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Prejuízos à vista – A realidade do coronavírus na Economia

em Destaques
sexta-feira, 17 de abril de 2020

Daniel Toledo (*)

Devido a pandemia causada pelo covid-19, muitas companhias aéreas estão cancelando seus voos. Trump decidiu fechar as fronteiras para alguns países, principalmente Europa e China, o que causa uma série de preocupações. A revista Time publicou que se as empresas americanas se desvalorizaram em aproximadamente 12% e as bolsas de valores do mundo todo deixaram de movimentar trilhões de dólares nesses últimos dias.

Entretanto, há uma série de fatos que estão destorcidos e outros que são reais e nesse artigo, vou expor as duas situações. Muitos supermercados americanos, brasileiros, europeus, estão com prateleiras vazias. Isso é verdade? Parcialmente. Quando eu comecei a ouvir essas histórias de produtos em falta, eu fui conferir se era verdade. Fui há três recentemente e nenhum estava sofrendo por desabastecimento, havia alguns produtos em falta.

Então, certamente em alguns lugares esse cenário é verdadeiro, mas não são em todos. Outra notícia que eu recebi, é que em razão disso as pessoas estavam se precavendo e abastecendo seus carros e guardando gasolina em casa para uma eventual necessidade. Também não consigo enxergar isso no meu meio, não vi faltar combustível em nenhum posto. Estive em dois estados diferentes na semana passada, e não havia fila.

Grande parte das escolas, nos Estados Unidos foram fechadas, no Brasil e Europa também e ficarão assim por tempo indeterminado. A intenção é de contenção do vírus em algumas áreas específicas, dificultando que se alastre. As notícias dizem que esse é o pior impacto econômico depois da crise de 2008 no país norte americano. Eu, particularmente, acredito nisso até a página dois. Pois pode sim se tornar um grande problema, quando falamos em bolsa de valores, mas o consumo está muito alto, e de forma exorbitante.

Vocês podem ver isso em locais em que os mercados ficaram sem produtos e com as pessoas abastecendo seus carros e ficando em áreas de pouca movimentação ou dentro de casa. É como se estivéssemos em épocas de furacão, quando a população compra e se resguarda. Não acho que o dono do Walmart está se preocupando com uma eventual falência nessa época, pelo contrário, tenho certeza de que o faturamento está alto.

No Brasil, já foram confirmados bastante casos, é um número alto, mas não tanto pensando em um país com 200 milhões de habitantes. É algo que impacta? Sim. Mas a ponto de você parar a sua vida? Eu acredito que não. É preciso sim ter cuidados com higiene e completamente desnecessário estar em locais cheios como shows, eventos e festas. Mas algumas informações podem ser pirotecnia e impactar negativamente no seu bolso. Vou colocar algumas razões a seguir.

Primeiro, as bolsas de valores do mundo inteiro caíram. Curiosamente, a China comprou muitas ações de empresas americanas, principalmente das que estão em território chinês. Muitas pessoas falaram em teorias da conspiração, por uma série de questões estratégicas que eles vêm trabalhando. Em todo o mundo, os chineses gostam de controlar determinados ramos de atuação, trata-se de uma estratégia comercial e talvez até mesmo política. É difícil acreditar que não houve uma situação, no mínimo, estranha sobre isso.

Um escritório de advogados na Flórida entrou com uma ação coletiva contra o governo chinês alegando que o país sabia da letalidade do vírus e tudo o que poderia ocorrer e mesmo assim não tomou todas as precauções possíveis. Essa ação está protocolada e correndo, esses advogados pedem indenizações para uma série de empresas e pessoas. Outros países podem fazer a mesma coisa e responsabilizar a China pelo vazamento do vírus.

A maiorias dos casos estão no eixo Rio – São Paulo, onde há maior concentração de empresas, de atividades econômicas então é óbvio que, frequentando esses lugares, o risco de contaminação é maior. Mas o número ainda não é algo absurdo e acredito que tem excessos em uma série de questões. Por exemplo, morreram 3 mil pessoas por conta do vírus em um curto espaço de tempo. Mas quantos morrem de fome todos os dias?

Fala-se em 20 mil, eu estava levantando esses dados e de outras doenças. Quantas pessoas morrem no mundo por conta de outras questões que estão fora de controle? Isso não impacta bolsa de valores, tratamentos, não paralisa escolas, faculdades, comércios. Ninguém sai comprando gasolina e mantimentos porque uma pessoa está doente ou com fome na África. Precisa sim controlar, mas com consciência e menos dramatização, pois o desespero e o pânico acabam trazendo uma série de prejuízos.

Agora, sobre o impacto na saúde, o que realmente me preocupa é que os mais afetados são sempre os que possuem menos condições financeiras. Primeiro, porque são aqueles não se alimentam tão bem quanto os mais ricos, então terão déficits no sistema imunológico. O organismo já é mais fragilizado. Por outro lado, você começa a ver que as condições de onde essas pessoas moram não são apropriadas.

Por exemplo, numa favela as casas são coladas umas nas outras, as ruas são estreitas e o convívio é mais próximo, facilitando a contaminação. Geralmente não tem plano de saúde ou acesso à medicação e estão tão preocupadas em trabalhar e conseguir dinheiro que podem confundir o COVID-19 com um resfriado simples.
Na China, embora os centros sejam lindos e espaçosos, a minutos de distância há uma pobreza enorme e chega a parecer que você mudou de planeta, de tão grande que é o choque social.

A maioria das pessoas que morreram não eram diretores e gerentes de grandes empresas, mas pessoas mais velhas, com alguma deficiência no sistema imunológico e com menos capacidades financeiras. Agora, vamos comparar com o sistema de saúde americano. EUA é um polo mundial de tecnologia e medicina, mas tudo é extremamente caro. Eu fiz uma cirurgia no ano passado que custou aproximadamente $ 8.600. Um procedimento de duas horas, razoavelmente simples. Atualmente esse valor em real seria de quase R$ 35.000,00.

Existe um número muito alto de pessoas pedindo falência nos EUA. Eu me perguntava o que levava a isso? Os dados mostram que 70% dos pedidos estão relacionados a uma doença anterior. O que é melhor, morrer ou pedir falência e pagar essa dívida em 30 anos?
Eu acredito que essa doença não vai deixar tantos mortos quanto as pessoas imaginam, mas talvez seja uma doença que vai deixar muitas pessoas falidas, seja por gastar demais com médicos e tratamento, ou porque a economia vai parar e estagnar.

Mas com certeza a doença não é tão agressiva como as pessoas colocam na questão de saúde, mas será no seu bolso daqui a alguns dias.

(*) – É advogado da Toledo e Advogados Associados especializado em direito internacional, consultor de negócios internacionais e palestrante (www.toledoeassociados.com.br).