do capital humano para o mundo dos negócios é indiscutível. Por mais que o e-learning tenha quebrado fronteiras (e as salas de aulas tradicionais) com cursos on-line, workshops e muita multimídia, para muitos, ainda falta um componente-chave para o aprendizado ser, de fato, assimilado ao máximo: relacionamento humano, conexão com pessoas, ou reflexão sobre comportamentos.
Por isso, o caminho até o social learning é inevitável (e, veja bem, não se trata de um método novo). Já consagrado como um dos pilares das pequenas, médias e grandes empresas, sua origem remonta ao período entre os anos de 1960 e 1970, quando os psicólogos Albert Bandura e Richard H. Walters criaram a teoria da aprendizagem social. Isto é, o comportamento humano é desenvolvido pela observação de outras pessoas.
Na prática, o social learning defende que não é apenas o conteúdo das aulas que contribui para a formação das pessoas, mas também a troca de experiências, informações, conhecimentos, dúvidas — ingredientes importantíssimos para que todo o conteúdo seja absorvido de maneira rápida e colaborativa.
Agora, se está se perguntando onde entra o seu negócio nessa jogada, explico: pesquisas mundo afora mostram que boa parte do que se aprende no ambiente de trabalho ocorre por meio da interação com outras pessoas.
Dessa forma, aplicar o social learning como metodologia de aprendizagem pode gerar engajamento e resultados rápidos, pois colaboradores ou especialistas externos mais experientes poderão realizar trocas com outros e, assim, indicar caminhos ou planos que possam gerar reflexões e novos comportamentos.
Para se ter uma ideia, conforme aponta a plataforma Niduu, a Harvard Business School introduziu o social learning em seus cursos on-line e percebeu aumento de 85% em suas conclusões; a Brandon Hall Group realizou uma pesquisa que mostra que 73% dos negócios querem investir no social learning e mais de 60% deles querem que os colaboradores adotem a metodologia em suas rotinas diárias.
A Cisco, ao adotar o social learning, também apresenta aumento de 98% na taxa de adoção da metodologia por parte das equipes, sendo que 80% dos conteúdos de aprendizagem foram realizados de maneira interpessoal; a AMD, por sua vez, economizou mais de US$ 250 mil por ano ao optar pelo social learning em vez dos treinamentos tradicionais.
Não é à toa que 82% das empresas que fazem uso do social learning alegam que pretendem continuar usando essa metodologia no futuro, segundo a Accenture.
Mas como aplicar a aprendizagem social no seu negócio? As empresas podem começar a adotar o método com ações menos complexas no início para que as pessoas estejam preparadas para propagar o conceito dentro da organização.
Nesse sentido, algumas ações podem englobar: uso de fóruns em plataformas de trabalho (recomendado para pequenas empresas), com o intuito de tirar dúvidas ou gerar discussão sobre algum tema importante dentro da companhia. Dessa forma, os colaboradores trazem suas opiniões e experiências sobre determinado assunto, ajudando na resolução de um problema.
A criação de guildas de conhecimento (para pequenas e médias empresas) também é uma boa opção. Trata-se de um grupo de pessoas que têm interesses em comum (de estudo, aprendizado, discussão etc.) e que se juntam para interagir em prol de um objetivo, como, por exemplo, eventos frequentes com a temática das soft skills, ou metodologias ágeis.
Programas de mentorias (recomendado para médias e grandes empresas) são opções que também se destacam no mundo corporativo. A iniciativa vai ao encontro de ações mais completas para o aprendizado em rede, baseadas em experiências de especialistas externos ou colaboradores seniores.
Consiste numa orientação estruturada em que um profissional mais experiente orienta um menos experiente, transmitindo conhecimento com o intuito de provocar insights para agregar ao dia a dia de trabalho. Ainda vale destacar que, em equipes de inovação, aprender com profissionais experientes que já fizeram ou testaram algo por mais tempo faz toda a diferença para que a empresa não desperdice tempo e recursos essenciais para construir soluções.
Portanto, atrelar um programa de inovação interna a um programa de mentoria, por exemplo, aplicando o social learning, pode trazer resultados mais significativos para os colaboradores. Tudo isso não só ajuda na construção de novos projetos de inovação, como também auxilia a desenvolver habilidades rumo a transformações significativas.
(*) – É Sócia, Chefe de Conhecimento e Líder do Jornadas, da Creative Pack (https://www.creativepack.com.br/).